domingo, 14 de outubro de 2012

Espaço!

- Preciso de espaço!
-Tem-no, tem todo o espaço que tu quiseres, eu não t'o dou porque não se dá o que os outros já têm e sempre o tiveram, ou fazem uso dele ou não!
- Não pode ser todos os dias . . . já sei que me vou arrepender de o ter dito e que mais tarde não vais querer e atirar-me em cara o que eu disse!
O silêncio pode ser assustador, pode causar dúvidas e intrigar.
- Então?
Não dizes nada?
Já sei que ficaste chateada . . . eu também gosto de te ouvir dizer que estavas com saudades! . . . é sinal que precisas hahahahahah
"É sinal que tu precisas . . ." Não me parece uma frase feliz para alguém tão eloquente!
Eu tenho as minhas maneiras de "não precisar. . ." e ainda expressar um enorme AAAAhhhhhhhhhhhh . . .
Mais uma vez, por quem te estás a tomar?
Não estamos juntos todos os dias!
Não nos comemos todos os dias!
Não nos vemos todos os dias!
Estás com quem queres quando queres, falas com quem queres quando queres e estás sozinho quando queres!
Ainda queres espaço?
Ok, usa o que tu tens e aproveita-o bem!
Ah . . . mas usa-o acordado para teres noção de que estás a ter espaço . . . a dormir não se existe na realidade, no espaço ou no tempo, pura e simplesmente não se está, não se goza do espaço que se precisa!
Ainda queres mais espaço?
Usa o que tens e usa-o todo, que eu cá usarei e gozarei o meu . . .

sábado, 13 de outubro de 2012

Boa viagem amigo

O amor que se tem para dar pode trair-nos, pode tornar-nos vulneráveis, pode revoltar-nos.
O amor que temos para dar pode ser tanto, que até mesmo quando temos que escolher e fazemos as nossas escolhas, nos deixa baralhados.
Porque é que as pessoas dão por si tocadas quando as oportunidades fogem?
Porque é que as pessoas mostram que os outros não lhes são indiferentes, quando os outros partiram noutro barco?
Mesmo que naveguem a curta distância, o barco em que estamos é outro, o comandante é outro. Magoa, fragiliza, revolta, porque já é tarde e o comandante do barco em que se navega conquistou a nossa vontade de ser o segundo comandante, o complemento direto, o yin do yang da sua travessia. Vemos o outro barco a navegar sozinho, perto do nosso, com vontade da nossa ocupação, mas  decisões foram tomadas, opções feitas e não se pode navegar dois barcos em simultâneo.

Boa viagem amigo.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Diálogo entre um mim e um algo de mim

Há quanto tempo não escrevo?
- Deixaste os dedos enferrujarem.
- Parece, não parece?
Fui para longe. Fui visitar outras margens, as que nunca imaginei visitar.
- E?
- E deixei-te ficar por lá. A paisagem é bonita, o chão verdejante, o ribeiro corre água límpida e fresca, o meu corpo oxigena.
- Sentes-te revigorada?
- Nem imaginas o quanto!
Pensava que a vida já não existia, que era tudo uma fantasia ou mera obra do acaso.
- Perdeste-te . . .
- Porque haveria de me perder???
Por algum acaso achas que eu me desvirtuava apenas porque fui ali e ali fiquei???
Por quem te julgas???
- Desculpe . . . Desculpe . . . não era meu intento ferir a sua susceptibilidade artística ou criativa!
- Tenho cara de quem nasceu para carpir mágoas em busca do mote da criação???
Porque não te desenganas tu? Oh infeliz, que apenas vê fonte de inspiração nas lágrimas e na depressão fantasiosa!
- Meu Deus! . . . estamos muito agressivas . . .!
Andas feliz, é? Está bem . . .
- És invejosa e infeliz!
Quando encontrares a paz poderemos ter uma longa conversa em que me darás razão em como ser feliz é bom e faz bem!
Vais arrepender-te desse veneno que me envenena há vários anos, que não me deixa provar o gosto da felicidade!
Nunca me tornei mais virtuosa por sofrer!
Fizeste-me buscar o sofrimento para teu belo prazer!!! Fiquei farta!!!!!
Fizeste-me ser estúpida porque " . . . as pessoas que são assim sofrem muito . . .!"!!!
Foda-se para ti!!!
Não produzi nada de útil para o mundo enquanto sofri e muito menos para mim!!!
É importante ser feliz!!!
É muito produtivo ser feliz!!!
Não sou feliz à custa da desgraça alheia, ao contrário de certas e determinadas . . .
Sim, posso ser livre e feliz sem ti. Não me fazes falta nenhuma, aliás, nunca fizeste!
Essa tua má onda deprime-me e não estou a precisar de nenhuma depressão.
Larga-me voodoo!
Irás a bem, se não quiseres ir a mal. Descarto-te com todo o meu prazer. Podes ir. Nem precisas de te despedir de mim. Podes ir sem precisares de e dizer palavra.
Foste!

sábado, 11 de agosto de 2012

O teu mundo . . .

Desafiei a Natureza e consegui o aparente impossível . . . isso ninguém me tira!
Desafiei os deuses e fiz o teu coração bater, fiz-te queres que eu soubesse que estavas ali, mesmo que passasse a 5 metros de distância e nem a cara te ver, nos olhos te olhar, apenas fingir que nem ali estavas . . . mas a tua voz estava ali, mesmo que eu preferisse não ver o que não quero ver, tu estavas ali, pronto para que eu te ouvisse, mesmo que a tua cara eu não quisesse olhar.
Estavas ali, no teu canto do teu mundo que ousei abanar e estremecer. Estavas a salvo da minha carne, da minha pessoa, porque sabias que ali não ousaria entrar, é excessivamente sagrado e eu sou profana.
Não soube o sabor da tua boca, mas conheci a tua vontade de que eu te tocasse, a tua vontade de que eu te desejasse.
Não tiveste coragem de vir até este lado, nesse ato de cobardia disfarçada de subtileza e vontade defendidas atrás do que te defende.
Agora não precisas de lutar para que ninguém saiba ou perceba, que por detrás do que és há mais que o que queres deixar perceber . . . pelo menos aos que não podes dizer que também sentes vontade de alguma coisa diferente . . . do que tão raramente é possível ou quase impossível acontecer.
Sentes a minha falta?
Provavelmente não. O teu mundo é demasiado poderoso para que possas sentir falta do que foge a essas normas. 
Não tens coragem, acobardaste-te porque a tua vida depende desse mundo que eu consegui criar ameaça. . . e que bem que me soube . . . ao menos provoquei alarido, irritei criaturas, obriguei os anciãos a exercer o seu poder e a mostrarem que realmente são mais fortes . . . mas sentiram-se obrigados a agir!
Foste tu que chamaste reforços para me assustar?
Estiveste bem . . . foste eficaz e eficiente . . .
Ficaste aliviado?
Fui, com certeza, a única pessoa na tua vida que tiveste que tomar medidas extremas para te defenderes . . . ou seria muito mais para te defenderes de ti?
Afinal eu não sou, nem estou no teu mundo . . .
Querias que eu percebesse que sou um pequeno passarinho frágil ao pé de titãs?
Sou-o orgulhosamente, um colibri atrevido pelo qual te encantaste a medo de ser descoberto pelo teu mundo.
Sou aquilo que tudo vê, tudo ouve e tudo percebe, finjo é que não vejo, que não ouço e que não percebo . . . no melhor dos casos e para meu bem, estou distraída . . . e para teu bem, assim fingirei estar!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Platónico ou ilusão

Sinto saudades tuas mesmo que não possa ou deva admitir. Eu gosto de ti mesmo que não faça sentido e o mundo não entenda. Mas também não é preciso que o mundo entenda o porquê de tanto sentimento por tão pouco recebido.
Escrevo estas palavras como se estivesse a tocar uma melodia no piano. As emoções que tocariam baladas são as mesmas, iguais às do pianista que vê as notas nas teclas e a música na pauta. O seu cérebro pinta melodias e fábulas na mente, no ecrã da visão, nas névoas que ondulam no seu horizonte mental, no seu mundo secreto onde só ele entra e paira, desliza e mergulha.
De nada serve os racionais e lógicos entenderem a razão pela qual te amo por tão pouco ou quase nada. 
"Isso não faz sentido nenhum . . . não existe nada . . . levas tudo muito a sério!"
"Este mundo não é para platónicos . . . não há nada!
De facto, não há nada que se leia aos olhos de quem não sente, aos olhos de quem nada entende do que seja subtil, aos olhos de quem nada entende do que é sensitivo, que se sente e que não é para todos verem, apenas para os intervenientes.
Eu quero lá saber se é lunático, esquizofrénico, delírio ou ilusão, quimera ou miragem, mas eu sei, tu sabes, ele/ela não sabe, nós sabemos, eles nunca entenderão, vós nunca percebereis, eles/elas nunca o sentirão, porque quem nunca vive ou se ilude, nunca saberá o que não é ilusão!

domingo, 5 de agosto de 2012

Platónico . . .

Platónico, que assim seja ou fosse, o que importa se eu gostava, se me dava vontade de te ver, se me dava vontade de ousar invadir-te. Não começa tudo no platónico, no que imaginamos, porque se sente atraído, porque se gosta dessa atenção, porque apenas estamos a gostar de algo diferente?
"É ilusão, estás iludida, é uma perca de tempo . . . ainda te vais queimar . . ."
Quando se sente o que quer que seja por alguém com as cores do desejo tornamos-nos cegos, néscios, a razão não tem lugar, a audição aos concelhos dos amigos fica entorpecida deixando passar apenas algumas mensagens. O poder das emoções e vontade do corpo cegam a alma.
Sabemos o que queremos sentir, sabemos quem queremos que o faça sentir, o que se vive internamente é demasiado poderoso para que a razão possa espreitar, sejamos crianças, jovens, adultos ou idosos. Neste campo não existe idades, não há classes sociais, opções sexuais, etnias, raças nem credos . . . apenas querer, vindo do mais profundo desejo de se estar com quem nos desperta estes ímpetos, mediados quando a razão começa a conquistar espaço para evitar o pior . . . leve o tempo que levar até o corpo e o espírito ceder à mente.      
Vou sentir falta dessas subtilezas, do ritual platónico, do mar de fantasias para as quais foste alimento, água, complemento.
Mas com um só gesto destruí tudo isso, os gestos que se seguiram fizeram um estrago ainda maior.
A razão chegou e ocupou o lugar para tentar salvar-me da minha imbecilidade. 
Nada posso fazer que não seja viver e deixar viver. Custa tanta destruição massiça, mas nada posso fazer para alterar o passado. Tirei o meu time de campo, fugi porta fora. 
Deixo-te seres quem és, onde queres ser, com quem queres ser sem o incómodo ou estorvo da minha presença.
Nada me serve arrepender, mas a vida continua . . . o que tem que ser muita força e o que tiver que ser assim soará!

Olhos que não vêem . . .

Olhos que não vêem, coração que não sente. . . não quer dizer que não saiba . . .
Tudo é fácil aceitar quando escolhemos que não temos que ver o que não é para ser visto - pelo menos, assim consideramos. Escolhemos aceitar que as coisas são como são, escolhemos mentalizar que nada se pode fazer ao que é o que é. Mas o pior de tudo é o não querermos ver, porque achamos e pensamos que não é necessário, por fuga da realidade, por medo da perda do que nos agrada, nos sabe bem, porque é algo diferente, por atentado ao ego, mas o que é certo é que nos esquecemos que essa realidade pode vir ao nosso encontro a qualquer momento. 
Faz parte da aprendizagem. As palavras que ouvimos podem alertar, mas há coisas que baralham até quem alerta.
Há coisas que eu desconhecia, mesmo com a minha idade, coisas que para uns é mais que óbvio, mas que para outros (eu) a experiência não disse o mesmo sobre o mesmo, até ao dia em que o óbvio para os outros passa a ser a experiência dos incautos. 
Dói, e doeu. Era disso que fugia. Fui cobarde e agi da pior forma possível, quase ofensiva e discriminatória do que eu já tinha aceite em teoria.
As desculpas não se pedem, evitam-se . . . e não vale a pena chorar pelo leite derramado . . .
Seriam aceites e compreendidas as minhas desculpas?
Seria aceite por quem eu magoei?
Choro com tristeza dos meus atos. Fui hipócrita comigo e com quem aceitei ser o que é, porque ainda não aprendi e apreendi o que, nesta altura do campeonato, já devia saber e saber fazer. 
Maneira dura de aprender e apreender o mundo!
A minha dor magoa-me pelo que está por detrás de si, não por causa de quem é o que é.
Se me puderes perdoar e compreender, perdoa-me e compreende-me.
Se me quiseres aceitar sendo como sou, aceita-me como sou.
Não te quero mudar, não posso, não o devo pretender. Talvez humildar-me um pouco mais, para meu bem, seria uma boa forma de te deixar seres o que és e quem és, no meio onde estás e como te sentes bem. Afinal quem surgiu, invadiu e se impôs fui eu, tu já aí estavas! 



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

E porque gosto de ti . . .

Já disse e repito, não suporto a falta de bom carácter, não me diz nada as atitudes que alimentam aparências, não me enriquece a mente, o espírito e muito menos a carteira . . . é vazio!
Nada posso fazer para mudar o que já era antes de eu ver ser, ou perceber que é, ou até mesmo que não queira acreditar, mas que irremediavelmente é.
Confunde-se o que parece com o que queremos que seja e apenas vemos o que queremos. O que queremos que seja torna-se real, crua e cinicamente real. As peças encaixam, tudo faz sentido, até que tudo o que quisemos ignorar esbarra-se na nossa cara da forma mais gélida, indiferente, seca, distante. Implodimos silenciosamente, mantemos a pose, como se nada fosse e seguimos de cabeça erguida, porque o que somos aqui, somos ali, dentro das quatro paredes ou em campo aberto, com quem costumamos ser, estar, ver, falar, nem que seja para dizer "Bom dia. Está bem disposto hoje?" 
Tudo tem uma razão de ser, um bem maior, uma alegria suprema, a passagem de uma palavra da boca de alguém para a boca de outrem, que por sua vez passa a palavra a mais alguém. Tudo tem o seu haver que ser.
Eu não me dou a quem não dá e só dou o que recebo, seja pobre ou rico, seja fino ou fatelas, seja alto ou seja baixo, seja gordo ou seja magro, tenha olhos castanhos, verdes, azuis, cor de mel, mesclados, seja definido ou indeciso, seja que raça for, credo ou profissão, não esquecendo o parentesco, mas só me dou a quem me dá, só me entrego a quem a mim se quer entregar. 
Eu assumo, gosto de ti, seja isso certo ou errado, sejas a melhor pessoa do mundo ou um cobarde e vil mal disfarçado, seja perda de tempo ou disparate. Platónico ou realidade conquistaste este meu mundo em profundidade.
És mais rio que corre até um dia secar, nova chuva cair e novo rio se criar. Deixarás a marca do teu percurso, mas as poeiras que o vento arrasta logo, logo apagarão a tua existência. Sementes de plantas belas e perfumadas ocuparão esse lugar, de novo o ar amanhecerá perfumado e onde um dia foi um rio que secou, será o mais belo jardim inexplorado!


sábado, 14 de julho de 2012

Porque estavas lá

É realmente difícil não te ver todos os dias, não olhar o castanho dos teus olhos, não ver o grisalho dos teus cabelos.
A tua distância que grita: "deixa-te estar onde estás, porque eu preciso da tua presença perto de mim". As subtilezas muitas vezes enchem-se de óbvio e sentes-te na tua praia. És tu mesmo quando ninguém te vê, quando te sentes no teu mundo, o mundo onde entro de vez em quando para te ver sorrir, para ver a doçura do teu olhar, o nervoso na voz de quem não sabe bem o que dizer, que não seja: "quero-te".
Estás longe mas estás tão perto, diria mais, dentro de mim, todos os dias. Quando a mente descansa, descansa em ti.
Quantas passam e deixam o rasto de desejo e sedução irresistível a qualquer um? 2, 3, 4, 10? . . . o que importa?
Eu sou a única especial, porque arranco de ti o sorriso genuíno!
Eu sou a única que é o que é e não esconde. Apenas o nervoso se esconde atrás da extroversão e humor, pouco disfarçando a alegria incontrolável de te ver.
As fantasias, mais que muitas, são o meu refúgio das horas vazias, dos momentos do Sol posto, do regresso a casa, embalam-me antes de me encontrar com o sono e me enroscar nele.
No dia seguinte sei que estarás lá ou estarás para chegar lá, porque lá é parte da história, que só começou porque te descobri . . . lá.
O tempo passou e percurso mudará, porque assim deve ser, mas e se . . .
"E se . . . Será que . . . e agora?". Deixou de ser importante. Tudo o que vem após o "e se . . ." é possível, assim reza esta história e tudo o que há de vir.











terça-feira, 12 de junho de 2012

Fragmentos do passado

Não é fácil olhar para trás. Vemos os mesmos personagens que participaram num filme que desejamos não ter acontecido, porque não se deseja lembrar que se fez alguém passar por situações humilhantes.
Alguém vai a um local porque outro alguém convidou, levando um amigo, já para as eventualidades de ficar de pendura.
A noite está desastrosa, demasiadas presenças, algumas demasiado desejadas, outras mal esquecidas de um passado, na altura, recente, outras que não faziam falta estar no mesmo espaço.
Fazer alguém passar por indesejado ou a mais é duro se esse alguém não tiver outro alguém com quem tilintar os copos de cerveja ou whisky nos brindes ocasionais.
Faz mal ver o constrangimento de quem vê que perdeu tempo, mesmo que seja muito hábil no meio da multidão.
A noite acabou, após vários círculos percorridos no local, mergulhos nas melodias que fazem o corpo soltar-se  nos ritmos quase frenéticos provocando estados de sedução. 
Confirmações e desilusões, surpresas e muito zunido nos ouvidos deixam para trás o reboliço. Não menos desiludido e surpreso, desapareceu o personagem convidado que aguardava mais atenção e quem sabe alguma emoção, afinal foi ludibriado nela. 
Estas são algumas das memórias de quem em fragmentos do passado procurou alguma coisa no local errado, com as pessoas erradas e nos momentos menos indicados. 
Aqui fica-se a saber o quanto a noite pode ser relativa. Por vezes deixa-nos sós para nosso bem, esconde tudo o resto e apenas temos contacto com aparências de algumas formas, vultos que desaparecem como vampiros que fogem dos primeiros raios de Sol, para deixar-nos seguir o que falta da aventura, porque ela não termina aqui e ainda não mostrou tudo o que quer mostrar.

 

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Verdades . . . o que hoje é, amanhã foi e um dia era

Há coisas ou fenómenos estranhos, sem explicação aparente, sem motivo que se entenda, sem um porquê lógico, mas parece que uma contradição,ou contrariedade, que ganha força à medida que a nossa força de vontade de ser aumenta.
"Escreves coisas que não deves!"
Mas o que é que se deve escrever?
Mas o que é que se pode escrever?
A quem tenho eu de agradar ou não provocar?
Mas em que mundo vivo eu?
Mas eu sou alguém que ameace a vida de quem quer que seja?
O quê, dizer aquilo que está à vista de todas as pessoas e que todas elas falam pelas suas palavras, pelas suas bocas, está proibido?
Vou prejudicar a minha vida apenas porque sou contra o que quer que seja que eu esteja contra e discordante com quem me recuse a concordar?
Eu sei que o tempo da PIDE nunca morreu, apenas mudaram de roupa e estratégias . . . afinal os mandantes precisam de pessoas livres que possam votar, ou estaríamos todos atrás das grades, uns por terem cometido crimes outros por discordância com os não menos criminosos ou controversos.
É assim que se vive. Não sabemos quem são os nossos conhecidos, aqueles que poucas palavras usam para se expressar, aqueles que apenas com um sorriso nos respondem, com ar aquele ar típico de quem sabe tudo e esconde ainda mais. Estas subtilezas são mais escancaradas que a descrição do sorriso, olhar ou gesto.
Tudo se resume a muito pouco. Tudo o que vale a pena é muito pouco comparando àquilo que a propaganda quer fazer acreditar, porque muitos de nós estamos muito vazios e o vazio compra!
Por tudo isto, mas não só, nunca me cansarei de dizer a verdade deste tempo, mesmo que muitas mais verdades tenha eu ainda que aprender, porque o que hoje é, amanhã foi e um dia era.

domingo, 10 de junho de 2012

Produto interno bruto do que se sente

Passou algum tempo desde a última vez que te vi, desde a última vez que falámos, desde a última mentira que dissemos um ao outro, "(...) quem chegar primeiro ao telefone liga."
Ao menos somos bons em alguma coisa . . . a mentir. 
Finge-se que se acredita, quando já nem nos damos ao trabalho para nos enganarmos a nós mesmos. É o produto interno bruto do que se sente, puro e cru do que deixa de ser verdade ou que nunca existiu.
A intensidade morre, a vontade desmorona-se lentamente, dando lugar a outras vontades, a confusão instala-se e as conclusões clarificam a realidade.
O ego debate-se com o que não quer ver, mas afinal também não vibrava na sua totalidade, não o querendo ver ou aceitar. Queria apenas uma parte, mesmo que soubesse que é indissociável de tudo o resto, que dispensaria tranquilamente. Apreciar-te-ia sem o beijo.
O beijo fala o que as palavras não pronunciam, os lábios segredam-se nos seus encontros, coisas que só os corpos em uníssono entendem e que nenhum dicionário ou livro explica. O beijo é como que um puzzle, em que as bocas são as peças que se encaixam ou não. As nossas bocas eram peças de puzzles diferentes e não estivemos  plenamente em uníssono.
"Tu és teimosa, eu sou teimoso . . .", foram algumas das verdades que conseguiste dizer, num entretanto qualquer, mesmo que isso quisesse dizer, "Não estou para me dar ao trabalho de te procurar. Tenho mais que fazer. Estou com a mente ocupada com coisas importantes e tu és divertimento, és apenas o alimento que o meu ego meteu  numa lata de conserva e bem guardada  na dispensa da minha mente".
Lamento informar, mas parece que estás com um problema de descompensação e profunda. Demiti-me desse cargo e tu foste o único que não percebeu!
Onde está essa perspicácia? 
Ou estás a fazer maêutica?  
Se alcançaste o que querias, dou-te os meus parabéns. Conseguiste.
São estas as magnânimes proezas de quem é excelso na capacidade de não estar ou de não ser, na sua inquietude e irreverência, forjadas ao longo de muitos anos de ego insuflado por quem quer ser reconhecido ou apreciado. Haja quem te reconheça o mérito!
Continuo a pensar o que pensei da primeira vez que te avaliei, e não mudei de opinião apenas porque descobri em ti formas que não foram moldadas para as minhas. 
Estarei onde sempre estive, do outro lado do ecrã, do outro lado das palavras, onde quer que eu esteja.


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Escolhas difíceis

Há momentos em que fazer escolhas difíceis, mesmo que sejam as que menos desejamos, mesmo que nos partam o coração por breves momentos, são o caminho para aliviar dores muito profundas. Mesmo que tenhamos que magoar as pessoas que menos queremos magoar, mas sendo essas mesmas a causa das escolhas, não podemos permitir que façam de nós o saco de tudo, toda a vida.
Não podemos julgar eternas todas as pessoas que nos rodeiam, em especial as que partilham alguma gota de sangue.
Sugar a energia de alguém, mesmo que este  alguém não tenha culpa de ser como é e sofrer do que sofre, é destruidor, é massacrante. 
Quando como que um Adamastor, um monstro invisível assume a personalidade e se deixa de perceber se quem se expressa é o invasor acordado ou a pessoa, o mundo desmorona, perguntamos aos Céus PORQUÊ??? e ficamos à espera que a o drama passe, porque já não aguentamos mais, mesmo que mantenhamos a distância física e temporal mínima necessária para salvaguardar algum equilíbrio. 
Não existem palavras para descrever o que se sofre quando não se pode cortar o cordão umbilical na totalidade, e quando se perdeu a capacidade de gerir as emoções perante esse progenitor.
Há algum tempo decisões tiveram que ser tomadas, para poder salvar alguma coisa de mim que ainda se aproveite, porque as forças se esgotaram. 
É fácil criticar quando se está de fora, quando as coisas são vistas apenas numa prespetiva e quando os laços criados não contemplam a história de sofrimento de uma família destruída e só se olha um indivíduo abandonado à sua sorte.
Chantagem emocional, raiva, vingança, ódio, ira quando o não tem que ser dito e nunca aceite.
Sinto muita pena, mas já não sei com o que lido, se com a pessoa, se com o monstro, se a pessoa já se tornou um monstro.
Ainda não me convenci de que tudo se tornará pior, continuo sempre à espera que se concretize a minha ilusão de que a qualquer momento surge um milagre, que esse monstro desaparecerá e deixará o corpo de quem um dia me colocou em braços no céu, me protegeu dos meus inimigos e me contou histórias inventadas, que eu não achava graça e que tentava corrigir para que tivessem algum princípio meio e fim, mas que ao menos eram de quem hoje já não reconheço.

Estava com saudades tuas


Estava com saudades tuas. Há muito tempo que não te via, quase morri de saudades de te ter comigo.
Não estive aqui e tu lembraste-te de não estar e deixar a minha cabeça às avessas.
Não esperava que me dissesses alguma coisa, seria um verdadeiro milagre dizeres algo, "hei!!!. .  .Porque me abandonaste em mãos alheias a nós?
Não sabes que eu só existo se existires?
Não tens vergonha de me deixares nu, entregue a tudo a que sou susceptível e frágil?
Achas interessante ausentares-te e deixares-te ao abandono?"
- Bem podias ser mais subtil e dizer ao menos um até já, mas não, era fraqueza demais expores os teus verdadeiros sentimentos face a estares longe de mim. É de valor . . .
Mas vá lá tiveste a coragem de voltar sedenta de mim, de me tocares e impregnares do teu cheiro que é só meu e que nunca deixou de me pertencer!
Sabe bem ter-te de volta, sentir os teus dedos sobre mim e acariciando-me como nunca me acariciaste.
Agora percebes quanta falta te faço e o quanto precisas de mim para te sentires viva, e finalmente sei que serás para sempre minha e eu teu, inseparavelmente teu.
Ok. Assumo a minha fraqueza, porque não consigo dizer adeus ou o que quer que seja que inspire despedida, mesmo que seja apenas pelo tempo necessário ou até curto.
Já me afastei de ti algumas vezes, mas desta teve mais significado. Tanta coisa que te quis dizer e deixar entregue a ti e só a ti, mas não podia, estava longe e tu longe estavas, mas presumo que está tudo na mesma tal como deixámos, ou algo melhorou?
As subtilezas vêem-se nos pormenores, que irás descobrindo quando me tocares, enquanto te questionas sobre as suas existências. Mas estou melhor, a teu gosto. Afinal já estavas farta das minhas falhas e imperfeições, das minhas dificuldades em atingires o que querias. Sem dúvida, estou melhor. Experimenta-me e prova do que desejas.
É realmente difícil estar longe de ti meu fiel companheiro. Sabes muito de mim, mesmo que eu ainda não tenha dito tudo, não é fácil.
De que temes?
- Mais que o que eu gostava de temer.
Partilha quando o teu mundo disser que sim, quando a tua alma nada mais temer sobre o que me possas querer contar. 
Estarei aqui, serei o teu ouvinte mais atento, o teu confessor sagrado e inviolável, serei o melhor amigo que alguma vez possas ter tido.
Minha companheira sagrada e secreta és quem eu nunca poderei enxovalhar, porque a mim o mesmo estaria a fazer. 
Queda-te em mim e descansa. Amanhã continuaremos aqui. 

  

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Quero . . . de novo . . .

Ainda tenho o teu cheiro colado a mim, dá-me saudades da tua pele, tocada pelo divino, em que escorreguei enquanto estavas ali.
O teu cheiro inebria-me e deixa-me a pairar sobre a tua imagem no meu pensamento.
Quero cheirar-te de novo, o teu cheiro doce, suave que há tanto se adivinhava.
Tenho saudades da tua pele branca tão angelical e macia como ceda acabada de tecer.
As rudeza das tuas mãos contrasta com a delicadeza do teu toque, que abre o meu corpo ao teu.
Deixei as minhas mãos explorarem e perderem-se pelo teu dorso musculado e firme, sem culpa nem medo, apenas pela luxuria de as satisfazer.
Deixaste as saudades do teu cheiro a algodão doce e óleo de bebé, que me embriaga e adormece como ópio para o meu corpo.
Quero tocar-te de novo e sentir a tua forma junto da minha.
Quero encostar-me de novo a ti e sentir-me segura, amparada, abraçada assim como me permitiste sentir.
Quero ter-me de novo nos teus braços entrelaçados nos meus e as minhas pernas perdidas nas tuas.
Quero sentir de novo o teu respirar de anjo que adormece profundamente e acorda a qualquer hora, como a qualquer hora fosse alvorada, com os tímidos raios de Sol a iluminarem o teu rosto, meio ensonado, meio acordado.
Quero enroscar-me em ti e ouvir as primeiras ondas do mar da manhã irromperem sobre a areia, sem lhe pedirem autorização ou permissão para a acariciar, aquecida apenas com o calor do teu corpo.
Quero acordar e sentir o todo de ti em tudo de mim, para que possa voltar adormecer, perder-me no meu sonho e encontrar-me em ti.  

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Amei-te tanto, odiei-te ainda mais

Foste o maior dos meus amores. Amei-te tanto e tão profundamente quanto te odiei de morte. 
Lembro-me como se tivesse sido ontem, sentados na mesa com o grupo de pessoas que nada podiam sonhar do quanto deixavam de existir quando éramos nós mesmos, frente a frente e falando como se não estivesse ali ninguém, como se o resto do mundo tivesse desaparecido e os transeuntes ali sentados fossem parte da mobília.
Lembro-me como se fosse ontem o quanto me gritaste pelo telefone, o quanto tive vontade de te matar e fazer com que ardesses no inferno e a memória da tua existência, de repente, se apagasse para todo o sempre da mente de todos pelos quais cruzaste as vidas.
Enganaste-te no caminho de volta e não te mostraste preocupado. Teria sido de propósito para estarmos apenas mais um bocadinho lado a lado?
Falámos de coisas parvas e outras sérias, eras a minha escola e a tua frescura fazia-me tão bem, fazias-me rir e divertias-me como poucos o fizeram. Falávamos de tudo e eu confiava tanto em ti quando eras apenas tu. Quantos não foram os momentos em que não podia e olhar para ti e simplesmente dizer que te amava com toda a minha alma.
Era tão forte, tão grande, tão imenso e tão profundo, que quando volto ao canto da minha memória em que te encontras, consigo viver tudo de novo como se tudo tivesse acontecido ainda ontem.  
Eras a fonte do meu maior amor e mais profundo ódio. As exigências insanas tomaram conta de ti tantas vezes, que em todas elas tive vontade que te fulminasses e sangrasses até te sucumbires.  
Nos momentos em que te amava e desejava ter-te só para mim e ser só de ti, várias vezes pensei que não me importava de te aceitar, pois sabia o quanto me amavas, mas o quanto impossível de concretizar eram os nossos sentimentos. O mundo nunca nos iria dar tréguas e muito menos compreender o que quer que fosse, seria como que uma hecatombe rebentasse no cérebro até dos mais iluminados.  
Mas o quanto nos esquecemos do mundo e o quanto quisemos estar juntos um do outro sem que o mundo alguma vez desconfiasse. O quanto intensos, escassos e eternos em simultâneo foram esses momentos em que nada impedia de mostrarmos o que sentíamos um ao outro, sem uma palavra sobre o assunto, apenas um olhar, a alegria contagiante, os momentos tornados tão especiais como apenas nós dois conseguiremos decifrar, viver e entender.
Tinha que ser escrito um amor assim tão grande, tão imenso, que perdurará no tempo.
Fomos dos amores mais sinceros que jamais existiram. 
Amei-te tanto, mas tanto e odiei-te ainda mais, até mais não poder.
Quanto amor e dor me fizeste sentir, que não existe história.
Fomos feitos um para o outro, mas ficámos afastados um do outro.
Deixaste na minha memória o mesmo ódio e o mesmo amor que alguma vez na vida eu conheci. 
Muitos passaram, mas que soube eu do amor desde aí, o que era ser-se amado, desejado, admirado como tu o fizeste. Quem passou não passou de uma sombra muito pobre e ténue do teu amor, da tua paixão, do quanto me quiseste.
Hoje estás feliz, porque descobriste quem te amasse, não sei se tanto, tão verdadeiro e puro como eu, mas é um amor à sua maneira.

Ai de . . .

Ai da luz que se apague,
Que o tempo amargue,
E que eu te largue.

Ai o que eu não veja,
O que quer que seja,
Mas que seja.

Ai do sentido que seja dado,
ao que não tem que ser dado,
ao que se fez pobre coitado.

Ai dos olhos postos em mim,
Que me querem assim,
Mesmo que eu não seja assim.

Ai de ti que me deixaste assim,
Mas cuido de mim,
Do que não sou sem ti.

Ai de ti que te deixaste assim,
Por te despojares de mim,
Porque tudo tem um fim.



Somos e seremos eternos enquanto o que nos move mover

Preciso de uma paixão, uma paixão daquelas que nos deixa a flutuar em cada passada que damos, nos faz sentir sair do corpo e vaguear para lá do universo, para lá de tudo onde nos sentimos entre o tudo e o mais que tudo, entre a plenitude e o complemento de tudo.
Quero uma paixão forte e intensa que dure para sempre e dê mais vida à minha vida, que dê mais sangue ao meu sangue, que queime a escuridão e me encha de luz eterna e amor que jorre sem se esgotar.
Quero abrir-me ao mundo e ser maior que ele para que caibas dentro de mim, para que sejas parte de mim  eu de ti.
Quero ser única e inigualável, louvável e admirável e inesgotável.
Quero que sejas tu onde quer que estejas.
Sabes que existo mesmo que ainda não me tenhas visto, mesmo que tudo pareça tão distante como as pontas do Universo.
Estamos de costas viradas e de frente para o mundo onde estamos, distantes por um nada, apenas  Universos e mundos separados, porque ainda não chegou o nosso tempo.
Eu movo-me em direcção a ti e tu em direcção a mim, mas não sei quem és e tu não sabes quem eu sou, apenas sabemos que existimos em qualquer parte do globo.
Eu escrevo-te e tu escreves-me canções de amor que prometes serem para sempre.
Eu escrevo-te dizendo que sei que existes e que esperas o nosso reencontro prometido há muito pela eternidade, pela história do mundo, pela história dos grandes amores que se procuram eternidades, reencontrando-se e buscando-se enquanto a eternidade existir.
Sei que me esperas assim como eu te espero, não importando a nossa idade, o tempo que falta para definitivamente ser eterno desta vez, como todas as outras vezes que tornámos eternas.
Sei que voltarás a fazer-me feliz como tantas outras vezes o fizeste, como tantas vezes o sentimos como sempre sentiremos sempre que voltarmos das nossas viagens pelo tempo sem espaço e pelo espaço sem tempo. 
Somos e seremos eternos enquanto o que nos move mover, porque o que nos move é eterno assim como a nossa eternidade!

Descoberta de algo óbvio

Fiz uma descoberta fantástica que muitos poucos tiveram a capacidade de perceber.
Divulgo-o com tanta alegria como se tivesse nascido de novo, mas num novo mundo!
É como se tudo passasse a ter sentido claro como a água e transparente como o vento.
É tão magnífico, que mesmo aqueles que ainda não descobriram a profundidade do que vou dizer, ficariam de boca aberta com a simplicidade e talvez evidência óbvia do que vou transmitir.
Aquilo que podemos dar a alguém pode ser bem superior ao que se recebe, mas muito mais pode ser o que se aprende com o que se recebe que a sua dimensão material. A relação entre bem material e bem interno nem sempre tem a mesma proporção, como todos nós sabemos, depende o que cada coisa representa para cada um de nós.
Mas o que me trás aqui agora é bem maior que tudo isto que vos estou a escrever. Falo daquele que se deixou crucificar por todos nós, aquele que se dava com todas as classes, com todos os tipos de carácter, com toda a estirpe de pessoas, sem julgar quem quer que fosse.
Mas como é possível darmos-nos com ladrões, criminosos, prostitutas, sermos amigos de quem excluímos da sociedade? Como?
Tão simplesmente, da forma como gostamos de ser vistos, como um todo!
Eu sei que para muitos de vós isto é tão óbvio que até as crianças o percebem, mas a questão é bem mais profunda que a sua aparência óbvia e simplória. 
Proponho-vos um exercício, quem convidaria um ladrão ou um criminoso de qualquer outra ordem para entrar em vossa casa?
Ninguém, pressuponho, a não ser que tenham por algum motivo, interesse nas suas atividades e aí sim, percebo a abertura a estes indivíduos . . .
É realmente demasiado básico o que vou escrever, mas por estranho que pareça ainda existem demasiados milhões que não alcançaram este raciocínio. É que esse Alguém que apertou a mão aos excluídos da sociedade e "fracos" fê-lo porque sabe que somos criaturas magníficas cheias de capacidades, mesmo que o nosso lado menos bom seja o que brilha, mesmo que não deixemos ver a olho nu o quanto maravilhosos podemos ser, os milagres que podemos fazer. Jesus de Nazaré viu isso há quase 2012 anos atrás!
Temos mãos, pés, cabeça que usamos diariamente, mesmo que o nosso carácter seja tão aparentemente desprezível, que nem os vermes querem trincar a nossa carne depois de sepultada. Ele viu para lá disso, viu o que podemos fazer, ser, contribuir quando alcançados e Ele alcançou-os a todos, os bons, os maus, os melhores, os piores e mais quem viesse por bem ou por mal.
Ele quis mostrar que podemos construir um mundo perfeito com todos os que são imperfeitos. É o cada um de nós tem de melhor que conta, o resto é adorno.
Ele tem a capacidade de fazer vir ao de cimo o que cada um de nós tem de melhor, é isso que importa, tenhamos 5, 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90 ou mais anos!
É isso que vai faz a diferença!
Nos próximos milhares de anos continuaremos a ser iguais a hoje, quer queiramos ou não, mas o melhor bem que manteremos será a capacidade de transformar e fazer transformar, reciclar e fazer reciclar, porque continuaremos a ter ladrões, prostitutas e outros criminosos sejam estes que estirpe for!
O que temos de pior é o que temos de melhor usado nos momentos errados e falta de compreensão do que realmente somos e em que podemos contribuir com o que cada um de nós pode dar, sendo feliz! 
Jesus de Nazaré fê-lo e viu o Homem no seu todo.
Queremos também consegui-lo e fazer-lo?

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Estou aqui, mas não estou

Parar e reflectir, de novo sobre tudo, reavaliar, verificar o que realmente importa, quem realmente importa.
Não é demais parar, excluirmos-nos por momentos do mundo e rever quem é quem, quem faz falta a quem, o que importa para quem e não ter medo de nada, não ter medo da solidão, não ter medo do mundo. 
Afinal, tantas vezes estive sozinha no mundo e agora é voluntariado, retiro espiritual ou existencial intencional.
É neste momento o que necessito sem imposição de alguém ou de quem quer que seja, sou eu que me imponho a mim mesma, porque sinto necessidade disso neste momento. Não dizer nada a ninguém, pura e simplesmente viver e estar comigo entre os outros, o que é bem diferente de nos sentirmos sós no meio da multidão, é estar no meio dela e não os sentirmos sós, sermos apenas mais uma pessoa entre tantas que vive no mundo.
É estranhamente saboroso esse estado de não precisar de ninguém, é o culminar de tudo, porque não é imposto, é uma necessidade que vem naturalmente de mim. É o estar não estando, é o até logo que já venho, eu estou aqui, mas agora não estou.
É o cortar com velhos medos da solidão, porque quem realmente gosta de nós respeita e compreende. É o momento de viver o desafio de enfrentar esses velhos e incomodativos companheiros.
Vida social é algo que tem que ser saudável. Se não sou uma pessoal mega social, é talvez porque me preenchi comigo. Esses momentos têm o seu timing e quando tiverem que voltar, assim voltarão. Mas neste preciso momento é viver o agora sem pânicos, angustias ou mágoas, porque não há espaço para elas, a vida é demasiado longa para ser ocupada com tantas tristezas e sofrer durante tanto tempo . . . não me parece.
Portanto, estou aqui mas não estou, estou no meio da multidão, mas apenas mais uma sou, vou peneirar a minha vida e ver o que resta, o que sobra, e com tudo isso fazer a minha maior fortuna interior.
Até logo . . . que eu já volto ;)   

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Pérolas a porcos e tempo precioso perdido

Como são frágeis os egos rejeitados, feridos pela própria falta de coragem, pela própria incapacidade de perceber que só se é objecto quando se quer tirar prazer de se ser objecto.
Quão desnecessária é a zomba de quem não sabe ser Homem com "H" grande, de quem não sabe ser digno de respeito pela sua condição de amigo. 
Ainda bem que tens muitas amigas com quem possas ser quem és sem reservas! . . . pelos vistos o tempo que te permiti seres quem és na tua plenitude, foi um desperdício completo! 
"Pérolas a porcos . . . e tempo precioso perdido!", diriam alguns!
A quantos de nós é dada a liberdade de ser quem realmente somos e ainda aceitarem-nos, simplesmente, porque somos como somos? 
Pergunto o que significa "(. . .) Tu para mim és um amigo, vejo-te apenas como um amigo!"?
Será que a eterna tentativa do homem deixar os seus genes, não o deixa ver que há várias fémeas e que estas dão sinal ao macho quando estes podem invadir o território sagrado?
"Mas o que é que achas de mim, achas que sou bonito?. . . se não me conhecesses e me visses na rua   . . . como é que me descreverias? . . . o que é que em mim atrai as mulheres?". 
"(. . .) mas, porque é que nunca nos envolvemos?", a pergunta que confirma percepções aproximadas à evidência, umas negadas outras nem por isso, que de repente deixa a sensibilidade a quilómetros a mente e a crueza da verdade à tona. A resposta tola, sem nexo, repleta de disparate por forma a dissuadir de ideias menos apetecidas, com concretizações ainda menos possíveis de acontecer, toma vida e vibra nos meus lábios, tornando-se num som incomodativo que prescindia de ter de produzir.
Sempre podia mentir e deixar no ar a esperança de uma aventura tórrida, uma promessa por cumprir, uma fantasia a realizar, mas não consegui, estaria a boicotar a minha própria vontade com um desfecho imprevisível e de certeza nada prazeroso.
A abertura de espírito, não se leia abertura de pernas!
Eu aceito e compreendo o que faz a reposta de rejeição, mas estes espinhos também deambularam pela minha vida, por muito tempo, sem que eu as desejasse e não foi por isso que humilhei quem me rejeitou . . . ninguém pode obrigar-me a ser o objecto sem que eu o queira ser!
Sexo? . . . Sim, com sentimentos de paixão, amor, desejo, naturalmente . . . não sou uma vagina ambulante, pronta para a acção assim que solicitada. 
Que mal vem ao mundo não querer me envolver com quem não desejo, com quem não desperta tais luxurias da carne?
Um ego masculino ferido e rejeitado tem mais farpas e lanças afiadas que uma tribo canibal e parece-me que o teu atingiu o apogeu do desabamento!
Tenho pena de ti!
Que fique bem claro que me sinto muito feliz por não ter que recorrer aos serviços disponibilizados pela tua "amizade", pela tua "consideração" por mim, pois sinto-me feliz porque posso escolher o que quero.
Para se dançar um tango são precisos dois e não me parece que algum dia venhas a ser o meu par! 

domingo, 13 de maio de 2012

Porque estás e estarás para sempre dentro de mim

Agradeço-te existires, porque me sabes ler, porque adivinhas os meus sonhos e abres o caminho para eles.
És não a musa, mas o sentido, o caminho , o chão onde os meus passos se movem seguros e confiantes.
Dás-me alento e coragem para  voar sobre oceanos, mares, glaciares sem ter medo de cair, e mesmo se cair, sei que não vou gelar nem afogar.
És o Sol, a Lua, as estrelas, tocas-me mesmo quando não estou perto de ti, porque és o berço do arco-íris da minha vida, porque não preciso de te ver para seres a minha fonte de Luz.
Estás e estarás onde quer que eu vá, porque és céu, tecto, a água que me mata a sede e ar que respiro.
Porque passaste na minha vida, deste sentido ao que estava perdido, deste vida ao que faltava, ao que eu pensava ter deixado de existir e saraste feridas ancestrais.
Não importa que não fiquemos juntos para sempre, porque o que me deste e transformaste ficará para sempre. Tu és e serás eterno e eu grata para sempre. 
Não me importo que saibas que te quero ao pé de mim mesmo que seja impossível, que te quero perto da minha pele, porque da tua pele respiro, que preciso de te ouvir rir e ver sorrir, porque me diluo no teu riso que me embriaga, porque estás e estarás para sempre dentro de mim.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Quanto mais tempo vai isto durar?

Quando dói, dói, não interessa se é pai se é mãe ou de onde vem, mas quando a ferida abre, todo o sistema que não existe não atua, por isso mesmo, porque não existe. 
"A história repete-se !", dizem alguns, "o que ainda não está resolvido e ultrapassado volta sempre e volta a repetir-se enquanto não se resolver interiormente!". . . é aqui que entram todas as teorias psicanalíticas, espirituais, analíticas e outras que tais.
"A culpa é sempre do indivíduo, porque atraiu o que tinha que viver, o pensamento negativo atrai coisas negativas, faz parte da aprendizagem, da sua evolução, fez algo na outra vida e está a pagar agora, está a viver o oposto, porque para evoluir tem que vivenciar os opostos, para poder escolher, é o karma e o darma, foi o que se escolheu antes de entrar no corpo em que encarnou para viver uma nova viagem, uma nova passagem!", e por aí adiante, entre outras que não me lembro agora, mas o que é certo é que dói!
"Tens que largar as saias da tua mãe! 
Tens que ser emocionalmente independente, não podes estar à espera que a tua mãe esteja sempre para ti, tens que deixá-la viver a sua vida, tem direito a isso, e se não tivesses a tua mãe perto de ti e contactável? . . . tens que aprender a superar e a resolver tudo sozinha, pela tua cabeça, e se tivesses filhos? . . . já tens idade suficiente para isso!".
Está tudo muito certo, é tudo muito bonito, mas e quando a nossa mãe tem que escolher entre nós e o companheiro?
E quando o companheiro mostra afectos que não era suposto mostrar?
E quando uma mãe para não perder o afecto do companheiro nem a sua existência, não consegue deixar bem ciente que há coisas que só dizem respeito a uma mãe e a uma filha, as chamadas conversas de mulheres?
Mas filhos fazem parte de opções? Escolher entre filhos e companheiro? Quando deixamos de ser filhos?
E quando o companheiro é um ser frustrado que tira proveito das suas frustrações para controlar a vida de todas as pessoas à sua volta, inclusive a relação entre mãe e filha?
E quando após o esforço de um filho para conquistar a sua mãe, ela fá-lo sentir-se como algo que se escolhe ou se põe de parte?
"Foi as escolhas que fizeste para esta vida, no plano etéreo escolheste viver essas experiências!". Olha que alívio! . . . já me sinto muito melhor! . . . que bom que é sofrer e sentir ser posto de lado. 
Quanto mais tempo vai isto durar? 





segunda-feira, 7 de maio de 2012

Realidade e ilusão

O coração não mente, deixa-nos atónitos com as suas verdades que a ilusão tenta iludir, mas o coração diz mesmo a verdade se a quisermos ouvir.
Fala tão alto ou tão baixinho quanto a nossa ilusão nos permite ouvir.
A ilusão é a euforia que toma conta de nós, porque queremos estar eufóricos, como uma droga que se apodera de nós e que não queremos largar, é viciante.
Viciamos-nos no desejo de desejar e de ser desejados, é uma droga que nos adormece a razão e faz perder a noção da realidade, porque é bom demais para ser verdade.
Procuramos esse estado de alucinação, deixamos o corpo ir, não se detém aos prazeres prometidos ou iludidos. 
É um mergulho no éter, no êxtase das mil sensações que não nos querem deixar descer à realidade, deixando se ser quem somos passando a um estado de imensidão e infinito, o Sol está dentro de nós, mesmo que estejamos nas catacumbas mais escuras da realidade. Há luz, porque esse estado de demência acorda-nos quando antes havia sono, o corpo quebrado e adormecido sem vontade de se mexer, onde o esforço era uma constante desabrocha agora o sorriso sem que seja solicitado, todo o rosto sorri, os olhos brilham e cheira a primavera, porque se está feliz.
Que a realidade tome e absorva a ilusão e o que era ilusão passe a realidade. Assim não mais os corações serão flagelados pela dura realidade oposta à ilusão, não mais haverá razão separada do coração e as fantasias passaram a ser condimento da emoção.

domingo, 6 de maio de 2012

Fugir

Fugi para não fugir de mim,
Tentei esconder-me, mas não consegui,
Tentei escapar, mas fui apanhada,
Nuna curva traiçoeira e quase num nada.


Sim, nada!
É estranho ser tão nada?
Não, não é estranho,
Para quem vive no estranho,
Ao nada que me agrada.


É um jogo de palavras confusas
Baralhadas e perdidas,
Confissões negadas e embebidas
Quase quebradas e sem vida.


Neguei-me ao que não era meu,
Para mais tarde me dissipar, 
Entre as brumas e promessas,
De um mundo que empalideceu.


Fujo e fugirei,
Até voltar a me encontrar,
É certo que me encontrarei, 
Como sempre me gostei de achar


Nas horas em que me encontrar
Por certo não estarás aqui,
O que importa é que ao voltar, 
Eu esteja feliz para mim.

Lobo ferido

Como és frágil e sensível, senhor do seu nariz!
Admirável inteligência com um ego maior que este mundo, "preenche-me . . . não me deixes vazio!!!
Suplico-te que não me deixes ferido!
Olha que eu sou um lobo e um lobo ferido é mais feroz que uma manada de touros enfurecidos! 
Pensas que és mais esperta que eu? 
Tu apenas fazes o que eu quero que tu faças, deixando-te pensar que tu é que tomas as decisões, a isto chama-se maeutica e são muitos anos de prática!
Apenas desci a ti, porque não consegues acompanhar-me, és uma criança e eu um adulto!
Dizes coisas sem nexo, coisas parvas que não têm jeito nenhum e as tuas piadas não têm assim tanta graça!
És demasiado miúda . . . tens corpo, mas a tua cabeça é oca, não és assim tão esperta como eu pensava!
Achas que és a única gaja que há à face da terra . . . o minha amiga, ainda tens muito que aprender . . . ainda não amadureceste e não te esqueças que este mundo não é para platónicos . . ."
Meu caro, lamento informar que o Peter Pan era alguém que não cresceu e do sexo masculino!
Eu avisei-te, apaixonei-me e fujo das paixões como o Diabo da Cruz mesmo que seja apanhada por elas.
Afinal o que querias não te foi dado quando e como pretendias, esqueces-te?
Eu deixei as coisas bem claras e pus as cartas na mesa, eu joguei cartas e tu jogaste xadrez, jogámos em jogos diferentes.
És o estratega que não calculou bem as jogadas e teve excesso de confiança, ou será que apostaste no cavalo errado? Ah! . . . Desculpa, tu é mais alcateias . . . E eu volto a pedir-te desculpa por não ser uma loba!
  

sábado, 5 de maio de 2012

Xeque Mate . . .

Tal como vieste, assim te deixei fugir. Não me importo.
Assim exististe como deixaste de existir. Não me importo.
É mais importante a tua passagem que teres ficado. Não te podia ter.
Quis ser tua no momento em que me apeteceu ser tua, mas não fui. Pensava que era.
Sabe bem saber que foste meu à minha maneira, como eu quis que fosses, não mais que aquilo que foste.
Não me arrependo de não ter sido, de facto, tua, mas aquilo que eu queria que fosse foi.
Não me arrependo de ter falhado cada vez que falhei, não me importo de ter deixado de estar quando deixei.
Não me arrependo de te ter deixado pendurado quando assim teve que ser.
Soube bem a ilusão de seres meu por instantes breves, simplesmente soube bem.
Poderás dizer que eu sou louca e que não jogo com o baralho todo, mas afinal que seria de mim se assim  não fosse.
É mais forte que eu dizer, ainda bem que nunca fui tua, verdadeiramente tua, porque não sou de ninguém, sou de quem me apetecer pertencer e quando assim o desejar.
És a pertença que eu já não quero ter. Desiludiste-me. Já não sonho mais contigo. 
Deixo o teu riso e sorriso guardado num baú à vista de todos, de maneira a ninguém te veja, mas que se saiba que deixei de dar esse sorriso e esse riso a alguém.
Não foste tu que me fugiste, fui eu quem te deixou escapar sem qualquer mágoa ou tristeza. 
Fizeste o meu jogo pensando que eras tu quem comandava e esqueceste-te que eu sem saber aprendi a jogar xadrez.

Xeque Mate!



sexta-feira, 4 de maio de 2012

Estranho conhecido

Sigo-te, penetro-te com a força de quem quer viajar para fora do mundo, para longe de mim, para longe de tudo.
Suavizas os meus medos profundos de tudo e deixas livre o meu caminho de gavião.
Escolhes ser tu mesma a seres quem queres ser e olhas em teu redor, o que está perdido de si mesmo num grão de areia pura e densa, calma e intensa solidão,.
É o mundo, o planeta que te rodeia e te deixa rodopiar por entre as arestas em que brincas como uma criança crescida, aos papás e às mamãs sem saber nada da vida.
Finges que és descoberta com o ar de espanto de criança no seu vestidinho branco com uma barra azul cetim na borda da saia, com o seu lacinho vermelho vida na cabeça, segurando os ondulados e longos cabelos alourados.
Divertes-te como uma criança vil de tanta ingenuidade e espreitas por entre a cortina branco linho do palco no meio das nuvens.
Estás no céu e brincas como uma criança pura que se esconde e aparece, que espreita de curiosidade.
Brinca mas não te deixes perder pela vida, pelo mundo incerto e desconhecido que acorda ao acaso e acorda o acaso.
Bebes da minha pele gasta de tanto viver uma vida após vida, de vidas vividas e entristeces-te ao descobrires quem sou eu.
Sou quem te sufocava as noites não te deixando dormir, acordando quando a minha tesão vil te despertava desejos cultos.
Fiz-te sentir os orgasmos intensos enquanto dormias, aproveitei-me da tua beleza, já que mais ninguém ousaria.
Deixei-te nos teus braços a dúvida de quem seria, mas enfim descobriste, porque jamais te mentiria.
 

Em palavras . . .

Demais são as vezes que eu penso que partiste sem deixar rasto ou razão para te ver.
Vastas são as noites que te deixo partir sem palavra deixares para trás.
Sem medo vou avançando , pela noite, pela penumbra, pelo vão de escada que deixo para trás.
És a voz que eu queira consolar nos gritos de noites vastas, largadas ao luar do incenso no ar.
Vejo-te como a penumbra sozinha sorrindo e descendo a montanha que fica a norte num deserto cálido.
É um cravo esperto que arranco de um jardim de flores floridas com cheiro amazónico.
Deixaste-te levar pelo vento do inverno que nunca mais findou assim que chegou por perto.
Deus te deu muitas noites em que te sentiste perdida à luz de uma lamparina velha, em escassas palavras acesas no meio da escuridão oferecida pelos juízes da noite.
Deste beleza à palavra, enaltecestes a alma que vinha pelo correio e deixaste-te ir.
Vem a luz, vem o suor, vem a quimera que te arranca da pele, diz ele nas suas palavras escondidas, atrás dos sons das palavras escondidas, atrás de tudo o que existe e tem que existir.
Garanto-te que não mais terminarás a palavra acesa, que não mais deixarás de ser o que em breve e um dia serás.

Quero o teu colinho

Senti a tua falta. Não sei se foi apenas a falta de colinho que me acordou para ti. São daquelas coisas que não se espera, mas que é bom sentir.
Vi-te dirigires-te até mim, no teu ar descontraído de quem a alma transborda o corpo e o tempo. 
O teu sentido de humor incendeia-me mais que a minha paixão por ti. Eu pertenço-te, porque quero ser tua e tu pertences . . .
Derreto-me no teu riso, desfazes a minha carne com as tuas palavras, enterneces as minhas arestas e mostras-te aberto a mim.
Adoro ouvir o som da tua voz, o xadrez sem mesa, adormeço ao som da tua boca.
Sabe-me bem pertencer-te e ser comandada por ti, porque comandas-me para onde desejo estar . . . os teus comandos são ordens de realização dos meus desejos, mesmo que penses que eu vou para onde desejas.
Como me sabe bem sentir saudades tuas, como me sabe bem saber que te vou ver, como me sabe bem saber que te vou agarrar com os meus braços e sentir-te entre os meus dedos.
Queres sentir o fogo da minha paixão e a força do meu desejo que te vão deglutir, consumir o suco do fruto do teu desejo, refrescar o teu corpo nas minhas gotas de suor.
Quero o teu colinho, quero sentir-me dentro da conchinha protectora, quero que os teus braços me abracem e me escondam do mundo. 
Quero adormecer nos teus braços enrolados em mim, sentar-me no robusto das tuas pernas, colar o teu tronco no meu e fazer de conta que ficaremos assim para sempre.
 

Fomos tudo e não fomos nada


Era tarde demais, já tinha o corpo e a mente adormecidos nesse balanceio, perdidos à deriva sobre uma nuvem.
O chão fez-se céu e não mais sentia pisar, soube as nuvens deslizei sonhando que dançava, sonhando que apertavas o meu corpo contra o teu, deambulando para a frente e para trás os passos mágicos e hipnotizantes, fechei os olhos e deixei-me ir no teu balançar.
Dancei nos teus braços e quase que quis que me arrastasses para longe dali. 
Senti uma vontade, a custo controlada, de te tomar e provar o quente da tua boca. Deu-me vontade de te sentir como nunca senti.
Senti-me leve como uma pena, muito leve, por momentos entrei dentro de ti onde só havia a música que te embala, a música do teu balançar, o calor que sentia percorrer o meu corpo, o êxtase no ritmo encostado, a denga do deixar ir, por momentos éramos tu e eu.
Um furacão anunciado se irrompeu e não éramos mais eu e tu, a terra abriu entre nós e a minha esperança de te ter novamente nos braços se fulminou num ecoar estrondoso e firme de posse por um trono . . .
Não mais éramos amantes platónicos e cúmplices, deixei-te ir e servi-te numa bandeja a quem te agarrou e não mais largou.
Voltámos a estar lado a lado, quase frente a frente e estranheza em ti tentei criar, enquanto os teus dedos distraídos escorregavam lentamente sobre a minha pele até pele não existir.
Fomos uno e amantes por breves momentos, um só, em uníssono, cúmplices dos mesmos desejos que eternizei na minha memória.
Fomos tudo e não fomos nada, um nada que se eternizou num por enquanto. . . 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Tempestade que vem do mar

O que queres, não sei,
O que pensas, tão pouco imagino,
O que te move, o teu ego, 
O que precisas, de ti . . .

O que queres que eu pense, não vou pensar,
O que queres que eu sinta, não vou sentir,
O que queres que eu queira, não vou querer,
O que queres que eu diga, não vou dizer . . .

Só gostas do que é teu, do que vem de ti, do que crias, do que inventas, do que manipulas. 
Não sou domável, um animal selvagem continuará para sempre selvagem . . .
Caminhas por entre o vento, por entre as tempestades, fazendo tu parte dessas tempestades, mas todas as tempestades passam . . . e onde estarás quando a intempérie passar, quando o vento amainar?
Deixas de estar, porque és tempestade que vem do mar, estás enquanto dura a electricidade no ar, divertes-te no meio do caos, porque o caos é a tua praia, é o teu lar o Inverno.
Duras o tempo que durares, existes o tempo que existires, mas nunca deixas que te prendam, não te deixas prender, porque deixarias de ser vento, tempestade, reboliço eléctrico que vem do mar.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Não sonhei assim, mas assim é bem melhor que o que sempre sonhei . . .

Não foi assim que eu sonhei, não foi assim que eu tinha previsto, não assim desta forma, tão conquistada.
É a conquista que tem o verdadeiro sabor da vitória, é bom ser-se conquistado. Não tem sabor porque ainda não o provei e não quero imaginar qual seja . . . quero apenas que seja.
Consegues aguardar? Consegues esperar por mim?
Estou quase a chegar lá, ainda não chegou o momento certo, apesar de eu já o estar a ver, porque ele existe e está pacientemente à espera que eu lá chegue.
É como uma viagem de comboio em que sabemos que faltam poucas estações antes da chegada, numa manhã de sol, por entre os eucaliptos de uma terra mediterrânica, onde cheira ao aconchego da casa de férias na infância. Espreito ansiosa com a cabeça de fora da janela e cheiro o ar quente, mas agradável, misturado com o vento fresco da deslocação do comboio. Cheiro o ar e mais o meu peito sente vontade de chegar de estar, apartada por ti, o meu parque de diversões, a minha areia da praia onde me apetece rebolar, o mar onde me apetece banhar até me esquecer de mim, o sol que me aquece, me bronzeia e me enche de mim.
Não sonhei assim, mas assim é bem melhor que o que sempre sonhei . . .

segunda-feira, 23 de abril de 2012

És o que és

És escrava do tempo, és escrava do nada, porque o nada te assusta.
Não deixas que te queiram como sangue-sugas, sem vergonha da vida que escondem às claras e à vista de todos.
Tudo está à vista de todos menos à tua. Escondes ou julgas que escondes, quando só tu não sabes que não escondes. É certo, é errado, deixo que sejas tu a escolher.
Deixas tudo bem claro no intuito de manter algo escondido, mas o único que não sabe que não esconde.
É chato? É.
Não é a mim que mentes, não são aos outros que iludes. É a ti mesmo sem julgares que estás certo ou errado, apenas estás e estás onde te apetece estar, porque és o que és e me obrigas a dizer aquilo que és. Mas és tu quem é, por isso te digo, és o que és. 

Sinto-me o escritor pobre

Sinto-me o escritor pobre. Tem um ego do tamanho do universo e dois feridos. Não há quem o console. Tudo é pouco ou mesmo nada. Nada lhe dá alegria mesmo que esteja paupérrimo. Quer tudo de tudo menos o que não lhe agrada. Caminha doce no meio das trevas, da penumbra e entra pelo dia a dentro.Sente-se triste porque não gosta mais de pessoas, sente-se só e triste. Nada o consola que não sejam as suas letras, as suas tristes letras que falam de coisas que nunca quis, nunca quer e nunca irá querer. Conhece o mundo aos poucos, muito poucachinhos, porque o seu ego não lhe permite ir mais longe. Abrange o mundo, mas não se deixa abranger por ele. Ingrato. Não sabe agradecer os ecos mudos de quem quer falar sem o perturbar, não reconhece quem de mão estendida o tenta ajudar sem nada que peça em troca. Quer tudo e não quer nada menos aquilo que não lhe agrada.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sorri

Sorri,
Sorri sempre de peito aberto,
Mesmo que o futuro se mostre incerto,
Mesmo que te sintas no meio de um deserto,
Mas sorri.

Sorri para ti, para mim, mas sorri,
Se for caso ri,
Mas ri bem alto,
Para que todos te ouçam,
Mas ri.
Ri com vontade, com ternura, com sinceridade,
Mas ri.

Ri e sorri,
Nem que seja para não chorar,
Nem que seja para não julgar,
Nem que seja para lágrimas parar,
Mas sempre que a tua alma te deixe,
Mesmo que o mundo não compreenda porquê,
Ri, sorri, sorri e ri . . . mas Sorri!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Esta noite tive um sonho

Esta noite, manhã, o que seja, tive um sonho. Caminhava num lindo dia de Sol, sobre um caminho de pedras de basalto lisas, bem alinhadas umas nas outras, mas com subtis espinhos sobre elas. Arbustos espinhosos assumiam-se por entre as pedras e os meus pés estavam frios. Cada passo era mais tortuoso que o outro, até que tive que parar e massajar os pés um pouco para aliviar a dor.
Vi encostas de catos de folha longa e pessoas que os usavam para voar, nesse mesmo dia, estranho dia de Sol. De repente já tinha calçado nos meus pés e podia caminhar. Descalcei os meus sapatos, num edifício onde se praticavam esses voos. O chão era de tijoleira lisa e escura, no mesmo tom do basalto, mas já não sentia o frio nos pés. Já não estava num chão espinhoso e mesmo descalça podia caminhar.
Tinha a minha mãe comigo muito atarefada na sua nova actividade e não parava um minuto ao pé de mim. Mais tarde esperava por ela e já ela tinha ido não sei para onde, fazer não sei o quê, mas era suposto ter esperado por mim. Afinal eu também estava ali.
Mais uma vez estava eu sozinha, perdida e descalça.
São assim os caminho no mundo para quem nasceu com o mais que os outros e menos que os outros, para quem nasceu com o Inverno e o Verão dentro de si, para quem tem o tudo e o nada nas suas veias, para quem é o máximo e o mínimo, para quem com os extremos tem que viver numa luta constante  tantas vezes desigual e nada equilibrada.
Para alguns não é assim a vida?

domingo, 15 de abril de 2012

Todos os dias nos podemos apaixonar por quem somos

Podia ler-se em qualquer livro sobre muitas coisas do coração, da alma, do corpo, sobre tudo o que nos enche o peito e nos faz acreditar que vale a pena acreditar que se deve acreditar que tanta gente está cheia de parcelas de nós, de ti, dele, dela, de mim, mas que elas existem. Agora juntem todas essas parcelas . . .
Quantas mais parcelas de nós encontramos e com elas nos maravilhamos, mais de nós gostamos . . . É o verdadeiro reencontro connosco . . . nós somos parte do que vemos!
Todos os dias nos podemos apaixonar por quem somos ou por uma das nossas mesclas. 
É o belo das coisas quando elas são sinceras, honestas, puras, verdadeiras, tal como devemos ser connosco, mas quando essa verdade não existe no reflexo do espelho, podemos gostar ainda mais de nós, porque na verdade ainda somos mais fabulosos, porque somos verdadeiros connosco e quem nos olha vê-lo.   
Mas continua a ser belo ver pedaços de tanto que  somos, como peças de puzzles espalhadas pelo mundo do que mais gostamos em nós, é o reencontro, é o verdadeiro reencontro, estando connosco através de alguém, mesmo que esse alguém tenha, seja apenas uma parcela de nós.
Na sua forma oposta também somos, temos o belo!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Sê forte, belo e corrosivo . . .

Mais forte é aquele que não se esquece de si mesmo.
Mais belo é aquele que se embeleza não se esquecendo a beleza dos outros.
Mais corrosivo é aquele que se entrega ao que os outros não se entregam, sem se deixar melindrar.

Sê forte, belo e corrosivo . . .

Quando o mundo te pede que te odeies e desvalorizes, que te inferiorizes e te envergonhes do lado bom e puro que tens;
Quando a cinzentura te impede de ver o que há de fabuloso e o que tens direito;
Quando a insanidade capitalista te obrigar a enlouquecer para agradares aos loucos;
Quando os loucos inteligentes, mas não geniais, apenas vêem a sua inteligência e não a sua insanidade;
Quando o mundo esquizofrénico insiste em ser louco e enlouquecer quem se recusa a sê-lo;
Quando todos os olhos deixarem de brilhar, porque brilhas;
Quando deixares de sentir que és visto como gente, como um ser vivo, matéria geradora de matéria, alma e vida;
Quando em nome dos não valores se passar por cima de todos os melhores valores;
Antes de se cegarem de vez os olhos da alma, da mente, do coração e da razão!

domingo, 8 de abril de 2012

Comportamento inadequado

Eu posso gritar o que me apetecer!!!
Tenho Alma, tenho sangue a correr nas minhas veias cheio de vida e de loucura, de coragem para dizer o que me apetece a quem por vezes não me apetece.
Tenho sangue na guelra, sou vivaça, às vezes irrito os outros porque sou assim tão vivaça.
Não tenho noção nem sentido de oportunidade, sou assim!
Falo sem conhecer de quem estou a falar, não tenho mesmo o sentido de oportunidade, perdi-o com todas as oportunidades perdidas.
Falo demais, falo mesmo muito, sobre muito e durante muito tempo.
"Tu não gostas de ouvir, tu só te ouves a ti mesma" . . . "Não volto a dizer!!! (. . .) "O teu problema é comportamental!!!" (. . .) "Tu não conheces as pessoas e a quem elas estão ligadas!!!" (. . .) "Mesmo que sejam desagradáveis, tens que esboçar um sorriso!"
"Não te expresses tanto,  . . . tens o raciocínio muito rápido e fazes muitas perguntas sem terminares nenhuma e ninguém te entende,  . . . quem te ouve pensa que és completamente louca!".
Ups, temos aqui um problema grave: eu ainda não consegui fazer o que fazem as pessoas normais . . . ter um comportamento adequado à realidade onde estou! . . . Mas ainda vou a tempo, espero!
Entrar muda e sair calada, dizer apenas o que agrada a todos, engolir sapos boi, bois e elefantes, ouvir e calar, fazer cada um dos três macaquinhos: não vi, não ouvi e não falo, mas ter 2 ouvidos e uma boca!
Belo mundo em que vivo!
Brindemos em copos de plástico reciclável, porque já nem para o vidro estou à altura!



EU não entendo . . .

Eu posso ser feliz!
Eu tenho o direito de ser feliz!!
Eu posso aprender sendo feliz!!!
Eu não tenho o direito de permitir que me massacrem com crenças retiradas de dentro de uma cartola.
Eu não tenho o direito de me deixar deprimir e andar cabisbaixa a belo prazer de alguns.
Eu não não tenho o direito de permitir que o sofrimento entre pela minha casa a dentro e me deixe de rastos, em cinzas.
Eu tenho o direito de me rir AH-AH-AH-AH-AH-AH, ÀS GARGALHADAS em plenos pulmões com a voz alta e bem sonante.
Eu tenho o direito de brilhar, jorrando luz de felicidade mesmo quando o tudo à minha volta está em ruínas.
Eu tenho o direito de ser eu mesma e não outra coisa que não eu mesma.
Derrubem-se os muros de tristeza!
Rasguem os céus com uma espada em chamas por entre a escuridão e tragam de novo a luz de um belo dia!
Sufoque-se a ganância e a dor por ela causada e redistribua-se a fonte da vida!
Espalhe-se pelo mundo a arte de ensinar pessoas a serem pessoas, a arte da multiplicação de valores válidos e salutares!
Reinvente-se a fonte de lucro!
Que seja reutilizado o reutilizável!
Que as únicas armas sejam o conhecimento, a inteligência e a sabedoria!
Que as únicas guerras sejam de almofadas em festas de crianças!
Que a competição pela partilha - quem consegue partilhar mais - e não pelo egoísmo - com o consigo mais só para mim!
Que todas as pessoas contribuam, porque todas receberão!
Que seja abolido o capitalismo desenfreado, não olhando a meios para atingir fins!
Que o dinheiro seja substituído por uma moeda de troca vantajosa para todos!
Que todas as leis sejam claras sem necessidade de interpretação!
Que a COOPERAÇÃO seja ensinada nas escolas e sirva como guia!
Que o ALTRUÍSMO seja ensinado nas escolas e sirva como guia!
Que a COMPAIXÃO seja ensinada nas escolas e sirva como guia!
Que a HONESTIDADE seja ensinada nas escolas e sirva como guia! 
Que o RESPEITO POR TODA E QUALQUER VIDA ANIMAL seja ensinada nas escolas e sirva como guia!
Que a ALEGRIA seja um imperativo em qualquer actividade profissional!
Que a RESPONSABILIDADE não seja vista com medo, mas com orgulho!
Que o ESPÍRITO DE EQUIPA seja posto em prática e leve à harmoniosa coesão!
Que o COMPANHEIRISMO E CUMPLICIDADE entre os núcleos familiares e sociais seja sólido e saudável! 
ACABE-SE COM TANTA DOR, SOFRIMENTO, COMPETIÇÃO DESENFREADA, GUERRAS SANGRENTAS, GUERRAS PSICOLÓGICAS, GUERRAS ECONÓMICAS, GUERRAS POLÍTICAS, GUERRAS RELIGIOSAS, GUERRAS AFECTIVAS, GUERRAS LABORAIS, GUERRAS CULTURAIS, GUERRAS SOCIAIS!!!!!
NÃO VIVEMOS GUERRAS INTERIORES QUE CHEGUEM?????  
A HISTÓRIA NÃO NOS MOSTROU JÁ SOFRIMENTO QUE CHEGUE?
NÃO NOS CHEGA A TODOS O CONHECIMENTO QUE TEMOS DE TODO O MAL QUE FAZEMOS??????
NÃO MATÁMOS O SUFICIENTE?
NÃO PILHÁMOS O SUFICIENTE?
NÃO FOMOS CRUÉIS E EGOÍSTAS O SUFICIENTE?
NÃO DESTRUÍMOS COM PRETEXTO ECONÓMICO O SUFICIENTE?
NÃO DESTRUÍMOS O MUNDO A TODOS OS NÍVEIS O SUFICIENTE?
NÃO DESTRUÍMOS A CAMADA DO UNIVERSO, QUE NOS PROTEGE DO PRÓPRIO UNIVERSO, O SUFICIENTE?
TODOS OS QUE JULGAM QUE MANDAM NO MUNDO SÃO ASSIM TÃO INCAPACITADOS MENTAIS, PARA NÃO DIZER VOLUNTARIAMENTE MISERÁVEIS OU ORGULHOSAMENTE ESTÚPIDOS, PARA NÃO QUEREREM VER QUE ESTÃO A DESTRUIR O QUE TÊM DE MAIS VALIOSO E FUNDAMENTAL À VIDA?  

EU não entendo!


Não tenho palavras . . .

Já estou farta e cansada de ver cenas tristes que mais parecem tiradas de um filme de violadores. Já não aguento mais ter de mentir e não dizer que tenho de mentir!
É escandaloso demais a vontade que tenho de lhe esventrar as entranhas, só de me lembrar falta de respeito e humanidade desse pacato monstro sem dó.
É um monstro açambarcador. Não poupa a alma, a vida, as vidas.
É horrível ter que esconder uma verdade que só alguns vêem, porque o maior cego é o que não quer ver. Quem sabe e o vê não pode falar, não o pode discutir nem gritar, uns porque não se podem deixar ver, outros porque não podem falar.
É um segredo no silêncio mudo, calado pelas amarras das próprias mãos. Chora de boca selada e mãos amarradas, grita em gritos mudos, gemidos e lágrimas de desespero, em tortura e agonia, porque só Deus os ouve, porque só uns quantos compreendem a dor de se ter de esconder com tanta vontade de gritar.    
Ter de fazer de despercebida, de cega para poupar alguém ao mais profundo e ignóbil sofrimento. Não sei se quem poupo o faria por mim, mas a dor de ver sofrer seria bem maior que este sofrimento.
Será que estou a agir bem? Será que estou a ser pior que o monstro por não contar a verdade? Quem me liberta desta cruz? Quem me livra deste sofrimento e faz o monstro recuar?
Que direito tenho eu de criar infelicidade, mesmo que saiba que seria o mais correcto desmascarar o monstro?
Quantos anos me pareceu que era ilusão minha . . . só agora vejo o que alguém já tinha visto, sem me explicar o porquê.
Ninguém foge ao destino!
Estou a arcar mais uma vez com o sofrimento para não ver alguém sofrer, alguém que não merece sofrer o que eu vejo que iria sofrer!
Estou a fazer bem? Estou a fazer mal?
A revolta que sinto tolda-me a razão.
Não tem vergonha!
Eu sou a filha!!!


domingo, 25 de março de 2012

A seu tempo os mistérios se revelam . . .

O dia misturava as nuvens com o Sol quente quando aparecia, deixando o seu rasto de luz quente que enche o peito e a alma. 
Estavas no meio da procura do local a que te dirigires e eu vi-te cá do alto onde tudo se vê e tudo é visto.
Apareceste atrás da distância e da frieza formal de quem vai ao encontro do concreto e não outra coisa que isso mesmo. Misturaste-te no público discreto e aparente, como convém, e fizeste o teu papel. 
Deixaste o espaço ao ar livre e caminhaste circunspecto para o interior da sala.
Entrei e sentei-me sem saber, ou perceber, que tinhas percepcionado espaço onde eu estava. Foste realmente discreto.
Mostraste-te interessado no que ouvias e entre a descontração do momento, esboçaste um sorriso inesperado na minha direção, como quem procura alguma cumplicidade. Não correspondi, não esperava.
Fiquei atenta para me redimir da minha indiferença e fiz-lo devolvendo no momento predestinado o mesmo sorriso de cumplicidade. 
Pouco depois levantaste-te e eu segui-te, o dever assim me obrigava. Estavas com pressa, outras prioridades ou obrigações te chamavam. Deste-me o cartão para quem de direito te contactar e desapareceste como apareceste.
Consegui ler-te alegria e tristeza, porque transportas contigo a dor da tristeza e a alegria da esperança.
Vi-te doce, sensível, frágil e todo o seu oposto, tens devaneios criativos, animalidade e muita intensidade.
Fiquei com medo e com vontade de um animal marinho que vê um brilho no fundo do mar, curioso e receoso.
Descobri-te sem poder dizer que te descobri, mas descobri-te.
És o que sei que és, mas deixo-te manter misterioso, porque não vi tudo . . . ainda há mistério e é assim que me puxas e me mantens desperta . . . 
Como em tudo, a seu tempo os mistérios se revelam e eu estarei aqui para me maravilhar com as descobertas esperadas e inesperadas.

sábado, 17 de março de 2012

Ego ferido

Não sabes porque estás sozinho, mas eu sei.
Não sabes porque te sentes só, mas eu sei.
Às vezes não sabes porque é que os outros te fazem sentir que és sozinho, eu sei e como sei . . .
Não te sentes como os comuns dos mortais, que são tão comuns como tu. Sentes-te no topo do mundo, mas ainda não atingiste o céu . . . não dizem que o céu é o limite?
És algo inexplicável que eu adoraria conseguir explicar ao teu ego ferido de quem foi magoado, de quem se tornou agressivo passivo, apenas para não envergar a espada e cravá-la esventrando com toda a raiva e ânsia de destruir a dor que te acompanha desde que acordas até que te deitas.
És ocupado, muito ocupado, porque ocupas o que queres que seja ocupado não por ti, mas pelo amor que suplicas silenciosamente. 
Sentes-te como se estivesses no meio de uma rua vazia, abandonada, apenas com marcas de pedaços de vidas, invadida pela tempestade; ao menos que algum relâmpago rasgasse o céu breu e iluminasse, nem que fossem por uns segundos, o que desejas resplandecer. 
Olhas o céu, com a cara salpicada pelas fartas gotas de água, e perguntas em pensamento "Porquê meu Deus??? Porquê??? Porque é que não me compreendem? Porque não vêem em mim o que em mim vejo, porque é que os outros são mais atrativos, interessantes e apaixonantes que eu?
Olha bem para mim! Já viste o que fizeste de mim? Já olhaste bem para mim?????
Eu tenho mais que eles, sou melhor que eles, eu fui mais longe que eles!
Eu minto? Eu minto e invento mais??? SIM!!! 
Mas o tanto que tento!!!
Porque é que não gostam de mim? . . . de mim!!!"
Olhas para dentro de ti e vês o quanto sofres pelo que verdadeiramente queres, imploras e suplicas. 
Tens tudo, mas não tens nada, gabas-te de tudo o que fazes para que gostem de ti e procuras magoar, porque em dada altura não olharam para ti. 
Guardas rancores antigos, mantendo viva a fera e fresca a sua ferida. 
Não sabes, mas consigo olhar e ver o que está dentro de ti fingindo que não percebo e deixo que te julgues superior . . . se isso te faz sentir bem, assim deixo! . . . mas olha, um dia deixo de fingir e aí serei implacável desferindo o mais profundo golpe no teu ego ferido e jorrarás todo esse sangue infectado e envenenado pela raiva e rancor do traidor expulso do paraíso. 
Voltarás a sentir-te leve, saberás o que é ser-se verdadeiramente realizado sem precisar de implorar, suplicar que gostem de ti, porque dentro de ti estarás preenchido e cheio de esplendor. 
Renasce livre, emanando luz de dentro de ti. 
Assim seja.

Gosto de alguém

Sabe bem gostar sem sequer querer saber se se é gostado.
O que importa se eu gosto de gostar de quem gosto?
Sabe bem e pronto!
Gosto de alguém. 
Não quero saber se esse alguém me corresponde, não é isso o mais importante. 
Mas sabe tão bem gostar desse alguém que me responde sem responder!
Não és um Ti, Existência, és apenas Tu . . . és o que és.
Não lembro se és bonito, mas isso neste momento já não importa, se tu és simplesmente tu!
Sabe tão bem não querer saber se ficas mais alto ou mais baixo quando de saltos me coloco.
O que importa se o que me apaixona não se vê à vista desarmada?. . . só os olhos de um coração limpo vêem o que eu vejo. Será que mais alguém vê?
Apareceste no meio do nada, no espaço vazio onde não havia ninguém que tivesse o que tu tens dentro de ti. 
Não te procurava, mas achei-te sem saber que eras a paz que eu gosto e preciso.
Não me importa o que se segue, porque só se segue o que importa.
Neste espaço sideral já não sou senhora do meu nariz, domadora da realidade, sou a aventureira aberta ao desconhecido, sigo a brisa que vem de onde vem, porque cheira a mar salgado, cheira a areia da praia abraçada pelos raios de Sol e acarinhada pelas ondas do mar. Vem de ti? Talvez, mas o que importa se o mais importante é saber que existes e apareceste?

quarta-feira, 14 de março de 2012

GOSTO DE SER ASSIM

Porque é que as nuvens trazem o lixo que há dentro de nós?
Porque é que não conseguimos falar e perceber mesmo que falemos a mesma língua?
Porque é que não nos deixam respirar fundo e em paz?
Porque é que no meio disto tudo não me sinto contente?
Porque é que as agonias voltaram?
" . . . falas muito . . . onde é que está o off? . . . "
Faz, não faças, mexe-te depressa, vais com muita cede . . . a vontade de dizer "sabes, eu viver tem o custo de XYZ, o que tenho em troca é apenas dois terços do que preciso para uma parte se manter, fora a parte que me permite manter viva e ainda ter que parecer viver como se de tudo sobejasse!" 
Desenganem-se, porque . . .
Sou lunática? . . . SOU!
Sou irrealista e guio-me pela minha própria ilusão? . . . SOU E SIM!
Tenho a mania da perseguição? . . . TENHO!
Sou desequilibrada e alimento interesses alheios aos meus? . . . SOU E SIM!
Sou excessivamente emotiva? . . . SOU!
Aprendo rápido? . . . NÃO!
Sou lenta a absorver alguns pormenores da vida? . . . SOU!
Sei apenas ser uma parte quando tenho que ser apenas uma parte? . . . NÃO!
GOSTO DE SER ASSIM???? . . . AMO!!!
Gosto de mim com todos os meus medos, com toda a minha cede em ir ao pote, com todo o meu excesso de gosto de falar, " . . . és muito ansiosa, não deixas que as pessoas terminem o raciocínio. . .", com toda a minha loucura " . . . queres sempre mostrar que . . ." e excesso de confiança e excesso de insegurança. 
Gosto de mim assim mesmo, gordinha ou cheinha " . . . és alta disfarça!", com esta cara de quem tem 10 anos a menos, com esta personalidade de alguém muito novinho, com esta ingenuidade e imaturidade que não é normal para uma pessoa da minha idade, com esta maneira de falar de pessoa 15 anos mais nova.
EU GOSTO DE MIM ASSIM!!!!!! OK?
Rói-te aí por eu ter o que nunca terás mesmo que chegues à minha idade, mesmo que sejas super interessante, uma beleza deslumbrante, genial e com aura de sucesso.
O que me move já não existe em muitos cantos deste mundo, é eterno, mas privilégio de apenas alguns.
O que me move vai além dos egos, do meu ego, do meu corpo . . . o que me move tem alma!
O que a minha alma move ultrapassa-te para lá da tua imensa sabedoria, ambição e frescura envaidecida.
Julguei, cometi o erro da minha existência e enganei-me. Também me julguei dona de muita sabedoria e caí!
Atenção que ainda és jovem e já tens fraquezas; já cometi os mesmos erros que tu!
Aproveita a sorte que nasceu contigo e cuidado . . . também tens um ego!