sábado, 11 de agosto de 2012

O teu mundo . . .

Desafiei a Natureza e consegui o aparente impossível . . . isso ninguém me tira!
Desafiei os deuses e fiz o teu coração bater, fiz-te queres que eu soubesse que estavas ali, mesmo que passasse a 5 metros de distância e nem a cara te ver, nos olhos te olhar, apenas fingir que nem ali estavas . . . mas a tua voz estava ali, mesmo que eu preferisse não ver o que não quero ver, tu estavas ali, pronto para que eu te ouvisse, mesmo que a tua cara eu não quisesse olhar.
Estavas ali, no teu canto do teu mundo que ousei abanar e estremecer. Estavas a salvo da minha carne, da minha pessoa, porque sabias que ali não ousaria entrar, é excessivamente sagrado e eu sou profana.
Não soube o sabor da tua boca, mas conheci a tua vontade de que eu te tocasse, a tua vontade de que eu te desejasse.
Não tiveste coragem de vir até este lado, nesse ato de cobardia disfarçada de subtileza e vontade defendidas atrás do que te defende.
Agora não precisas de lutar para que ninguém saiba ou perceba, que por detrás do que és há mais que o que queres deixar perceber . . . pelo menos aos que não podes dizer que também sentes vontade de alguma coisa diferente . . . do que tão raramente é possível ou quase impossível acontecer.
Sentes a minha falta?
Provavelmente não. O teu mundo é demasiado poderoso para que possas sentir falta do que foge a essas normas. 
Não tens coragem, acobardaste-te porque a tua vida depende desse mundo que eu consegui criar ameaça. . . e que bem que me soube . . . ao menos provoquei alarido, irritei criaturas, obriguei os anciãos a exercer o seu poder e a mostrarem que realmente são mais fortes . . . mas sentiram-se obrigados a agir!
Foste tu que chamaste reforços para me assustar?
Estiveste bem . . . foste eficaz e eficiente . . .
Ficaste aliviado?
Fui, com certeza, a única pessoa na tua vida que tiveste que tomar medidas extremas para te defenderes . . . ou seria muito mais para te defenderes de ti?
Afinal eu não sou, nem estou no teu mundo . . .
Querias que eu percebesse que sou um pequeno passarinho frágil ao pé de titãs?
Sou-o orgulhosamente, um colibri atrevido pelo qual te encantaste a medo de ser descoberto pelo teu mundo.
Sou aquilo que tudo vê, tudo ouve e tudo percebe, finjo é que não vejo, que não ouço e que não percebo . . . no melhor dos casos e para meu bem, estou distraída . . . e para teu bem, assim fingirei estar!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Platónico ou ilusão

Sinto saudades tuas mesmo que não possa ou deva admitir. Eu gosto de ti mesmo que não faça sentido e o mundo não entenda. Mas também não é preciso que o mundo entenda o porquê de tanto sentimento por tão pouco recebido.
Escrevo estas palavras como se estivesse a tocar uma melodia no piano. As emoções que tocariam baladas são as mesmas, iguais às do pianista que vê as notas nas teclas e a música na pauta. O seu cérebro pinta melodias e fábulas na mente, no ecrã da visão, nas névoas que ondulam no seu horizonte mental, no seu mundo secreto onde só ele entra e paira, desliza e mergulha.
De nada serve os racionais e lógicos entenderem a razão pela qual te amo por tão pouco ou quase nada. 
"Isso não faz sentido nenhum . . . não existe nada . . . levas tudo muito a sério!"
"Este mundo não é para platónicos . . . não há nada!
De facto, não há nada que se leia aos olhos de quem não sente, aos olhos de quem nada entende do que seja subtil, aos olhos de quem nada entende do que é sensitivo, que se sente e que não é para todos verem, apenas para os intervenientes.
Eu quero lá saber se é lunático, esquizofrénico, delírio ou ilusão, quimera ou miragem, mas eu sei, tu sabes, ele/ela não sabe, nós sabemos, eles nunca entenderão, vós nunca percebereis, eles/elas nunca o sentirão, porque quem nunca vive ou se ilude, nunca saberá o que não é ilusão!

domingo, 5 de agosto de 2012

Platónico . . .

Platónico, que assim seja ou fosse, o que importa se eu gostava, se me dava vontade de te ver, se me dava vontade de ousar invadir-te. Não começa tudo no platónico, no que imaginamos, porque se sente atraído, porque se gosta dessa atenção, porque apenas estamos a gostar de algo diferente?
"É ilusão, estás iludida, é uma perca de tempo . . . ainda te vais queimar . . ."
Quando se sente o que quer que seja por alguém com as cores do desejo tornamos-nos cegos, néscios, a razão não tem lugar, a audição aos concelhos dos amigos fica entorpecida deixando passar apenas algumas mensagens. O poder das emoções e vontade do corpo cegam a alma.
Sabemos o que queremos sentir, sabemos quem queremos que o faça sentir, o que se vive internamente é demasiado poderoso para que a razão possa espreitar, sejamos crianças, jovens, adultos ou idosos. Neste campo não existe idades, não há classes sociais, opções sexuais, etnias, raças nem credos . . . apenas querer, vindo do mais profundo desejo de se estar com quem nos desperta estes ímpetos, mediados quando a razão começa a conquistar espaço para evitar o pior . . . leve o tempo que levar até o corpo e o espírito ceder à mente.      
Vou sentir falta dessas subtilezas, do ritual platónico, do mar de fantasias para as quais foste alimento, água, complemento.
Mas com um só gesto destruí tudo isso, os gestos que se seguiram fizeram um estrago ainda maior.
A razão chegou e ocupou o lugar para tentar salvar-me da minha imbecilidade. 
Nada posso fazer que não seja viver e deixar viver. Custa tanta destruição massiça, mas nada posso fazer para alterar o passado. Tirei o meu time de campo, fugi porta fora. 
Deixo-te seres quem és, onde queres ser, com quem queres ser sem o incómodo ou estorvo da minha presença.
Nada me serve arrepender, mas a vida continua . . . o que tem que ser muita força e o que tiver que ser assim soará!

Olhos que não vêem . . .

Olhos que não vêem, coração que não sente. . . não quer dizer que não saiba . . .
Tudo é fácil aceitar quando escolhemos que não temos que ver o que não é para ser visto - pelo menos, assim consideramos. Escolhemos aceitar que as coisas são como são, escolhemos mentalizar que nada se pode fazer ao que é o que é. Mas o pior de tudo é o não querermos ver, porque achamos e pensamos que não é necessário, por fuga da realidade, por medo da perda do que nos agrada, nos sabe bem, porque é algo diferente, por atentado ao ego, mas o que é certo é que nos esquecemos que essa realidade pode vir ao nosso encontro a qualquer momento. 
Faz parte da aprendizagem. As palavras que ouvimos podem alertar, mas há coisas que baralham até quem alerta.
Há coisas que eu desconhecia, mesmo com a minha idade, coisas que para uns é mais que óbvio, mas que para outros (eu) a experiência não disse o mesmo sobre o mesmo, até ao dia em que o óbvio para os outros passa a ser a experiência dos incautos. 
Dói, e doeu. Era disso que fugia. Fui cobarde e agi da pior forma possível, quase ofensiva e discriminatória do que eu já tinha aceite em teoria.
As desculpas não se pedem, evitam-se . . . e não vale a pena chorar pelo leite derramado . . .
Seriam aceites e compreendidas as minhas desculpas?
Seria aceite por quem eu magoei?
Choro com tristeza dos meus atos. Fui hipócrita comigo e com quem aceitei ser o que é, porque ainda não aprendi e apreendi o que, nesta altura do campeonato, já devia saber e saber fazer. 
Maneira dura de aprender e apreender o mundo!
A minha dor magoa-me pelo que está por detrás de si, não por causa de quem é o que é.
Se me puderes perdoar e compreender, perdoa-me e compreende-me.
Se me quiseres aceitar sendo como sou, aceita-me como sou.
Não te quero mudar, não posso, não o devo pretender. Talvez humildar-me um pouco mais, para meu bem, seria uma boa forma de te deixar seres o que és e quem és, no meio onde estás e como te sentes bem. Afinal quem surgiu, invadiu e se impôs fui eu, tu já aí estavas! 



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

E porque gosto de ti . . .

Já disse e repito, não suporto a falta de bom carácter, não me diz nada as atitudes que alimentam aparências, não me enriquece a mente, o espírito e muito menos a carteira . . . é vazio!
Nada posso fazer para mudar o que já era antes de eu ver ser, ou perceber que é, ou até mesmo que não queira acreditar, mas que irremediavelmente é.
Confunde-se o que parece com o que queremos que seja e apenas vemos o que queremos. O que queremos que seja torna-se real, crua e cinicamente real. As peças encaixam, tudo faz sentido, até que tudo o que quisemos ignorar esbarra-se na nossa cara da forma mais gélida, indiferente, seca, distante. Implodimos silenciosamente, mantemos a pose, como se nada fosse e seguimos de cabeça erguida, porque o que somos aqui, somos ali, dentro das quatro paredes ou em campo aberto, com quem costumamos ser, estar, ver, falar, nem que seja para dizer "Bom dia. Está bem disposto hoje?" 
Tudo tem uma razão de ser, um bem maior, uma alegria suprema, a passagem de uma palavra da boca de alguém para a boca de outrem, que por sua vez passa a palavra a mais alguém. Tudo tem o seu haver que ser.
Eu não me dou a quem não dá e só dou o que recebo, seja pobre ou rico, seja fino ou fatelas, seja alto ou seja baixo, seja gordo ou seja magro, tenha olhos castanhos, verdes, azuis, cor de mel, mesclados, seja definido ou indeciso, seja que raça for, credo ou profissão, não esquecendo o parentesco, mas só me dou a quem me dá, só me entrego a quem a mim se quer entregar. 
Eu assumo, gosto de ti, seja isso certo ou errado, sejas a melhor pessoa do mundo ou um cobarde e vil mal disfarçado, seja perda de tempo ou disparate. Platónico ou realidade conquistaste este meu mundo em profundidade.
És mais rio que corre até um dia secar, nova chuva cair e novo rio se criar. Deixarás a marca do teu percurso, mas as poeiras que o vento arrasta logo, logo apagarão a tua existência. Sementes de plantas belas e perfumadas ocuparão esse lugar, de novo o ar amanhecerá perfumado e onde um dia foi um rio que secou, será o mais belo jardim inexplorado!