terça-feira, 26 de novembro de 2013

Vou esperar mesmo que continue no meu caminho . . . eu vou esperar . . .

"Façam de conta que não estou aqui.
O que me trouxe aqui não importa, só a mim me importa o que me trouxe. Apenas me trouxe, porque era só comigo que queria estar.
Alguém me disse que as pegadas que acompanham as minhas que eram de Alguém . . . mas eu só vejo as minhas. Quem deixa as pegadas tem que existir e eu não vi aqui ninguém.
Vejo que as pegadas que deixo para trás são apagadas pelas ondas do mar e não as outras pegadas. Porquê?
Será que a passagem dos outros foi mais marcante que a minha?
Serão os outros melhores caminhantes que eu?
Estavam eles tão sozinhos como eu?
Não sei . . .
O areal é extenso e o Sol já se está a despedir, mas eu ainda estou aqui . . . O Sol parte, mas eu fico . . . ou sou eu quem parte e o Sol fica no mesmo lugar onde sempre esteve?
Serei eu quem o abandona ou é ele que se vai embora?
O Sol não sabe, mas eu vou onde ele estiver . . . em todo o lado!
Já te vais?
Eu ainda estou aqui e ainda não falámos tudo, mas ok, eu compreendo, está na tua hora e eu estou quase decidido. Vou ficar mais um pouquinho se não te importas, ainda estão reflexos da tua passagem a iluminar o que resta do dia.".
A noite chegou e com ela o frio. Pegou nas chaves do carro, entrou nele e ligou a ignição com o rádio bem alto como a velocidade a que descolara o veículo. Não andou depressa . . . voou e só a nuvem de poeira baixou devagar.
Amanheceu o Sol de Outono, como em mais nenhum Outono, no palco onde todas as mágoas são levadas pelas ondas do mar e outras pegadas na areia prometiam ficar.
"Ele esteve cá . . . reconheço as suas passadas. Estava triste. Ainda pensa no assunto, mas o que posso eu fazer?
Foi ele quem decidiu!
Eu também vim deixar as minhas dúvidas e indecisões aqui, entregá-las ao mar e o mar que as leve. Vou ficar à espera que uma gaivota chegue e me sussurre ao ouvido a resposta, o que vai ser o derradeiro, mas não me peçam que decida, porque não, porque não quero, porque não sou capaz!
As escolhas são difíceis e não sou eu quem vai decidir. O dia ainda está longe de terminar. Tenho todo o tempo do mundo, pelo menos hoje . . ."
Como em todas as dúvidas a mais dolorosa ferve . . . O que é que cada um de nós é no outro?
O quê?
Porquê?
"Como a chuva que cai no chão e eu deixo-a cair sobre mim, assim como os raios de Sol que afastam a escuridão e fazem o dia ser dia, os mesmos afastam a  poeira do meu campo de visão.
Será que queres pertencer mesmo ao meu mundo?
Será que queres caber em todos os mais ínfimos espaços, mesmo nos mais longínquos de tudo o que conheces como certo?
Tens coragem de abandonar o teu mundo perfeito para caber no meu mais perfeito para mim e quase intocado por ti?
És capaz de querer abraçar o desconhecido para ti, mas mundo para mim?
És demasiado mimada, não sabes o sabor da aventura, de pegar na mochila e metê-la às costas e não olhar para trás, porque o caminho é em frente, porque o caminho exige mais do coração que do que está dentro da mochila.
O que eu quero não se encaixa no teu real e o teu real não se encaixa na minha vida, mas eu sei que te quero, assim como quero o meu mundo na minha vida, mas não te posso obrigar a escolher entre ti e o teu mundo, entre o que és e o ao que pertences, não é justo.
Eu já fiz a minha escolha e vou seguir-la, vou deixar que as minhas pernas, mãos, cabeça e coração avancem como uma equipa que labuta pelo mesmo, em prol do mesmo, todos cumprindo a sua parte em direção ao destino planeado.
Não te irei criticar, mas não te vou esquecer, não te vou xingar, mesmo que te tenha que perder, não vou jogar pedras no teu nome, mesmo que eu tenha que deixar de o dizer, porque vou estar à distância da tua vontade, à distância do teu mais profundo desejar, seja a distância que for, esteja eu onde estiver e com quem estiver.
Não sei se deva esperar, mas enquanto eu conseguir . . . vou simplesmente esperar, mesmo que no meu caminho continue, eu vou esperar até ao momento em que deixares de desejar.".

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Já não tenho lágrimas . . .

Já não tenho lágrimas que chorem por ti. Já não tenho palavras que falem por ti e para ti. Já partiu quem sorriu, quem te deu o que tinha para dar. Já não existe.
Já não existe fontes de ilusão para te iludir. Iludes-te com nadas que alimentas como se fossem alguma coisa, mas só tu não vês que já nada existe, nada existe!
Tentas forçar as portas e tornas-te digno de pena. Não faças isso a ti mesmo, é triste, é feio e deprimente, não faças isso.
Desceste de um pedestal de curta duração e agora reclamas o teu lugar que já não existe. Não és nada que faça parte de alguma coisa, já nem para qualquer coisa serves. Deixaste de existir, foste-te. Não voltes para reclamar o que achas que tens direito a ter. Só tu o julgas!
Não, não vou estar hoje, amanhã ou quando quiseres, desejares ou sonhares que esteja. Já parti!
O que vês não é mais que um vulto do que antes era alguma coisa, mas já não é nada. Tocas e falas apenas com a tua ilusão de alguma coisa e o vulto o que vê?
O que é que deixas o vulto ver?
Qual das partes de ti é que queres que o vulto veja?
 . . . As partes, essas, as das várias personalidades escolhidas a dedo para encantares quem te prover maior prazer e satisfação das necessidades, para depois deixares junto das escutas ativas, meio embriagadas, dos teus feitos e façanhas.
Já não há lágrimas que chorem por ti, pelo menos que se saiba, sinta ou veja.
Parto sem saudades tuas, sem saudades de nada vindo daí. Parto, livre de ti, sem ti, mas parto.
Aposto que nunca irás esquecer o que procuras, soube-te bem . . . mas o teu prazo de validade expirou, já não cheiras bem, mesmo que o perfume seja o mesmo. A tua pele já não cheira ao mesmo. Metes-me um certo nojo. És quase digno de pena, mesmo que não o vejas, mas é assim, aí te colocaste. Pronto, ok, te coloquei, mas tu é que escolheste esse caminho . . . não fui eu quem te obrigou, apenas te dei um pequeno empurrão . . .
Já não tenho lágrimas que chorem por ti ou até mesmo que queiram chorar. Não olham para ti como se valesses alguma coisa . . . és demasiado egoísta e eu não gosto de ser tocada pelo egoísmo e desprezo pelo prazer do outro. Metes-me nojo com essa atitude de desprezo pela minha vontade e és louco, insano. Perdeste toda a piada. Não sabes que para se tocar a pele tem que se tocar primeiro a alma, mas quando chegaste a ela cuspiste-lhe como se nada fosse; olhaste-a como se ela não existisse porque nada disso te interessa. És a besta que corre pela carne, mas apenas a carne, esqueces que é uma alma que vive dentro do corpo e que o corpo é propriedade dessa alma. Não os podes separar se não os matas e eu não quero morrer. És meio demónio sem piedade, louco sem nexo, não és coisa nem nada que possa definir para além da forma que assumes. Não tens nada dentro de ti, és vazio e enches com tantas personalidades quantas as tuas necessidades, mas dentro de ti não existe mais que um bloco de pedra esculpido de rosto humano, mas não és mais que isso. Por descuido deixas-te ver e gelas a minha visão, coração e movimento de tão tétrico conteúdo. És cheio de morte e eu cheia de vida.
Tu não sabes, mas eu já te vi. És horrível e tenebroso. Quero-te longe de mim, de tudo o que me pertence, quero-te, mas longe, muito longe.
Serviste apenas para o que tinhas que servir, não mais que isso, apenas isso . . . serviste para o que tinhas que servir.
Foi-me oferecida a bênção da tua ida, que eu desejei tanto, tanto como a tua vinda enquanto do teu demónio estava ignorante.
Já não tenho lágrimas que queiram chorar por ti, que não as lágrimas que apenas choram de alegria de te ver partir.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

O quanto cresceste e deixaste de ser . . . O quanto já não és e o quanto perdeste

Lembro-me como se fosse ontem. Eras pequenino, lindo, rosto de anjinho, perfeito, um corpinho aparentemente frágil, mas cheio de genica. Gritavas a plenos pulmões o sopro de vida que vinha de dentro de ti. Eras forte sem saberes o que eras.
Lembro-me como se fosse ontem, quando em euforia de criança te peguei mesmo com as minhas mãos frias da água fria de Inverno e inocentes. Eras lindo, um anjinho do céu caído para trazer graça ao mundo. Eras perfeito, assim como todos nós nascemos, perfeitos, puros cheios de inocência e fragilidade aparente.
Eras tu quem eu esperava ansiosamente que fosses, puro e inocente.
Os teus olhos escuros como breu. Brilhantes estrelas reluziam no teu olhar sedento de vida. Eras o amor da vida dos braços de todas as mulheres que sentissem o cheiro inocente da tua pele de ser perfeito e doce. Eras tão lindo, perfeito. Eras tudo que qualquer mulher deseja embalar e entregar aos anjos, no seu abençoado sono, para que nas noites te guardem e nos dias te protejam. Eras o meu anjinho.
O quanto adormeceste, angelicalmente, nos meus alvos braços de criança que tem um brinquedo nos seus braços pequeninos, mas cheios de vontade de abraçar o anjinho.
O quanto te enchi de brincadeiras, o quanto te enchi de miminhos que desejei receber e retribuías sem saber que estavas a dar-me o maior bem, o quanto te adorei como se fosses o meu bebé pequenino.
O quanto desejaste que quem te gerou estivesse onde e quando deveria estar.
O quanto te perdeste por falta do que mais precisaste. Ela não estava lá? Eu sei.
O quanto te sentiste triste quando aquele miminho especial tardava a chegar.
O quanto sofreste quando percebeste que eras diferente de quem foi gerado pelo mesmo ventre.
O quanto deixaste de ser inocente e puro . . . e que coração que seguiu as pisadas erradas.
O quanto cresceste e deixaste de ser. O quanto já não és e o quanto perdeste.  
O quanto preferia que não tivesses deixado que te roubassem o que tinhas de melhor, mas eu não podia fazer as tuas escolhas.
O quanto deixou o teu coração deixou de bater como coração de gente que é gente e passou a bater como de quem pouco ou nada sabe o que é ser, quanto mais gente.
És a prazer de quem não sabe ou não quer ser gente, em prol de vaidades alheias e imagem aparentemente imaculadas, mas cruéis como o vil fel.
Imiscuis-te no meio do vazio para que te sintas belo e maravilhoso, para que te venerem a imagem e enches-te de imagem.
És feliz assim?
Olha que a vida não é o que vives!
Olha que quem te ensina não te dá nada, irá cobrar-te a inocência que te ajudou deitares fora, a pureza de ser gente que escorraçou de ti, a boa vontade e potencial de gente que destruiu em ti. Vais ser cobrado de tudo o que te foi roubado. Prepara-te!
Vais viver uma vida feliz enquanto estiveres com a sorte do teu lado. Quando a vida te obrigar a vê-la, vais ver todas as pedras preciosas sobre as quais cuspiste, longe de ti, a brilharem ao longe e a terem bom uso por quem as soube usar e delas beneficiar.
As pedras preciosas serão o que sempre foram enquanto tiveste inocência e bondade para as veres, enquanto não jogaste tudo a perder do que é mais sagrado e oferecido pela vida.
Também tu foste uma pedra preciosa em todo o seu potencial, em toda a sua verdadeira beleza.
Também tu brilhaste tanto como o sagrado e divino, o que faz as coisas belas serem ainda mais belas.
As pedras preciosas serão sempre pedras preciosas se as souberes usar . . . se não, são mais umas coisas que atrapalham o teu caminho; mas nem tempo deste a ti mesmo para conseguires perceber se eram pedras preciosas ou não . . . jogaste-as para longe e elas estarão sempre lá!
Um dia vais acordar e procurarás novamente pelas pedras preciosas, mesmo que esse acordar não seja na vida presente, mesmo que seja numa qualquer outra vida seguida de outras vidas.
O futuro é uma incógnita com breves pistas de campos em aberto e quem sabe por quantas pedras preciosas passarás e verás.
Quem sabe os olhos com os quais viverás; um dia poderão voltar a deixar-te ver pedras preciosas, se assim o desejares, mas se assim não desejares, aí será sempre uma escolha . . . a escolha será só tua!






sábado, 16 de novembro de 2013

Não me ames tanto

Não me ames tanto. Por favor, não o faças que tenho medo. Ama-me, mas um pouquinho menos.
Por favor, não me ames tanto que ainda quero viver um pouco mais que quem mais não pôde viver.
Não me ames tanto que eu tenho medo, medo de deixar de viver e de deixar de existir.
Faz de conta que não sou ninguém, nem nada que mereça essa dedicação. Isso assusta-me. Não me deixes morrer, não quero. A morte assusta-me.
Tenho medo de ir e não voltar, medo de te deixar, medo de deixar de te ver ou de deixar de estar, mas tenho de ir. Na verdade já não quero ficar, já não me vejo em ti, em mim, em nada.
"Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje . . .", por isso deixa hoje de me amar. Não tenhas medo que não sofro, não vou sofrer mais que o que já sofro por medo de morrer.
Não me ames tanto para que eu possa voltar, para que eu me deixe ir sem falta sentir de aqui estar, mas deixa-me ir sem que sintas tanto amar.
Não me ames tanto para que não sinta tanto a tua falta. Não me ames tanto para que as lágrimas fiquem no seu lugar sossegadas, quietas, porque tenho que ir e mesmo que volte será de passagem.
Por favor, não me ames tanto para que eu não morra, para que eu não seja roubada a ti, mesmo que nada exista a que eu me possa agarrar, mesmo que nada exista dentro do espaço onde existe o meu coração que bate porque tem que bater.
Olha para mim e não me vejas, não encontres nada de belo, de lindo e maravilhoso, nem me mostres isso tão pouco. Não queiras que eu fique, deseja-me a maior distância que alguma vez desejaste a alguém, longe do mundo, mas estando nele, a distância entre astros em diferentes universos, à distância do último astro do último universo.
Não, não assim tanto, um pouco menos, tem ao menos um pouco de saudades minhas, mas só um pouco porque quero existir, não desejes muito que eu longe esteja, não queiras que o mundo faça com que eu não exista.
"- Não sabes o que queres.
- Não, não sei. Estou à espera que me digas.
- Queres e não queres.
- Em especial, não sei, não sei mesmo.
- É já ali e eu juro que não te vou amar assim tanto se não queres.
- Não me ames por mim e por ti que isso mata. Pode matar-me. Tenho medo, mas agora tenho que ir. Tenho que abandonar o mundo, mesmo que esteja nele. Quero sentir-me viva noutro espaço, mesmo que esteja perto, porque enquanto existir, estou sempre perto.".
Vou fugir um pouco para onde não há sombra ou descuido, para onde tudo é novo e tudo é velho, para onde tudo é novo para mim e velho para todos, para onde o ar se respira de maneira diferente, porque jamais aí sou um não sou. Vou para onde me possa esconder de mim, mas onde apenas eu sei onde estou, onde esteja a salvo de mim mesma, vou para longe de mim, para longe do que sou e sempre fui, sabendo onde estou.
Por favor, não me ames tanto para que eu possa voltar a mim, ao meu lar doce lar, mesmo que seja só de passagem, mesmo que volte para longe do que sou ou fui, mas deixa-me ir.
Ao alcance de poucos estarei, como a linguagem dos antigos. Serei lenda viva nos arautos das interrogações e porquês, mas deixa-me ir para não ficar. Se ficar morro e eu não quero morrer.
Jamais poderei voltar a ser o que sou, com capa fria ou quente, com capa ou sem ela, jamais poderei voltar a ser o que sou. Tudo muda, porque tudo mudou, o que fica é o que deixo ficar, porque assim sempre foi e assim sempre ficou.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Porque, porque, porque . . .

Não tenho nada para dizer, mesmo que haja tanto a acontecer.
Não tenho nada para falar, mesmo que haja tanto para dizer,
Não tenho nada que possa ser feito, porque já tudo nasceu e nada tenho a dar
Não tenho mais nada a dizer, está tudo dito.
As palavras estão todas à solta à espera que alguém as reúna e faça algo de novo,
Já foi tudo dito, já foi tudo escrito, tudo pronunciado.
Já nada nasce novo, tudo nasce velho e antes de o ser já o era,
Já nada de novo tenho para dar, mostrar ou fazer, nada se produz.
Já nada tenho para dizer ou a dizer,
Já tudo se sabe, tudo se viu e se não se viu tivesse visto.
Já não há nada de novo, é tudo velho,
Tudo nasce rapidamente e rapidamente o deixa de ser.
As crianças nascem, mas rapidamente deixam de ser crianças,
Os jovens adultos tornam-se adultos velhos enquanto o diabo esfrega um olho,
Num piscar de olhos tudo o que é já era e o que torna a ser já não é como dantes,
Tudo muda e tudo se encerra.
Alguns dizem que se transforma, eu duvido.
Onde está a terra viva onde nasci?
Onde estão os rios e riachos onde os meus pés se refrescaram?
Onde estão os meus risos e os das outras crianças quando faz o Sol da Primavera?
Onde estão as frutas colhidas das árvores e mordidas, mesmo com o bicho, porque as com o bicho são as mais doces?
Onde está o riso puro e inocente das crianças e dos velhos que ainda são crianças?
Onde estão os avós que brincam com os netos nas ruas como se eles próprios ainda fossem crianças?
Onde estão as corridas e trambolhões na areia solta que suja a roupa e trás o corpo cheio de alma?
Onde estão os estendais de lençóis ao vento, içados por um pau alto no chão?
Onde está o cheiro a roupa lavada no tanque e branqueada ao Sol?
Onde está o cheiro a café acabado de fazer e pão acabado de sair do forno numa cozinha acolhedora e iluminada pelo Sol da manhã?
Onde estão as corridas de pés descalços na relva fresca num lindo dia de Sol?
Para onde foi a vida simples e alegre pela sua simplicidade?
Para onde foi a alegria das coisas simples?
Não sei dizer . . .
Para onde foi tudo o que me dava a alegria da pureza e da inocência?
Onde está a alegria e a inocência?
Para onde foi a criança que se alegra por tudo e por nada sem que seja vista como louca?
Os sabedores dizem que só os loucos riem por tudo e por nada . . .
Eu digo, mas riem . . .
Para onde foi o que era antes de ser louca?
Para onde foi tudo o que tinha antes de me ser tirado?
Para onde foi o que era antes de ser a doida, a louca que não sabe o que diz e verborreia sem tino?
Está antes de ter nascido?
Está onde todas as pessoas são o que ainda não são?
Está onde as pessoas olham e tudo vêem?
Ou não está em lado nenhum?
Só sei perguntar, porque respostas não as tenho, por mais respostas que tenha ouvido,
Por mais explicações que a vida dê, não entendo o que tudo é,
Não tenho respostas, não sei, porque de tantos que existem sou a quem menos sabe,
De tanto que se sabe sou quem não sabe nada e aqui ando . . .
Não tenho respostas para dar,
Não sei nada, porque nada é só o que sei,
Porque nada é o que tenho para dizer que possa mudar o mundo,
Porque nada é o que posso fazer para que possa mudar o mundo,
Porque tenho demasiados defeitos para poder ser alguém, sou a escória que abunda,
Porque sou cheia de mim mesma, egocêntrica e petulante, mesquinha, invejosa, preguiçosa, nada quero fazer
Porque sou tudo o que nunca quis ser, mesmo que o quisesse mudar nunca o poderia fazer,
Porque sou um mar de defeitos tão grande, que vergonha tenho de ao espelho me olhar.
Porque não sou diferente de quem aponto ou é apontado o dedo.
Porque quero ser quem não sou ou nunca fui,
Porque sou hipócrita e fingida, falsa e imunda como todo o mundo que desprezo,
Porque sou impura e insana, perversa e controversa quando não me agrada a conversa.
Porque, porque, porque . . .
Sou de tudo um pouco e daqui o que sai nada interessa!


Sorri, 
Sorri sempre de peito aberto, 
Mesmo que futuro se mostre incerto, 
Mesmo que te sintas no meio de um deserto, 
Mas sorri. 

Sorri para ti, sorri para mim, mas sorri, 
Se for caso ri, 
Mas ri bem alto, 
Para que todos te ouçam, 
Mas ri, 
Ri com vontade, com ternura, com sinceridade, 
Mas ri. 

Ri e sorri, nem que seja para não chorar, 
Nem que seja para não julgar, 
Nem que seja para lágrimas parar, 
Mas sempre que a tua alma te deixe, 
Mesmo que o mundo não compreenda porquê, 
Ri, sorri, sorri e ri . . . mas Sorri!

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Personagens . . .

Tenho uma coisa para te contar. Não era sobre ti!
Não és o único, nem alguma vez poderás ser. És apenas o que és e vales o que vales. 
Não és o centro das minhas atenções!
Calma! Relaxa o nervo!
Já houve tantos mais!
Tantos que deixaram uma centelha especial, que habitaram o mesmo espaço, nutriram-se da mesma emoção e sentimentos . . . e o quanto sabe bem rever mentalmente, recordar as coisas especiais que marcaram os melhores momentos, momentos especiais, mágicos!
. . . à la gaja o digo: Lindos!
Tantos foram cenário, protagonista, o senhor do enredo e o seu caminho seguiram . . . 
Além do mais não podes ser nada, nem uma coisa nem outra ou coisa alguma. Nem vou pedir para te convenceres disso. 
És algo muito melhor, muito mais interessante dentro de onde estás, és apenas ficção científica, fonte de imaginação, não um objetivo a atingir, algo pretendido . . . Não! . . . Nada disso!
Sei parecer que sim, não sei?
Eu sei . . . Eu sou muita boa nisto!
És apenas mais um personagem que cabe num pedaço de qualquer história, como qualquer outro personagem. Só isso!
Gosto de ver os personagens a acontecerem no mundo. Sustentam as fotografias verbais. Só isso. 
Não te quero!
Se te quisesse, marcava a minha posição, independentemente do mundo, independentemente das suas autorizações, independentemente de convenções, moral ou consciência e avançava em direção ao alvo pretendido sem medo, sem querer saber de mais nada ou de alguém, porque assim eu decidiria. Eu é que mando e decido na minha vontade . . . e eu não avancei!
Apenas roubei-te uns pedacinhos de pele e do teu movimento e colei-os num pedaço de papel para enfeitar o seu vazio. Roubei-te a ti, a ele, a ela, a eles e a elas, aos outros, às outras e a mim mesma, mas as peles e os movimentos são tão comuns, tão de toda a gente, ou não tivéssemos tantos do mesmo!
Não te quero, já te li e voltei a ler. Mas sabe bem ler-te, lê-lo, ler-la, ler-los, ler-las.
Se soubesses o que em ti leio e o quanto aproveito do que li . . . ui!
É tudo apenas parte de partes que compõem um todo, mas só parte do todo, o resto é tudo o que não quero saber, porque não sou Deus, não tenho essa pretensão, a não ser sobre o papel vazio, mas sim, no papel vazio sou Deus, sou eu quem decide quem é o dão e a Eva, o pano de fundo e toda a história ou pedaço dela. No meu mundo pictórico eu sou Deus!
Posso dizer que és um personagem e tanto, mas dos bons, dos que dá gosto ver atuar . . . és como uma enguia na água, é lindo ver-te esquivar no teu meio, tão depressa estás aqui, como ali ou acolá!
Todas as personagens são-no na vida real, na vida imaginária e na vida por criar. Todas são e tu és mais um, mas ainda bem que existes, porque animas, colores a paisagem. O que seria de tudo se tudo fosse um cenário vazio?
O que seria do imaginário se não houvesse o mundo dos personagens, ou será que existiria imaginação sem esse mundo?
Vá, não fiques triste por apenas te julgar mais um. É assim a lei das coisas, para uns somos o tal ou a tal, entes amados e quase venerados, para outros somos apenas mais um personagem, mesmo que com predicados mais rocambolescos, mas é apenas isso, predicados rocambolescos de um personagem.
Talvez seja melhor não mostrares o alívio, pode ser complicado para ti, não por mim, mas . . . guarda-o dentro de ti e respira fundo baixinho. 
Nunca deixes de ser apenas um personagem, porque a tua magia está aí mesmo, é única e se deixares de o ser, nunca mais terás a mesma piada. 

 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Como? Sabes dizer-me?

Como é que se descreve um tango, uma valsa uma canção?
Como se descreve tudo o que se sente numa só voz, num só aceno, num só sibilar de lábios?
Como se afaz esse gesto o adeus, o nunca mais acaba ou o até depois?
Como se faz?
Diz-me, já alguma vez sentiste saudades daquela palavra que nunca ouviste ou pronunciaste?
Nunca te lembras, pois não?
Nunca mais te lembras de sentir saudades do que sentiste sem sentir a mais pequena mágoa, a réstia de mágoa sobejante do nada, das palavras soltas, algumas até quase sagradas. Palavras, isso, ou quase palavras . . .
Ah, em busca do prazer sagrado escondes-te, à procura dos segredos mais sagrados, das loucuras consumadas, das divindades perdidas nos desenlaces românticos, doidivanas andas tu.
Cercas-te das misteriosas promessas de um amor perdido, de coisa nenhuma ou talvez nada, mas escondes-te. Eu sei!
És levada da breca ou com a breca. És, pura e simplesmente és!
És dúvida no meio da certeza, certeza no meio de nada, ou quase nada, nas conversas obscuras, nos medos de nada, no meio de tudo e no meio de nada.
Brincas às conversas de chacha, de coisa nenhuma e finges não dizer nada, mas dizes tudo ou quase nada.
És reservada aos olhos de quem te reserva, és a busca de nada, ou muito de coisa nenhuma, empanturrada, meticulosamente engalanada.
És uma falsa modéstia vinda do nada, de coisa nenhuma ou quase nada, mas és uma pequena falsa modéstia embriagada no meio de todos os nadas, de todos os tudos e aparentemente entusiasta, mas não é nada.
Como é que se descreve uma dança das palavras que se encontram, entretanto, no meio do nada?
Como é que se faz?
Podes explicar?
Como é que as doces palavras que saem da tua boca soam ao amargo do tango, ao fresco da valsa e ao quente da salsa?
Como? Sabes dizer-me?
Diz, mas confessa em tom de cerimónia como se fosses anunciar o par que se segue, o par que rasga a pista na sua discussão acesa e tórrida, cheia de tanto ciúme e ódio, com o xaile do amor que os aquece e jogam no chão para o pisar.
Como se descreve a calma que intervala o intenso e o atiça, o provoca em surdina no cadafalso?
Como eram belas as palavras desse tempo tão longínquo como o agora será em relação ao depois!
Como eram belas essas esperanças tórridas, muito quentes de lábios rubros em bocas em escaldo da espera pela boca ansiada.
Diz e toca-me ao mesmo tempo, como se do teu Deus se tratasse, mas diz a verdade. Sabes como foi?
Sabes como foi nesse tempo em que as palavras ditas suavam mais a tudo o que toda a verdade?
Vê lá se és capaz de adivinhar!
Ai, como era bom estar vivo nesse tempo em que as madrugadas nunca mais acabavam de acontecer, nunca mais era tempo de ir para casa, só os homens sabiam o que era a madrugada . . . só os homens e algumas mulheres . . . vividas, puras . . . santas senhoras da plebe. A esbórnia obscena . . . Conheces alguma santa?
Eu não . . . conheço!
É tudo pura contradição, umas coisas e outras, as mais más e as mais boas, mas tudo sempre em contradição.
Sabes como se dança?
Diz-me como se dança, mas sem dançar, apenas por palavras controversas, outras confusas para que me possa entusiasmar, mas diz-me como se dança e leva-me contigo numa doce dança.
Sabes como se dança?
Eu enlaço-me nos teus cabelos como uma trança. Oh doce dança na tua trança, que me enlaça e balança na dança da tua trança. Oh . . . embala-me!
Sabes como se dança esta dança?
Explica-me e depois balança.

Numa dança . . . um doce balanço enamorado . . .

Recordo-me como se tivesse sido ontem, ou num qualquer sábado passado. Tu numa ponta eu na outra. Os olhares dançavam entre os demais, entre os distraídos da nossa distração. Tu aí eu aqui desta ponta.
Quase um mundo nos afastava, mas só quase, o resto eram conversas no meio a fazer de cenário, a encher o espaço para que ele não se sentisse vazio e sozinho, para que não servisse de vela a iluminar o ambiente que estava tórrido pela sua origem . . .
Eu dirigi-me para a minha direita e tu para a tua esquerda, mas o circulo que nos separava e unia em simultâneo mantinha-se no seu mesmo lugar. Como que um tango, os olhos prometiam o que os passos temiam, mas o contacto estava lá.
Como numa dança, doce deslizámos até ao quase óbvio, até ao quase perto do inspirar profundo.
Como que uma dança, dançámos, nos braços um do outro num balanço de uma valsa num campo aberto de tudo e de todos, mas dançámos.
Como que fosse num sábado passado, num sábado qualquer, dançámos, rodopiámos no nosso imaginário, onde só nós dois dançávamos, nos braços um do outro.
Recordo-me como se tivesse sido num qualquer sábado, de um qualquer mês, de um qualquer ano, mas tanto faz . . . e como dançámos . . .
Rodopiámos e rodopiámos, soltando as gargalhadas cujo eco ficou a ecoar até aqui, até agora, até . . .
Dançámos e rodopiámos, enchemos o salão da luz que havia, da luz que acendemos como por magia e já não mais a luz negra existia.
O nosso salão já paredes não tinha, as árvores que o rodeavam surgiram onde antes havia paredes, o céu estrelado ficou lilás, entrelaçado de rosa e laranja. No nosso átrio de deleite dançante apenas nós existíamos e tudo mais era, ou antes, já não era.
Na nossa valsa em tango ou tango em valsa deixou o chão de existir e os pés moviam-se como se conhecessem a coreografia quase de core.
Vindas do fundo ouviam-se gargalhadas embriagadas. Pouco a pouco, surgiam rostos rosados, outros até mesmo avermelhados, olhos pândegos, cabelos em desalinho, de mãos nas mãos, outros até de braços nos braços partilhavam o mesmo passeio, o mesmo átrio, o recinto da pantomina.
Com os seus chapéus de veludo, mas modestos, todos eram iguais, todos em uníssono na estúrdia, iam chegando aos poucos olhando os outros com o seu mais rasgado sorriso, não existiam os mais e os menos, os muito ou os pouco, os tudo ou os nada, era terra de nadas e de tudos, mas nunca das coisas erradas, das coisas proibidas, porque as coisas proibidas não existiam, só as coisas permitidas.
Deleitados com tal alegria e felicidade, buscámos o que parecesse com um pequeno banco onde pudéssemos descalçar os pés e pisar o que parecesse relva. De mãos dadas, caminhámos até chegar a um ribeiro rebelde que se acalmou para nos jogar levemente os seus salpicos. Sentámos-nos e o ribeiro seguiu o seu caminho, molhando e refrescando os nossos pés.
A moleza chegou e tomou os nossos corpos leves, hipnotizando vagarosamente e adormecemos sem nos darmos conta.
De regresso estávamos, quase num acordar lento e estranho. Onde estávamos? Ou, onde estávamos novamente?
Olhámos em volta e não mais víamos as árvores ou o céu lilás entrelaçado no laranja e rosa, o corpo pesava e já não víamos os rostos alegres e felizes, as gargalhadas já não soavam a folia livre de tudo e de nada, do muito e do pouco, de todas as coisas erradas e das coisas proibidas.
O nosso olhar encontrou-se no meio do espaço e os nossos lábios sorriram. Outros sorrisos surgiram escondidos atrás do segredo, como que membros de uma sociedade secreta descoberta apenas por alguns, apenas pelos que fazem parte, apenas pelos que conseguiram lá chegar e sentir o que é verdadeiro, livre, sem recriminação, culpa ou pecado, desprendido das convenções e tão puro como a verdadeira alegria e pura natureza.
A dupla continuou no seu baile. Eu aqui e tu ali. Contornaste à direita e eu à esquerda do recinto. Os nossos olhares encontraram-se ao centro e continuaram a dançar a valsa em segredo, embalando a promessa do que chama a boca no seu doce embalar.
A noite seguiu e continuou a seguir na sua própria folia, no seu próprio suspiro, até os copos vazarem, até os sorrisos se rasgarem e exprimir os sorrisos que de novo apagam o tudo, antes de chegar a despedida longa e demorada, num olhar enamorado pelo outro olhar, prometendo um até depois, sem saber do se sim ou do se não quase nervoso, na espetativa do "será que . . . " e os seus rostos expressam o não sei, acompanhado de um suave e doce encolher de ombros. Um pensa e o outro também. Querem mais, mas alimentam a ilusão do "será que?".
Cada um segue o seu caminho em direção à sua vida, a real, a que os trouxe até ali, olhando para trás, de vez em quando, na tentativa de prolongar o momento, até que os rostos se apagam no meio do nada onde aconteceu o "onde" não existiam os mais e os menos, os muito ou os pouco, os tudo ou os nada, era terra de nadas e de tudos, mas nunca das coisas erradas, das coisas proibidas, porque as coisas proibidas não existiam, só as coisas permitidas, um quase tudo, porque muito mais ficara prometido.

domingo, 3 de novembro de 2013

Um Pequeno Raspanete

Olha, manda mais postais, mas daqueles que dizem alguma coisa, alguma coisa útil, estilo, "Olá, estás boa?
Está tudo a andar ou quê?
Eu por aqui estou a atravessar uma coisa estranha, nova, pelo menos para mim. Custa como o caraças, mas a malta dá a volta a isto. Está um bocado difícil de aguentar o barco . . . não me lembro de sentir tanta vontade de gritar, mas a malta verga este empecilho!".
Olha e que tal perceberes que o mundo está a mudar?
Este mundo está a mudar, de facto . . . e por exemplo, eu não consigo caber nele, porque sou grande demais para mundos pequenos, disso eu tenho consciência, por isso mudo-me para um onde eu tenha espaço, um onde tenha coisas menos más ou pelo menos menos miseráveis.
"Ai o cão . . . o gato . . . o periquito . . . eu não sou capaz . . . e é difícil . . . e eu não quero . . .!"
Ya, ok, boa!
Ah, esqueci-me de dizer-te, isso é estilo 100% das pessoas em tanta coisa na vida, amiga . . .
Deixa-me que te diga, mas é normal e tu não és nada de extraordinário!
Bem-vinda ao mundo das pessoas com problemas, das pessoas que têm problemas, porque são pessoas, porque onde há mais que uma pessoa há diferenças e incompatibilidades, já para não falar dos curto-circuitos na cabeça de cada uma delas devido às suas limitações de seres imperfeitos!
As pessoas são duras, difíceis e não te fazem as vontades?
Ficam irritadas quando passas todos os limites e vais por aí a fora sem rédeas, como um cavalo selvagem em campo aberto? . . . mas no teu caso é mais o género bulldozer destravado numa descida que leva tudo à frente, boca destravada, sem filtro do que sai sem ver o que tem ou está à frente!
"Eu digo o que penso!!!". Eu também, amiga . . . mas há que saber o que deve ser dito, a quem, onde, como, em que contexto, circunstância, em que estado . . . Ah! e antes de dares opiniões olha para o teu estado . . . respeito as opiniões sóbrias seja no que for, agradem-me ou não, mas sóbrias!
Lembro-te, já passas dos trinta e tal, isto para ser simpática e não revelar os "enta"!
Ups, chibei-me!
Epah! "enta"!?
Epah . . . amiga, ou miga, como preferes que te trate?
Honestidade e franqueza nada têm a ver com dividir para reinar!
Criar discórdia para ser o centro das atenções não é, de forma alguma, o ponto da coisa . . .
Vais acabar sozinha! . . . Nem gajo, nem amigas, nem amigos, quanto mais mártires para te aturar!
Sabes, estou cheia de pessoas para fazer número. Já estou noutra. Comigo . . . esquece, já dei para esse peditório e não compensou nem recompensou!
Parecias daquelas pessoas ao estilo do pão-pão queijo-queijo. Gosto de gente assim, verdadeira, franca., mas só até mostrarem o grau do não presta e há coisas que não bate a bota com a perdigota. Ou és mais um daqueles casos que tem uma personalidade em função das tuas necessidades em relação aos outros?
Ah, ok . . . tens necessidades e dependências das quais não te queres livrar para jogar. As pessoas são peões num tabuleiro de xadrez?
Cuidado! Muito cuidado!
Vais continuar a agir como se todos tivessem que te satisfazer as vontades ou que tivessem de ser tuas amas de companhia?
Não o faças. Eu já esgotei o meu saco. Passaste os limites e mentiras, minha cara . . . Intrigas, caríssima?
Desculpa, bateste à porta errada!
Os amigos são a família que escolhemos e também me chateio com eles, solto-lhes os cães quando é preciso e resolve-se, vou frisar, resolve-se as fronteiras a não serem trespassadas e isto porque são pessoas amigas. Só as pessoas amigas sabem reconhecer as falhas e pedir desculpa!
Tem coragem para te olhares ao espelho e ver que o teu umbigo está cheio de cotão e transborda, olha para ti mesma!!!
Vá!!! Faz isso se tiveres tanta coragem como quando tens a língua destravada!
Então já olhaste? Não gostas do que vês?
Temos pena!!!
Já és crescidinha, sabias?
Deixa-te de merdas fúteis e vazias que já nem piada têm!
Olha a minha máscara caiu, afinal sou mais uma com máscaras, mas para filtrar o ar que respiro, e já não alinho nessa miscelânea de coisa nenhuma!
Deste-me a oportunidade de reforçar com tudo o que definitivamente não é para mim, mesmo!
Obrigado, esta agradeço-te mesmo. Desculpa não alimentar mais esse teu lado sórdido, mas não dá porque não quero, mesmo.
Mais uma vez, é um pouco mais de alguns sempre o mesmo!
É irónico como tudo se repete. Vezes e vezes sem conta, é por haver muito do mesmo ou é até aprender a ver o que está à minha frente?
Com caras diferentes, quadrantes diferentes, caminhos percorridos diferentes, mas no mesmo conjunto de cores, a mesma pintura, a mesma paleta de cores com as quais não consigo pintar o mais belo quadro, seja de dia, de noite, nascer do sol ou sol posto.
Destino ou teste? Quantas vezes chumbei no teste?
Chego à conclusão que boa parte disto tudo, das relações entre pessoas, são aparências que se dão bem com aparências, umas melhor construídas e fortes que outras, mas quando alguém decide tirar a máscara, ou a deixa cair por descuido, a coisa não corre bem, porque afinal não gostamos mesmo de pessoas, ou de algumas pessoas.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A guerra ainda não terminou . . . eu ainda estou aqui!

No Céu canta-se a vitória sobre os abutres, sobre os corvos e sobre todos os engodos. Os sedentos de misérias humanas, esventradores de podres recuaram aos seus covis, à sua bruma, ao seu próprio lixo, o qual não suportam, estão fartos. Querem lixo novo para alindar a sua lixeira. Remodelam a casa com lixo em vez de construir a própria vida, porque foram feitos para ser assim . . . ou não!
No Céu canta-se a vitória sobre o podre, sobre o mesquinho e doentio, sobre o esgravatar no lodo, na lama, sobre a perfídia disfarçada do "tão bonzinho que eu sou!".
O "bonzinho" faz birra, amua, faz beicinho para de seguida serrar os dentes num acesso de raiva por não conseguir o seu adorado fel, o visco dos pobrezinhos de espírito cheios de santidade.
O "santinho" consome-se por dentro, grita e vocifera o grito dos seus demónios, que o esmurram com tal violência, que o seu corpo transpira do esforço da contenção.
O "santinho", anjo dissimulado sofre . . .já não pode manter a má representação do péssimo personagem mal construído. É uma busca, quase amadora e sem qualidade, de ser um bom samaritano das boas causas.
"Mas ele é boa pessoa!", pensava quem tem dó de todas as criaturas boas à face do planeta, dó de todos os olhos doces de pupilas abertas carentes de mimo. Mas, ups! . . . Dó, mas é de mim que não mereço estes andarilhos pegajosos que procuram alimentar as suas dependências.
Não sou santa nem perfeita, não sou anjinho ou tenho pretensão a isso. Por favor, deixem-me ter os meus defeitos e aprender com eles, não me alimentes o que tenho de pior, não quero ser como tu!
Já reparaste que te meteste na pior situação?
Fizeste-me refletir a tua pior imagem!
"És má!!! Ruim!!! Falsa!!! Já não gosto de ti!!!!
Eu só queria dar-te o que tenho de melhor. Tudo o que sou. Mostrar-te o que sou, o meu ser. Queria apenas mostrar-te como te compreendo, que sei o que sentes e como sentes!
Queria mostrar-te que também já passei o mesmo que tu e eu só queria o bem às pessoas, eu só queria que soubesses que eu só queria fazer o bem a quem estava do meu lado".
Mas quem és tu para achares que o que achas que é o melhor para ti é o melhor para as outras pessoas?
E que tal aprenderes a observar, a estar atento?
Olha por exemplo, eu sou cheia de mim mesma, tenho um umbigo do tamanho do mundo e um ego . . . Meu Deus! . . . mesquinha, esquisita, estranha, mau feitio por detrás de carinha de anjo e de tanta bondade, mas sou terrível . . . sou mais uma armadilha andante e tu pisaste o risco, repisaste, mesmo depois de todos os avisos e voltaste a pisar, a arrastar a conversa mole, chata de coitadinho bonzinho, "eu fiz . . . eu aconteci . . . eu isto . . . eu aquilo . . . eu . . . eu . . . eu sou tão bonzinho!!!".
Olha lá pah!? . . . Mas . . . Quem pensas tu que és???
Obrigado pelo "estou contigo amiga . . .", obrigado mesmo! . . . mas soas a falso, a inconsistente, a falta de personalidade, porque ninguém é assim tão bonzinho!
Cuidado!
Acabou. O animal feroz já não se alimenta da desgraça alheia. Fim da gula.
No Céu canta-se vitória sobre mais uma batalha com abutres. Foram arrancadas as capas de anjinhos ao "coitado de mim que sente necessidade de deitar lixo porta fora", pior ainda, na porta errada!
 . . . Mas guerra ainda não terminou . . . eu ainda estou aqui!