sábado, 22 de fevereiro de 2014

O capítulo que ainda agora acabou de começar . . .

Finalmente ganhaste coragem . . . 
Fugiste das garras da rainha má e vieste ver o que te aguarda, após derrotares o vício a que te acostumaste, o vício do que já perdeste a noção do porquê e que já acabou sem que a raínha da vileza entendesse, tanta é a dimensão do seu umbigo!
Voltaste, com o pior dos pretextos, ao ponto de partida, apenas para confirmares o que te espera num futuro próximo . . . aos olhos da Eternidade.
Vieste à procura da certeza de que te esperaria, vieste para dizer mostrar que percebeste que a história acabou de começar, que percebeste que o novo capítulo já começou e apenas estás a terminar o passo anterior ao que se segue.
Vieste para pedir que espere, que aguarde só mais um bocadinho, porque já não falta muito . . .
Viraste as costas à miss antipatia e foste fazer qualquer coisa que de repente sentiste necessidade de fazer, que não podia ser adiado e teria que ser no local onde começa o capitulo, para regressares ao teu enquadramento na história que está escrita da forma e com o desenlace que foi escrita, quer queiras ou não, quer te agrade ou nem por isso, pelo menos para já. 
Foi bonito de se ver . . . a tua entrada no local, pelo escritor marcado, que intencionalmente te fez sentir um transgressor de todas as regras a serem, supostamente, respeitadas . . . sentiste como se estivesses a dar o grito do ipiranga, a romper com as amarras, com as correntes que há tanto te prendem e te corroem, mas ainda estás amarrado . . .aparentemente, aos olhos da rainha de todas as vaidades!
Foi difícil resistires?
Pelo menos para mim foi.
Deste o passo a seguir, ganhaste a coragem que eu precisava que ganhasses e esperaste que te perseguisse, mas não o pude fazer . . . não era a altura ideal, a que está marcada, mas gostei da tua coragem. Fizemos o que queriamos fazer entre as paredes da telepatia, pelo que e no que  tiveste vontade de sentir, mesmo que à distância de um toque ou de um olhar que fala mais que as palavras. 
Quiseste voltar atrás com tanta vontade, que não te contiveste em deixar o que podias e o que deixaste ainda ficou durante o tempo que o escritor deixou ficar. 
O teu destino presente ainda te chama e chamará enquanto o destino assim estiver destinado, mas o que levas contigo é mais que apenas uma certeza, é mais que apenas mais uma história, mas que não deixa de ser uma história. 
À noite, quando o sono te chama, vais sonhar com o que se segue a seguir no cenário idílico ou preferes simplesmente avançar para o cenário real?
Vais fazer do mundo o pano de fundo perfeito para tudo o que escapou ao momento ou vais recriar o caminho de regresso ao ponto de partida para manteres essa perfeição ousada aos olhos do mundo quadrado?
Não perguntaste o meu nome, nem eu o teu . . . não era preciso . . . são pormenores que interessam apenas no momento que surgir a próxima perfeição escrita pelo criador da história.
O que realmente interessa é que já começámos a imprimir na realidade as primeiras manchas de tinta do que foi escrito. Isso é o que mais importa, estejamos nós com quem ou onde estivermos. Os nossos passos deixaram as suas marcas no chão, passo após passo, por onde passámos, no gesto após gesto onde gesticulámos, repiração após respiração a cada momento . . .
O escritou terminou o primeiro capítulo que ainda agora acabou de começar . . . mas ainda falta tanto . . . ainda falta o que há pelo meio, entre isto e aquilo, uma coisa e outra e tudo o mais que se segue.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Uma história escrita

Oi.
Já cheguei.
Já passaram alguns dias desde que desci o avião, desde que inspirei fora do ar que me trouxe, desde a minha chegada.
Ainda não te disse nada, acho eu!
Será que já nos vimos?
Já te vi?
Já olhei para ti com olhos de ver?
Já me viste?
Talvez já nos tenhamos cruzado, não sei. Estivemos no meio de tanta gente, talvez!
Eu fui numa direção e tu foste noutra, ou ainda estás com a pessoa errada e eu no estado certo para te receber. Talvez!
Onde estamos?
Onde estás?
Onde estou?
As coisas são como são e nós não nos podemos adiantar ao marcador.
Digamos que não ando à tua procura, nem tu à minha, digamos que estamos a viver uma narrativa, cada um no seu tempo e na sua história. A minha começou com a descida do primeiro degrau do avião, com o primeiro momento em que tirei os olhos do chão e olhei o horizonte; começou com os primeiros prenunciares de qualquer palavra que não fosse nativa, com o estado de estranheza que me consumiu quase todos os escudos que trazia para me confortar.
Já começou tudo da forma como começou . . . as conlusões tirarás quando o autor desenhar com pequenas letras a profecia e te colocar no caminho pelo qual irei caminhar, a partir de um qualquer momento e após nos captarmos daquela maneira que ninguém entende, que não faz sentido aos olhos de quem desconhece estas coisas, de quem não consegue compreender pela lógica, pela ilógica ou de forma alguma que não seja a sua.
O tempo já começou a contar para o que antecede o prologo e o que há para escrever já começou a ser escrito.
Neste momento o escritor está a construir-te a ti e a mim, personagens do seu enredo, os personagens da sua história a partir da estaca zero, a partir do nada como todas as histórias verdadeiras.
Os personagens só sabem que existem, mesmo ainda de se ter dado início à trama e que vão fazer parte da história que nunca foi escrita no livro das suas vidas, mas sabem que será a mais bela história que já viveram, que já conheceram enquanto personagens desta história global; sabem que nunca mais a vida será igual a partir desse momento, que nada será como dantes e ainda que cada dia será mais belo que o anterior enquanto a história acontecer, que tudo será belo, maravilhoso, cheio da arte . . . e de artes, todas elas nobres e gratificantes, porque o mais importante é viver a história e não o depois, porque o depois será sempre e apenas o depois e neste momento o que importante é o que começou a ser escrito.
Só nós os três é que sabemos que existimos, eu, tu e o escritor, todos em sintonia com o que queremos que a história seja a cada dia.
Enquanto traça os primeiros esboços sobre a mais bela história de amor de todos os tempos, a mais encantadora da existência dos personagens, desenhada com a vontade de quem quer finais felizes e eternos, o escritor vai sonhando acordado com o que dará aos seus protagonistas.
Os protagonistas de mais uma bela história cheia de todas as icógnitas, descobertas e avanços, todas as lamechices, suspiros e lágrimas de riso já sentem no ar o cheiro do novo, do diferente do antes, com algumas coisas iguais a outras que fazem parte da cena, mas que no conjunto nada é o que parece e nada parece o que é, mas o que é certo é que seja como for, é!
O escritor sente-se feliz. É o último dos românticos, não se poupará a deleites eternos enquanto durarem, requintes de hedonismo, delícias visuais e corporais para todos os gostos para manter viva a chama das suas criaturas. O escritor cora antes de fazer corar os protagonistas, sente na sua mente tudo o que quer fazer o resultado da sua criação sentir na pele, no corpo, no coração.
Estás preparado?
Eu não. Mas como sempre, eu nunca estou!
O que vais fazer?
Ficas à espera que seja escrito o que tens que viver ou já te puseste a existir?
Eu decidi existir antes de qualquer criação. Não quero ficar à espera para poder viver . . . vou existindo, mesmo que seja apenas existindo, vou olhando e vendo o que se passa no mundo. Agora existo como espectadora. Sento-me num baloiço de um parque como uma menina pequenina que não chega com os pés ao chão e limito-me a olhar, a ver o que se passa e quem passa, como passa quem passa e quando se passa, nem que seja apenas qualquer coisa.
Seja como for, enquanto a história não começa vou baloiçando e brincando no meu parque até que o escritor te coloque no meu caminho, ou a mim no teu caminho, ou nós no nosso caminho em direção à história mais bela e lamechas cheia lágrimas de riso, romantismo e hedonismo, tudo misturado até podermos chegar à mesma conclusão do escritor que é . . . o que é belo e bom dura enquanto quisermos ser e fazer alguém feliz!