sexta-feira, 4 de maio de 2012

Em palavras . . .

Demais são as vezes que eu penso que partiste sem deixar rasto ou razão para te ver.
Vastas são as noites que te deixo partir sem palavra deixares para trás.
Sem medo vou avançando , pela noite, pela penumbra, pelo vão de escada que deixo para trás.
És a voz que eu queira consolar nos gritos de noites vastas, largadas ao luar do incenso no ar.
Vejo-te como a penumbra sozinha sorrindo e descendo a montanha que fica a norte num deserto cálido.
É um cravo esperto que arranco de um jardim de flores floridas com cheiro amazónico.
Deixaste-te levar pelo vento do inverno que nunca mais findou assim que chegou por perto.
Deus te deu muitas noites em que te sentiste perdida à luz de uma lamparina velha, em escassas palavras acesas no meio da escuridão oferecida pelos juízes da noite.
Deste beleza à palavra, enaltecestes a alma que vinha pelo correio e deixaste-te ir.
Vem a luz, vem o suor, vem a quimera que te arranca da pele, diz ele nas suas palavras escondidas, atrás dos sons das palavras escondidas, atrás de tudo o que existe e tem que existir.
Garanto-te que não mais terminarás a palavra acesa, que não mais deixarás de ser o que em breve e um dia serás.

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