domingo, 8 de abril de 2012

Não tenho palavras . . .

Já estou farta e cansada de ver cenas tristes que mais parecem tiradas de um filme de violadores. Já não aguento mais ter de mentir e não dizer que tenho de mentir!
É escandaloso demais a vontade que tenho de lhe esventrar as entranhas, só de me lembrar falta de respeito e humanidade desse pacato monstro sem dó.
É um monstro açambarcador. Não poupa a alma, a vida, as vidas.
É horrível ter que esconder uma verdade que só alguns vêem, porque o maior cego é o que não quer ver. Quem sabe e o vê não pode falar, não o pode discutir nem gritar, uns porque não se podem deixar ver, outros porque não podem falar.
É um segredo no silêncio mudo, calado pelas amarras das próprias mãos. Chora de boca selada e mãos amarradas, grita em gritos mudos, gemidos e lágrimas de desespero, em tortura e agonia, porque só Deus os ouve, porque só uns quantos compreendem a dor de se ter de esconder com tanta vontade de gritar.    
Ter de fazer de despercebida, de cega para poupar alguém ao mais profundo e ignóbil sofrimento. Não sei se quem poupo o faria por mim, mas a dor de ver sofrer seria bem maior que este sofrimento.
Será que estou a agir bem? Será que estou a ser pior que o monstro por não contar a verdade? Quem me liberta desta cruz? Quem me livra deste sofrimento e faz o monstro recuar?
Que direito tenho eu de criar infelicidade, mesmo que saiba que seria o mais correcto desmascarar o monstro?
Quantos anos me pareceu que era ilusão minha . . . só agora vejo o que alguém já tinha visto, sem me explicar o porquê.
Ninguém foge ao destino!
Estou a arcar mais uma vez com o sofrimento para não ver alguém sofrer, alguém que não merece sofrer o que eu vejo que iria sofrer!
Estou a fazer bem? Estou a fazer mal?
A revolta que sinto tolda-me a razão.
Não tem vergonha!
Eu sou a filha!!!


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