segunda-feira, 25 de abril de 2011

Portal do Tempo

O portal do tempo foi-me fechado. Foi fechado a mim, a ti, a nós, a tudo o que daí pudesse resultar.
Sente-se que é como se dois vidros grossos nos separam, dois vidros próximos mas cheios de uma névoa translúcida, num éter azul marinho, num espaço sem dimensões nem tempo, como se a pairarmos cada um na sua redoma de vidro.
O que fica entre nós é o vazio. É o meu grito que tu não ouves, é o teu grito que eu não ouço, mas que ensurdece quem está por perto. Queremos papéis incompatíveis e nada saudáveis, pelo menos para mim.
É a constante do impossível, do nunca mais, do tal como apareci, desapareci. É como se fossemos apagados da vida um do outro, porque não era suposto termos acontecido na vida um do outro, ficando um buraco, um buraco negro que não sabemos o que é que existiu lá. O que aconteceu na realidade foi o não suposto acontecer. Afinal, as coisas que não são supostas acontecer também acontecem! 
Porque é que só agora queres ser o que sempre precisei que fosses?
Porque é que sempre voltaste ao que és, ou sempre foste, depois de pequenas mudanças?
Porque é que nunca tive coragem de meter um ponto final no meomento certo?
Porque é que foi sempre tudo tão tarde na minha vida?
Será que mesmo que tivesse acesso às respostas, eu mudaria alguma coisa nas minhas escolhas?


sábado, 23 de abril de 2011

Será Que Já Comecei A Crescer?

Como é que se dá fim a um amor inacabado, a uma esperança de mudança para que tudo volte a ter apenas os seus contornes positivos e fim dos destrutivos, a um medo que nos consome por sentirmos que não vamos conseguir voltar a amar reciprocamente ou ser amado reciprocamente, que só o verdadeiro amor - que é um sentimento natural - tem essa capacidade, o amor que não olha a contas bancárias, mas sim ao que ambos podem dar e não ao que cada um pode receber.
Será que isso é apenas uma invenção, mas porque é que há pessoas que o sentem e outras que não???
Não quero saber do que os psicólogos dizem " . . . o amar demais está relacionado com as carências afectivas vividas na infância, adolescência, acontecimentos que afectaram a auto-estima e auto-confiança, procurando no exterior a satisfação das necessidades. Se não houver intervenção psicológica desenvolve-se alterações na noção da realidade, estado de pessimismo e baixa resistência às adversidades da vida . . . etc."
Muito bom o meu prognóstico, não???
Mas a ilusão é tão grande, que não sei em que acreditar.
Crescer é duro e difícil, seja em que idade for. " . . . ainda continuas a errar , tu não aprendes, já cometestes demasiados erros na tua vida! . . . O que tu fizeste a ti mesma foi muito grave!".
Apenas quis viver o amor, acabar com as minhas carências e buscas doentias e paixões platónicas, quase ou até mesmo patológicas, mas não era o caminho correcto.
Teria que ter passado por isto para me livrar ainda de outras coisas ainda mais profundas? . . . Assumo e reconheço que houve momentos em que me vi na pele de algumas pessoas com as quais fui extremamente dura durante toda a minha vida. Tudo o que crucifiquei e apontei a essas pessoas pelo que me afectou, foi compreendido, aceite e perdoado. Afinal havia muito muito peso que me estava a destruir por não aceitar e  perdoar, ainda mais porque essas pessoas são quem são e têm a importância que têm. 
Confesso que preferia aceitar e perdoar, mas de uma forma menos dolorosa, destruidora, caótica.
Os meus dramas afectivos serviram, ao menos, para me livrar de um peso muito grande que carregava há  demasiado tempo. Aceitar e perdoar é libertador! . . .será que aos 34 anos é que comecei a crescer?

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Realmente . . .

Realmente quando digo que isto é sério, é ralmente sério, ou será que estou a fazer o que fazem as viúvas alegres, que para fugir ao luto e à dor da perda, agem como se nada fosse para elas, que a pessoa apenas morreu!
Tudo o que deixarão de viver, por muito estúpido que o defundo tivesse sido em vida, é tudo o que querem fugir para não sentir a falta, substituindo por outras coisas que dão prazer, mas o luto por ser vivido está lá e estoirará um dia!
Afinal, o luto das coisas é mesmo isso, o que está dentro de nós e que tem que ir sendo resolvido aos poucos, a sanidade vai ganhando espaço e vemos do que é que nos libertámos.
Eu não quero ser a viúva alegre que faz tudo para fugir ao luto ou como a avestruz que enfia a cabeça dentro de um buraco!
Mas é o que está a acontecer!
Heis que a dor é maior que tudo e a minha mania está ao rubro com ideias fluminantes de coisas espatafúrdias e com intentos grandiosos!
O facto é que me vi livre de coisas que me incomodavam profundamente! . . . Isso é um alívio!
Mas há outras das quais ainda não fiz o seu luto e tenho medo que quando menos esperar desabar em lágrimas quase fluviais.
O que é certo é que sinto uma alegria que me assusta . . . é esse de repente que me assusta e muito!
Sim, é a minha fuga ao sofrimento. É a minha dor em forma de euforia, é o meu medo em forma de indiferença, é o meu grito em forma de cantoria.
Sim, mas tremo por dentro, porque a minha letargia me tolhe o pensamento e os meus horizontes, porque me faz ignorar o que não quero ignorar e consumir-me com o que é suposto estar desaparecido.
Realmente quando digo que isto é sério, é mesmo muito sério . . . 

sábado, 16 de abril de 2011

Crónicas da Lavagem de Roupa Suja

Hoje apaguei os últimos vestígios orgânicos da tua existência física.
Já só algumas peiras tuas é que ainda diambulam pela casa a fugir da vassoura e da água com detergente. Assim é mais fácil limpar os teus restos e marcas, o ar fica mais respirável, apesar de que, é a ferida que tenho no coração que me inflama a traqueia.
Deves estar feliz e contente com o teu saldo . . . o da vida!!!
Vou fazer uma dissertação pública de mais uma lavagem de roupa suja, como tantas outras de fracos a lutar contra fortes e corações despedaçados, muitas lágrimas e outras novelas de faca e alguidar, como reza todas as odisseias de desfeitas afectivas e baixarias miseráveis.
Não! . . . Mudei de ideias, apetece-me apenas falar mal de ti, uma vez que é tradição assim ser, quando tudo acaba e o magoado se sente injustiçado.
Apetece-me falar mal de ti porque sim, porque acho que o devo fazer.
Sim, é por raiva de não ter sido o que devia ter sido, quando o devia ter sido. É bem provável que nada disto tivesse acontecido, se tivesse sido o que é suposto ser quando se tem que ser e se se quer evitar uma ecatombe.
Eu podia fazer o que a maioria dos magoados faz quando é magoado, procurar outros magoados e fazer de conta que nada se passa e que o amor é coisa de gente idealista e utópica, que isso não existe e que o amor romântico é coisa inventada no final do sec.XVIII, quando as mulheres começaram a viver as paixões e a ter filhos dos amantes, porque o casamento era comércio puro! . . . Afinal existiu!
Pois, mas não fiz!
Já tenho idade para ter juízo e ela não perdoa.
No que me cabe em culpas ainda não consegui perdoar-me. Por muito que eu leia sobre o assunto, ainda não percebi patavina, por isso deixo-me andar e massacrar-me de vez em quando, para manter-me consciente das minhas borradas.
Afinal não falei assim tão mal de ti, mantive algum respeito por mim, afinal eu também estava lá!
Ofender-te seria ofender-me e enxovalhar a minha pessoa. Não vou às partes sórdidas da coisa para não me expôr. Cavar um novo buraco é saltar de um para outro e não me parece justo para mim!
Poderia gritar um monte de coisas que nos levaram a onde chegámos, mas não me apetece, prefiro que fiques a imaginar o que poderia escrever sobre ti, sobre mim, sobre o ex-nós - que coitado, teve tão pouco tempo de vida, que nem tempo teve para se conhecer a si, a mim ou a ti . . . Agora é um filho de mãe e pai icógnito abandonado ao seu fim, mais um rebento que não teve a felicidade de germinar e dar mais vida à Vida!  

Cara Lavada e Bem Perfumado

Não me preocupei com mais nada, com a imagem, é o libertar letras, pontuação, frases curtas que querem falar, ou cantar se alguém o quiser também.
É errado? Paciência, temos pena . . . ou não!
Mas não estou com a menor vontade de falar de coisas cómicas. Este é o lado B da coisa.
Ando à procura de soluções milagrosas para a fome no mundo, a miséria dos espítiros, poluição e outras coisas sem fim à vista.
Terei andado a deixar-me influenciar pela Profecia Celestina, ou estarei a ficar Bipolar?
Ando à procura da solução para a minha falta de cura e a cura para a minha falta de soluções!
Será que é possível encontrar as duas? Onde andam elas perdidas? Ou quem as achou antes de mim e as escondeu de mim?  . . . Seu sacana!!! Passa-me para cá e JÁ as minhas curas e soluções porque eu já estou farta de ti e quero ver-me livre de ti de uma vez por todas!!! JÁÁÁÁ!!! Ouviste? . . . oh surdo mudo que nem uma porta, que não tem coragem de ranger para não se partir!!!!
Já não te aguento mais!!!
Sai de mim demónio que insiste em habitar os meus sonhos e deixar o meu ambiente pesado e alagado de lágrimas!!! . . . Sai!!!!
Sim é para ti que falo!!! Já te deixei fazer demasiado estrago!!!  . . . Ainda não estás contente com as minhas feridas e com as que deixaste???
Queres que eu te diga o que sinto por ti? Queres??? Olha que eu respondo!!!
Sinto os dois que andam lado a lado, mas vê lá que eles andam à bulha! . . . Só existe lugar para um deles!
Acho que pode aparecer ainda mais um, o terceiro  . . . que compete pelo mesmo lugar em que estiveste com o disfrute total de um deles, o lugar que pode ceder lugar a mais um . . . Sim, já que a minha única riqueza abundante, neste momento, é em espaços sentimentais e emocionais.
Então? Já me substituiste por uma rica pessoa rica? Elas "andem aí", cheias de dinheiro, mas com o proporcional em ausência de quem as ame! . . . Só elas é que não sabem o custo do teu sentimento. . . Queres que te ajude a fazer uma tabela de preços? . . . Vai-te custar tudo o que saiu do meu património, mas eu ajudo-te! 
Lembra-te de manteres a cara lavada e bem perfumado, porque senão elas descobrem mais depressa que eu a tua génese . . .

Começar Depois do Fim

Depois do fim há um início, depois de um início há sempre um fim. É sempre tudo uma questão de tempo. A vida é sempre uma questão de tempo, que nunca sabemos o prazo de validade, por muitos testes e estudos que corramos atrás!
É aqui que entram as dúvidas e os nossos medos. Estamos sempre à espera que tudo acabe bem mesmo sabendo que muita coisa não tão boa possa acontecer, mas quer-se sempre que tudo acabe bem.
É o fim das relações, é o fim de um curso, é o fim de uma espera muito grande, é o fim das turmentas que nos assolam todos os dias e que parecem nunca mais ter fim, mesmo que o final feliz venha aí a caminho, mas quando acaba a tormenta . . . Só Ele é que sabe!
Mas depois de um fim há sempre um novo início, mais glorioso, mais dignificante, mas é um novo início.
Eu em particular não gosto de certas mudanças, ainda mais quando existem abutres económicos a pairar no ar!
Mas não falemos de coisas tristes.
De facto houve um fim, não, vários fins, com muita dor e quase insanidade de tão turtuosa ter sido a adaptação a uma nova realidade. Mas o que lá vai lá vai e agora é olhar em frente o futuro de cabeça erguida.
É um conselho: andar para a frente que à nossa frente é que está o caminho!