sexta-feira, 22 de maio de 2015

Quanto tempo leva . . .?

Quanto tempo leva o amor a nascer?
Quanto tempo leva o amor a crescer?
Quanto tempo leva o amor a se render?
Quanto tempo leva o amor a florescer?
Quanto tempo leva o amor a se envolver?

Quanto tempo leva tudo a remexer?
Quanto tempo leva o tempo a desenvolver?
Quanto tempo leva tudo a se reabsorver?
Quanto tempo leva o tempo a perceber?

Quanto tempo leva o desejo a remoer?
Quanto tempo leva o desejo a perceber?
Quanto tempo leva o desejo a aprender?

Quanto tempo leva o abraço a envolver?
Quanto tempo leva o retorno a acontecer?

Quanto tempo levamos nós a perceber?


terça-feira, 28 de abril de 2015

Falcão Decrépito

Tem olhos de falcão, mas as garras estão velhas, as penas estão gastas, o faro é de vampiro mas a batalha está perdida. Luta com o tom gutural para que a presa se aproxime, mas é decadente a sua prosódia, está destruída porque o seu tempo de falcão é de outra era e nada tem a ver com esta era e estação do ano.
O falcão está e é decadente, não tem brilho nem vergonha só porque é falcão, mas não percebe que já está perdida a sua guerra e todas as suas batalhas. Devia encher-se de vergonha e retirar-se do campo de batalha onde um dia será morto pela sua impertinência, pela sua falta de consciência, mas insiste em, como tem as armas de um falcão novo, mas até as presas mais distraídas se apercebem da sua presença pérfida e enfadonha.
Quando se é um falcão novo e viçoso tem-se brilho, tem-se uma força natural e nada que se meta pela frente é obstáculo, porque quem brilha com tal luminosidade até as estrelas do céu atrai, mas quando o tempo passa e se chega ao momento de retirada passa-se a ser pedra num sapato novo que se quer deitar fora para que que a caminhada seja mais confortável, já que até o sapato novo pode causar bolhas nos pés, assim o falcão decadente deve retirar-se do caminho de quem ainda tem a vida pela frente.
Cheira mal o falcão desmascarado, olha com cobiça e resmunga como se tivesse o direito de se colocar em algum trono de imperador ou realeza fidedigna.
Mete repugna e não se repugna da sua ausência de sobriedade, é patético e caquético o mal amanhado, andarilho sem trilho tentando importunar quem pretende distância de tal gosma.
As presas pequeninas são as mais fáceis de apanhar porque não distinguem bem as penas dos varões e dos decrépitos.
Apenas algumas presas se deixam aproximar porque elas próprias são presas de si mesmas, mais vale assim que nada ou pior . . . Que triste é a vida de quem não quer ver a realidade das penas decrepitas como se ainda fossem alguma coisa de deslumbrante, que pena, mas quem se contenta com isto não quer ver a realidade miserável em que se tornou o falcão cuja época de caça já passou há já muito e agora que se contente com o que tem porque sorte tem ainda por parte de presas que são presas delas mesmas.
  

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Já não basta . . .

Já não basta o charme que desfila sobre o chão polido. Já não basta o olhar felino de quem nada quer, mas que tudo deseja. Já não basta cada cabelo penteado quase próximo da perfeição adequada ao rosto e o jeito do cabelo como se tivesse nascido para ser assim . . . já não basta!
Já não é suficiente que se ouça o que se quer ouvir, não basta ter queda para o que não alcança ou nem se quer alcançar, já não basta nada do que bastava antes de alguma coisa.
Antes de o ser já estão as cartas todas na mesa, o jogo está todo visto numa unilateralidade que assusta e nem se quer se quer ser tentado, porque já está tudo visto. A cada passada que dá é uma carta da mesa que se vira e que se mostra sem querer mostrar.
A essência envolve a substância e as regras do jogo invertem-se. É como se tudo o que se é fosse o que cobre tudo o que se quer mostrar. As peças do jogo estão translúcidas e de fora dá para ver o que está dentro como se mais nada houvesse que cobrisse. Mas a carne é fraca e deseja o fruto proibido como como Eva à maçã, mas desta vez apenas é a Eva que come a maçã e deixa o Adão pensar que sabe alguma coisa do mundo dos sentidos.
Já não basta a idade que confere sabedoria, já não basta a experiência de vida que sabe estremecer estruturas mais sólidas, já não basta a sabedoria que confere à idade.
O mundo do invisível abre-se ao mundo do visível, mesmo que não o queira, e qualquer tentativa de ilusão fica desiludida pela sua perda de poder, mas a carne é fraca . . . mas tão pouco fraca que fica desiludida a cada página que vai desfolhando do segredo mais profundo da vida das ilusões cativantes.
Já não basta ser esperto, é preciso ser-se inteligente e não subestimar o inimigo que lá terá as suas qualidades mesmo que o que tenha mais peso seja o vazio do narciso que se afundou por tanto venerar a sua própria beleza, a animalidade do predador que controla a sua presa com aparência de indiferença como se o mundo lhe pertencesse e qualquer outro animal na sua presença fosse ou mais um troféu ou mais uma pressa fácil. Mas subestima o predador a sua presa. Não sabe que a arte da sabedoria pode chegar mais cedo ou mais tarde a qualquer um!
Já não basta ser belo, ter o charme que desfila sobre o chão polido com passadas peso pluma para não afugentar as presas. Já não basta ser quem é em si mesmo um animal felino, um predador sanguinário que como o vampiro a sua presença é doentiamente apetecível, a sua aparente humanidade quase perfeita . . .
Já não basta . . .  

segunda-feira, 30 de março de 2015

Verniz

Não se deixe estalar o verniz. Paga-se caro por ele. É a máscara que cobre o que por baixo se assemelha a folhas velhas e já sem brilho. Faz de conta que faz parte da decoração esse parecer de sofrimento polido com ar de decoração nova art decor. Deixe-se estar aí o verniz, que não se lasque que a verdade vem ao de cimo e o que não presta vem com o seu cheiro a podre e sem o polimento do verniz esse cheiro impregna as narinas com tal acre que tudo se afasta.
O verniz só serve para embelezar, disfarçar, em alguns casos dá realce, mas nunca passa disso, verniz . . .
E se ninguém usasse verniz, o que é que se veria?
Qual seria o cheiro?
Será que se poderia tocar?
Será que se quereria tocar ou aproximar?
Não, é a resposta a todas as respostas, mas e será que queremos viver sem verniz?
"Tem que se relativizar as coisas", diz a sapiência de quem já viveu esta vida. Pois assim se faça e se silencie o que deve ser resolvido e que se deixe o verniz brilhar, mesmo que os contornes das coisas sejam meio estranhos, feios e que não se perceba bem como é que se conseguiu que o verniz chegasse a tais locais tão obscuros que nem os raios de Sol alcançam. Mas o verniz tem essa capacidade, de chegar a onde menos se espera.
A nossa imperfeição tem essa arte, a de fazer chegar o verniz ao mais profundo formato de imperfeição, não importando se são espinhos, se são veredas, se são as vestes que escondem a realidade não desejada, se é o pensamento que sai da boca com o polimento mais desejado.
Na verdade digo, é mesmo isto que o mundo pede sem o querer. Na minha terra pode chamar-se psicose, ou neurose, ou surto ou fortaleza, ou algo pior: Hipocrisia.
Não, não é necessário expor os podres, mas sim resolvê-los quem os quer ver resolvidos, para não ter que usar tanto verniz para que se mantenham os podres.
Não sei o que dá mais trabalho, resolver os podres ou se manter o verniz sem o estalar.
Mas e se o verniz estala?
E se as coisas começam a libertar o cheiro?
Ou será que toda a gente vê que o brilho é artificial e como faz parte do sistema assim se mantém para que não haja confrontos com a realidade?
Quanto mais não vale uma fantasia em relação ao verniz, sabendo que é apenas uma fantasia com consciência e alguma vontade escondida que essa fantasia se realizasse?
Ao menos a fantasia não é algo que esteja à vista de toda a gente, apenas aos olhos de quem secretamente a tem, mesmo que essa fantasia seja impossível aos nossos olhos é a realidade que olhamos para sarar a ferida sem ter que recorrer a verniz.
Há fantasias que se tornam realidade enquanto que outras não, porque não se coadunam com a realidade, porque o sentido que fazem é absolutamente nenhum seja aos nossos olhos ou mesmo aos de Deus, mesmo que desconheçamos os desígnios de Deus.
Aos meus olhos o verniz serve apenas para superfícies materiais tais como as unhas, chão e coisas assim.
A vida carregada de verniz, um dia estala e eu não quero fazer parte nem desse verniz nem do que está debaixo desse verniz!

sexta-feira, 20 de março de 2015

Labirintos

Às vezes entramos numa estrada que não tem saída mas como o calor é tanto e tão sufocante que vemos uma miragem de um oásis e corremos para ele. São as ilusões das miragens dos desesperados que procuram a saída que afinal de contas é apenas um labirinto.
Chegamos lá e é apenas um muro cinzento escuro que nos obriga a voltar o caminho todo de volta ao ponto de partida. Experimentamos mais uma saída sem ainda nos apercebermos que estamos dentro de um labirinto e andamos, mais um pouco à frente corremos até que damos com uma saída com duas opções ou três e vamos pela que nos apelar mais, mesmo que as ideias estejam todas baralhadas e a roupa colada no corpo do calor e a boca seca. Corremos com todas as nossas forças e fazemos uma pausa, sentindo um relógio que faz tic-tac tic-tac tic-tac e não vemos o ovo do País das maravilhas a fazer malabarismo sobre o muro e a dar-nos conselhos e paramos mais uma vez, coçamos a cabeça transpirada e olhamos para cima e vemos o Sol que queima e procuramos uma sombra.
Passamos a vida nos labirintos escondidos dentro de nós, porque o que vemos cá fora são as miragens. Vivemos a Alegoria da Caverna, porque o que vemos são apenas as sombras do que as coisas realmente são. Mas queremos como as coisas realmente são?
É a eterna pergunta carregada se, e se, e se, e se, mas o que é certo é que andamos rodeados de paredes que constituem isto a que chamamos vida. O relógio stressanos porque não há tempo a perder e cada minuto que se perde é precioso e o tic-tac tic-tac tic-tac continua e voltamos a correr e a depararmos-nos com outra miragem que esconde outro muro que nos barra.
A vida é labirintica e leva-nos aonde não esperamos e só nos apercebemos que lá estamos depois de vermos os seus contornes e mais uma vez estamos na estrada que é parecida com a outra e com o mesmo Sol que nos queima após todos os percursos. A vida é isso mesmo com uma brisa de vez em quando para recuperar o fôlego e continuar mesmo que tenhamos que transpirar para sair de um labirinto que não é mais que um acontecimento.

Não basta renascer

Não basta renascer, é preciso viver as coisas certas, mas quais são as coisas certas?
Escolhas correctas?
Não sei responder.
Não basta sair a Fénix da cinza ou da poeira de alguma coisa que não era uma Fénix. Não basta!
Não basta deixar as coisas acontecer, não basta participar nas coisas para que elas aconteçam.
Mas o que é que basta?
Uma mão invisível?
Um trovão no céu que diga "chega e faça-se"?
Não, não basta, nada é suficiente para que tudo aconteça, tudo tem que existir. Mas queremos que tudo exista?
Mas, e se não gostarmos do que existe?
E se o que existe é pesado demais, mesmo que O que em tudo manda acha que é leve para nós?
Mas o que é que basta?
Ter certezas, nunca se tem, dúvidas são sempre mais que muitas seja numa direcção ou noutra, mas sempre viveremos na dúvida, na incerteza do que basta e na dúvida do que faz sentido e não faz sentido, porque vêm sentidos de todo o lado.
Basta acreditar. Será?
O que é que aconteceu a tantos acreditares?
Não se acreditou o suficiente, mesmo que se tenha renascido das cinzas de outra coisa qualquer e que se tenha renascido e vivido?
Quantas perguntas sem resposta, assim como são as respostas sem as perguntas feitas mas todas elas existem, as dúvidas, as respostas o que basta e o que não basta o que tem sentido e o que não tem assim como os ciclos que não se quebram e os que se quebram para nascerem Fénixes e brilhar de novo, mas onde brilham as Fénixes e as coisas que renascem para viver em brilho?
Não sei. Não sei agora e mais uma vez no fim de cada capítulo toda esta confusão fará sentido, pelo menos assim espero.
Não basta renascer, é preciso viver, porque renascer sem viver é o mesmo que não existir.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Batalhas

Batalhas e batalhões se amontoam às costas do indivíduo. Pessoas lutam contra os seus fantasmas e os fantasmas lutam contra os indivíduos. Os fantasmas têm as suas raízes muito profundas e não querem abandonar o indivíduo, porque sem o indivíduo não são fantasmas, mas sim apenas memórias passadas de alguma coisa que foi grande, profunda e que alcançou o indivíduo da forma mais cruel, da forma mais derradeira.
Batalhas e batalhões lutam entre si porque os batalhões de fantasmas não são nada sem o indivíduo. Cercam-no, fazem barricadas, fazem tortura diária até que o indivíduo pereça em vida tornando-se vítima de si próprio.
Singelas coisas são agulhões para os fantasmas, singelas palavras que cortam raiz a raiz, deixando o espaço aberto a outras raízes que se não forem semeadas as boas sementes, florescerão outras raízes fantasmagóricas ocuparão esse espaço que se chama oportunidade de dar a si mesmo boas oportunidades.
As novas raízes levam tempo a crescer e até serem firmes, as outras raízes velhas e inúteis continuarão a tentar ocupar o espaço limpo, varrido, aspirado.
Mas vale a pena desenraizar os velhos e feios fantasmas para fazer crescer a boa nova, para colocar o que era suposto estar.
É bem vinda a boa nova, a boa vida mesmo que ainda habitada por velhos e assustadores fantasmas. Mudar de vida é um acto de coragem para poucos que querem arrancar de dentro de si mesmos esses moribundos que já são passado no presente.
Batalhas e batalhões derrubam-se ora uns ora outros, mas ao mínimo espaço limpo e varrido coloca-se a boa semente, mesmo que esta tenha por cima da sua cabeça a batalha do sim e do não, do vai e do vem, dos opostos todos uns contra os outros, mas é apoiada pelas mais belas obras oferecidas pelas raízes que tiveram a oportunidade de ganhar espaço.
Por isso pouco a pouco arranque-se as raízes dos velhos fantasmas acomodados, dos tétricos que nos mandam para trás em vez de para a frente com a força de mil tempestades para que depois da tempestade venha a bonança, onde havia fantasmas assustadores existam apenas flores e anjos a brilhar alegrando a vida.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Marte e Terra

Não me conheces mas chegaste lá. Talvez nunca nos venhamos a conhecer, ou talvez sim, mas o facto é que da tua boca saíram tantas palavras que sairiam de dentro de mim mesma em tantos outros momentos, noutras ocasiões, noutros contextos, mas não sei como, o que é certo é que me fazes querer aproximar-me de ti mesmo que aos meus olhos seja impossível.
Eu venho de Marte e tu és deste mundo. Mas o que é certo é que sem me conheceres entendes-me como poucos. É difícil ter que ser assim, mas que posso eu fazer?
Marte está longe da Terra e a viagem que eu teria que fazer para to dizer levaria talvez a mesma eternidade que levei até saber que existias.
Como muitos poucos fizeste o que faço, falar por alguém ou por si mesmo onde existe um entendimento de onda muito forte. Pelo menos é o que sinto e é difícil deixar de te ouvir sem reconhecer cada momento em que se viveu o que foi escrito, nem que por momentos muito breves e quase à velocidade da luz, mas com a intensidade do sol no coração.
Ao menos sei que também existes e mesmo que não sejamos almas gémeas fico feliz por mostrares os símbolos que me guiam, as palavras que a minha alma expulsa, nas notas que gostaria de saber tocar.
Não sei bem a quem agradecer, ou talvez saiba, mas fá-lo-ei no momento certo, faço-o também a ti cantares as palavras do que tantas vezes senti não tendo vivido a mesma vida, nem ao mesmo tempo nem no mesmo planeta.
Tu és de Terra e eu de Marte, mas seja como for, obrigado por me fazeres sentir que há bem mais gente que sente o mesmo que eu sendo público ou anonimato.
Tudo o que vos desejo é o mesmo que desejo a mim, tudo de bom mesmo que eu seja ou esteja em Marte e tu na Terra.
Obrigado e sucesso

sábado, 24 de janeiro de 2015

Não me lembro . . .

Não me lembro de ter tantos ou tão poucos amigos, aliás pouco me lembro de alguma vez ter centenas de amigos. Sei que uma ou outra pessoa era minha amiga, que uma ou outra pessoa se identificava comigo, lembro-me de algumas gargalhadas que vieram do fundo da alma com uma ou outra pessoa, mas amigos, mesmo amigos o foram muito poucos em especial quando mais precisei, quando o suposto não era perguntar mas sim responder e ouvir.
Não me lembro de poucas pessoas que me tiveram como o seu braço direito, que me tiveram como o seu confessor, que me tiveram como alguém que as compreendia. Que desigualdade!
Voltaria a dar o meu ombro, a ser o confessor, a ser ouvinte e tudo mais, mas não sei até que ponto esses mesmos seriam capaz do mesmo, independentemente dos anos que passaram.
Sei de muitas que querem saber para ser tema de conversa, de muitas para as quais sirvo para rir nas minhas costas, muitas que eram capazes de cuspir na minha passagem por elas e daquelas cujo sorriso custa mais que serem espetados por uma espada no estômago.
Que mundo este . . .
Simpatizo com quem nunca conheci pessoalmente, mesmo que a pessoa seja um desgraçado que não merece a atenção nem do mais inocente neste planeta, mas talvez a isso se chame ilusão pelo que é mostrado ao mundo e não pelo que é mostrado pelo verdadeiro contacto. Será que teria a mesma opinião depois de o/a conhecer?
Será que a minha opinião se manteria ou seria mais uma ilusão pelo brilho dos escaparates?
Nos trintas já era suposto saber um pouco mais sobre o mundo, sobre a vida, como saborear a vida. Nos trintas já era suposto ter perdido a inocência e não apenas a cor de alguns dos meus cabelos.
Nos trintas já era suposto ser algo diferente, ter uma perspectiva da vida e das amizades um pouco diferente, ter uma consciência madura, uma consciência tendendo para a procriação ou multiplicação, mas como se diz "se a vida te der limões, faz limonada" e a minha limonada não é doce, não é convidativa, porque muitos dessas centenas de amigos não gostariam de a beber; bebo-a com os mais próximos que têm coragem de a beber e sentir o seu amargo sabor.
São tão poucos os verdadeiros amigos que aceitam beber a tua limonada que tão pouco ou quase nenhum doce tem; são tão poucos aqueles que conseguem ter a humildade de não desvalorizar e não querer adicionar limões ácidos e amargos à tua vida, são tão poucos . . .
São tão poucos os que te conseguem perceber a tua dor e são tão poucos os que conseguem ver-te e aceitar-te tal como és, nas tuas fraquezas e fortalezas, são tão poucos os que mesmo à distância conseguem sentir uma mescla de compaixão nos momentos duros da vida, são tão poucos.
Nada podes fazer senão entregar às mãos Dele, porque ele não te julga apenas espera que te consigas libertar e dar um passo de cada vez em função das tuas forças, em função das tuas capacidades no momento.
Conheço mesmo, poucos, muito muito poucos que queiram ser um pouco mais parecidos com Ele, poucos, muito poucos que queiram ser como Ele . . .
Mas é o mundo em que se vive, é este assim como está ou como é, por isso faço a revisão da vida para perceber quem é o quê e quem é para o quê, quem é para quando e o quanto alguns assustam só do seu murmúrio.
Não me lembro de muita coisa de alguma gente, mas sei as marcas que deixaram imprimidas na minha pele de dentro a que não se vê, mas que sempre existiu.

O medo

Se eu dissesse que o que magoa não tem cara, apenas sentimentos, ninguém acreditaria . . . mas alguns sabem o que é ser magoado pelo que não tem cara. O medo não tem cara, o pânico não tem cara, nenhum sentimento que possa vir de onde vier não tem cara e assume as formas mais inesperadas.
Se eu dissesse que tenho medo e pânico ninguém acreditaria, porque a lógica assim não o permite.
O ser corajoso está entre o pânico e o medo que às vezes não tem a bravura que deveria ter para afastar ou um ou o outro.
"Mas tens medo do quê?"
Simplesmente tenho medo e isso por si basta. Perde-se a coragem por tanto ou tão pouco. Medo de confiar, medo de acreditar, medo se ser enganado, medo de não poder pensar que alguém é bom logo à partida . . .
"Mas porquê?"
Porque a vida nos obrigou a viver debaixo do medo que nos consome a alma, a tristeza de não se poder ser como outra pessoa qualquer livre das suas prisões internas que causam medo.
O medo é como o frio, gela-nos e põe-nos a tremer como se estivéssemos a ser regelados por dentro. O medo cria prisões, cria grades pelas quais é quase impossível ultrapassar. O medo não tem cara, mas assume formas dolorosas, formas que como espinhos cravam a pele e lhe deixam feridas pelo rasgo que fazem na pele e na carne.
Estou farta de viver debaixo do medo, essa prisão que deixa marcas muito profundas, que deixam o corpo em sangue.
O medo faz sentir o sabor de sangue na boca o qual queremos vomitar, vomitar o medo e as suas formas, vomitar o medo e as suas formas de existir, porque é a tortura que não se vê, é a pedra que queremos tirar de dentro do sapato, mas que está num sitio onde não temos acesso senão apenas o próprio pé.
Viver debaixo do medo é aterrorizante, limitador, assustador, impede-nos de agir de uma forma feliz, impede de sermos nós mesmos e em excesso de vigília a dormir ou acordados, é como uma lapa que se encrosta na pele e nos impede os movimentos.
O medo é o nosso maior inimigo, o nosso castrador mor a besta que nos aprisiona de viver.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Os Seus chamamentos . . .

Há coisas que nos acontecem na vida que nos deixam em pânico, sem ânimo e quase que destroem as nossas estruturas, mas há Um que nunca nos larga, nós é que nos esquecemos Dele. Ele vai colocando coisas, obstáculos, pessoas no nosso caminho para que despertemos, nos lembremos Dele, porque Ele ama-nos muito mais a nós, que qualquer pessoa deste mundo. O Seu amor por nós é de uma beleza sem igual, é mesmo um estado de Paixão, assim como os seus anjos e os seus arcanjos e santos que sentem glória na nossa alegria e verdadeira dor na nossa tristeza ou esquecimento, mas nunca deixando de nos amar como assim foi no Princípio, Agora e Sempre.
É difícil de perceber o Seu amor se nós vivemos em sofrimento, mas não será esse o meio de aprendermos algumas das suas lições?
Mas nem todas as aprendizagens vêem do sofrimento, algumas vêm dos exemplos dos outros ou Dele, o Seu Filho, mesmo em estado de alegria sem mácula, sem dor, mas outras vezes é complicado de perceber de onde provem a dor, eu sei . . . Mas sabem que mais? Ele existe e está entre nós, mesmo que nem sempre nos apercebamos que a sua benignidade é superior a qualquer um de nós mesmo que sejamos Seus filhos.
É dura essa prova? É, e nem sempre a conseguimos perceber logo o que é que está a acontecer, porque é que está a acontecer e como vamos ultrapassar, mas de repente surge uma resposta que nos faz entender que Ele apenas estava a soprar nos nossos sentidos e sentido da vida e a querer que voltemos para Ele em vida, sim, em vida.
Poderia falar de milagres, poderia falar de eventos fantásticos que Ele faz na vida e na casa de cada um de nós, porque seria apenas um grão de poeira em todos os universos, apesar de mostrar uma pequena parte da Sua força e poder por Amor que é maior que imaginamos, factos esses que nos lembram que Ele é a sua força que destrói a dor, o sofrimento, liberta-nos de tanto.
Que pena não percebermos que o que Ele quer é que sejamos seres viventes livres das amarras do que é vil e desprezível, do que não nos enriquece com coisa alguma a não ser a nossa fraqueza e pequenês,  mas não sendo perfeitos somos Seus amados filhos
O tempo que levamos a olhar com olhos de ver é diferente de pessoa para pessoa e não podemos censurar por mais tentador que seja, pensemos apenas "ainda não percebeu, mas um dia, quem sabe . . .", assim será mais fácil de viver entre o que nos magoa, mesmo que nos sintamos tentados a dizer um monte de coisas que um dia poderiam voltar-se contra nós. Ele faz-nos aprender pelas formas mais duras e diversas até que percebamos que fomos o que não era suposto ser até aprender.
Mas há os que são surpreendidos pelas provas mais inesperadas e aí é que temos que ser grandes como o Seu filho foi e dizer com a nossa maior humildade "Estou nas Tuas Santas Mãos, Velai por mim, Tende piedade de mim que perante Ti estou com tudo o que sou" e deixar que a vida O deixe agir, O deixe tomar as devidas providências mediante os planos que Tem para nós, que são maiores que o que desejamos ou peçamos.
Os Seus chamamentos estão abençoados e os Seus planos para cada um de nós abençoados minuto a minuto, segundo a segundo.
Então tenhamos a nossa Fé que Ele sabe o que é  e há para cada um de nós.

Beijinho grande GM

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Escondo-me atrás do pôr do Sol

Escondo-me atrás de um pôr do Sol, aonde não me possas ver e tento imaginar como seria se me pudesses alcançar. Escondo-me atrás do teu pôr do Sol, porque é atrás do pôr do Sol onde eu vivo, onde a minha vida ganha vida onde o tudo é tudo e nada é nada.
Escondo-me às vezes atrás de ti para quando virares a cara apenas me veres de perfil, porque de frente não quererias ver, não tinhas coragem e sentirias vergonha de tudo o que tu és, mesmo que não fosses muito diferente de mim.
Escondo-me por detrás de um pôr do Sol e às vezes de ti ou às vezes atrás do nascer do Sol, porque mesmo que tenhas a tua sombra a mim nunca me apagará, porque estou sempre lá.
Escondo-me onde tenho a paz, mesmo que seja à vista de quem não merece olhar e ver-me, por isso o pôr do Sol e o seu nascer dá paz e não sente vergonha de si ou de mim.
Escondo-me às vezes nas costas das tuas mãos para ver o teu gesto de grandeza ou de pequenez e saberei onde tocas e a quem acaricias o rosto.
Escondo-me por vezes debaixo da tua pele para sentir se debaixo dela existe calor e braseiro ou se emana o frio e gelo da tua alma ou se ainda tens uma réstia da pureza da vida.
Escondo-me às vezes dentro das tuas vestes para sentir o teu coração bater, para sentir a vida que tens em ti. Mas o pôr do Sol mostrou-me que o seu calor é mais duradouro, porque está sempre a pôr-se onde quer que seja e a nascer noutro lugar e o seu calor é mais infinito que a minha própria vida, é mais puro que eu, é mais angelical que alguém que se tenha como gente O Sol não me julga, ama-me só pelo facto de eu querer estar lá, por ser tão grandiosa a sua generosidade em aquecer quem dele precisa, quem dele alimenta, quem nele acorda porque renasce noutro lugar, porque o pôr do Sol aqui é o seu nascer ali, porque o mesmo Sol que se põe é o mesmo Sol que nasce todos os dias, mesmo que o céu esteja coberto de nuvens, mesmo que a chuva caia e me molhe o corpo e a alma, porque é o mesmo Sol que alegra a vida e alivia as nuvens negras dentro de mim. Por isso, escolho esconder-me atrás do pôr do Sol, porque ele ao mesmo tempo está a nascer, a partir e a chegar tão simultânea e perfeitamente como da perfeição de Deus pode vir!  

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Parecenças e Ilusões

Como espectacular está a Lua!
O Sol pôs-se para que ela reflectisse o seu esplendor, para que ela dissesse que ele estava aqui e ela ali.
Como belo é o nascer da Lua, só porque o Sol se põe!
A Lua reflecte toda a beleza do Sol quando o Sol se quer mostrar belo no seu nascer noutro ângulo do mundo.
A Lua e o Sol cruzam-se no Inverno e afastam-se noutras estações para o seu novo reencontro, para dizerem que tinham saudades um do outro. A Lua reflecte o Sol dando a ilusão de um novo Sol posto espalhando a sua intensidade, assim como um rosto que se confunde com outro, mas não nos podemos deixar cair na ilusão. A Lua pode parecer o Sol posto, mas nunca o Sol será Lua nem a Lua o Sol, mesmo que lhes chamemos astros. Uma cara nunca pode ser outra, porque mesmo que se assemelhem, são pessoas diferentes a ser coisas diferentes. Mesmo que os rostos que se confundam, porque numa determinada luz certas semelhanças saltam à vista, se procurarmos no que se parece o original no que se parece com o original, estaremos a enganar-nos a nós mesmos e a quem se parece com quem gostaríamos de estar. É como a Lua que parece um Sol a nascer, mas nunca o será. Uma coisa é uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Cairíamos no engano querer adorar a Lua como o Sol e o Sol como Lua!
Assim é como alguém que nos foi ou ainda é querido não o podemos encontrar no que se assemelha, estaríamos a trair o parecido com quem queríamos estar na realidade e a perpetuar o que já deixou de estar, ou que já não quer estar, ou que nunca quis estar.
Tal como a Lua será sempre uma Lua, quem se perdeu será sempre quem se perdeu. Se nos quisermos iludir veremos o Sol na Lua, quando a cor vermelha será sempre o reflexo do Sol, e nada mais que apenas um reflexo e não a coisa em si.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Adeus!

É com triste pesar que me despeço de mim, de tudo o que fui ou quase tudo. Resta-me pouco mais que alguma ou qualquer coisa. Despeço-me de mim, de ti de tudo o que anda e respira.
Não, não me vou suicidar, nem tentar tão pouco, isto é apenas um adeus tal como uma limpeza que se faz ao espírito, tão somente quanto isso.
É a despedida de tudo o que tenham conhecido, tudo o que eu tenha dito, tudo o que de bom ou mau que tenha feito e não feito, é só uma despedida por perca de fé em quem quer que seja por busca exaustiva dela.
Não te sintas ofendido ou ofendia, mas a dura realidade está a ensinar-me a olhar para dentro das pessoas e tentar encontrar algo verdadeiramente abençoado.
Não me estou a tomar como acima de ti, mas apenas busco um pouco mais e tenho dificuldade em encontrar. Não te estou a chamar estúpido ou estúpida, apenas há coisas humanas, ou que supostamente deveriam ser humanas e não encontro.
Comecei pela limpeza, porque deixei de coleccionar pessoas num jogo da acumulação que se deu o nome de livro de caras e tantas que não passam disso . . .
Quem me quiser retirar do seu livro de caras sinta-se na liberdade e verão quantas mais sentirão vontade de o fazer.
Não, não vos estou a chamar estúpidos, desprezíveis ou inúteis, apenas quero dizer que usamos tantas vezes coisas digitais para nos sentirmos vivos, quando secretamente já desistimos de viver, ou melhor, já não sabemos o que é viver.
Isto é uma despedida de alguns sorrisos, de alguns risos, de alguma coisa de tudo o que a minha criatividade e existência sentiu a dado momento, pedaços de entrelinhas e experiências de escrita, dando vos a liberdade de tudo mais alguma coisa que queiram imaginar sobre o que quer seja base de cada texto. Afinal, sempre foi essa a liberdade que vos ofereci, a liberdade de imaginar e interpretar o que quer que seja, uns acertando, outros ficando longe e até quem nunca tenha entendido frase alguma porque não era óbvio, porque não havia nomes, apenas pedaços ou momentos e apenas isso. Agora a todos esses clarifico alguma coisa, em especial aos que nunca conseguiram perceber nada, alguma coisa de qualquer coisa ou que não tenham entendido frase alguma.
Hoje assim é. O meu momento fúnebre de todo o meu excesso de querer mostrar ao mundo que gosto de algo e que o faço por gosto, não porque me sinta um génio, mas apenas porque apenas sou, apenas sou e nada mais; limito-me a ser ou limito-me a ir sendo, porque somos todos um ir sendo.
Não tenho muito mais a acrescentar para lá do que já foi dito e repetido com palavras diferentes, mas envolvendo diversas vezes o mesmo. Hoje é a minha despedida de mim e de quem se esforçou para perceber o que tenha sido descorrido em palavras que se repetiram vezes sem conta.
Então por aqui me fico até à minha ressurreição se ela assim acontecer.
Adeus!

Recado . . .

Que engraçado . . .
Força . . . a humilhação dos outros é o teu apanágio!
É assim?
Quem pensas que és?
O rei da humilhação pública?
Achas-te o dono do mundo???
Desculpa, mas Ele ainda não desceu . . . mas não deve estar muito longe de chegar!
Ele há de descer e perguntar-te o mesmo que me vai perguntar e aposto que teremos respostas diferentes, só um de nós quererá livrar-se de tudo o que nos faz tão imperfeitos, ou vis,  ou o que quer que seja que nos tenha sujado a alma até à sua mais profunda réstia.
Não sou perfeita e dizê-lo-hei enquanto assim o puder, mas as minhas faltas já pedi perdão e tentei perdoar as tuas, mas estás a tornar isso mais dificilmente que o que eu gostaria.
És a coisa mais difícil de perdoar antes, durante e depois do que fizeste!
Tens o poder da manipulação do que quer que seja para me tornares naquilo que na realidade e verdade és . . . e para piorares, ainda te orgulhas de sê-lo mesmo que te escondas atrás de armadilhas e quase invisibilidade. O mínimo que te posso chamar é cobarde!
Mas quanta tristeza é em se ser orgulhosamente cobarde!
Estás feliz no meio da tua cobardia?
Parece que sim e o quanto triste és . . .
O que fizeste para me denegrir, ainda mais que também eu sou tão perfeita como tu, mas com um pouco menos de defeitos e falta e coragem para fazer tamanha artimanha!
Um dia disseste que as pessoas quando se unem é sinal de fraqueza, pois meu caro e culto qualquer coisa, lembre-se das conquistas da História e dos que foram queimados por dizer a Verdade!
Deves estar a achar que fizeste um bem à humanidade em vestir a tua pele e essência em mim!
Não sou eu o palhaço, mas antes tu que usaste e abusaste do teu poder e sabedoria para o pior em vez de fazeres o melhor!
Nem imaginas a pena que tenho de ti, é mesmo isso, apenas pena, porque não és digno de de mais nada além disso e é impossível sentir mais que apenas pena; como sabes aqui em baixo sentir pena é o sentimento que se tem por quem desperdiça o melhor para fazer o pior através de todas as formas disponíveis que estão ao alcance de apenas alguns . . .
Eu sei que andas por onde eu andar, por onde eu falar, por onde eu escrever, és tão vil e imundo que nem o inferno te quer, mas é a tua escolha fazer este tipo de coisas . . . até o inferno é uma bênção para ti depois do que me fizeste, mas aprendi mais que o que me ensinaste e tu nada aprendeste do pouco que sei. Mas vais ser descoberto, sabes?
Lembra-te do que fizeste e se te arrependeres assim conseguirei prosseguir e perdoar-te, mas não consigo ainda perdoar-te a 100%, porque o que fizeste faz parte do mais desumano que alguém pode fazer e tu e os teus amigos sabem a que me refiro. As vossas gargalhadas agora são mais que muitas, mas riam tudo agora, porque depois a vida se encarregará de vos devolver o que me deram e fizeram . . .