sexta-feira, 4 de maio de 2012

Fomos tudo e não fomos nada


Era tarde demais, já tinha o corpo e a mente adormecidos nesse balanceio, perdidos à deriva sobre uma nuvem.
O chão fez-se céu e não mais sentia pisar, soube as nuvens deslizei sonhando que dançava, sonhando que apertavas o meu corpo contra o teu, deambulando para a frente e para trás os passos mágicos e hipnotizantes, fechei os olhos e deixei-me ir no teu balançar.
Dancei nos teus braços e quase que quis que me arrastasses para longe dali. 
Senti uma vontade, a custo controlada, de te tomar e provar o quente da tua boca. Deu-me vontade de te sentir como nunca senti.
Senti-me leve como uma pena, muito leve, por momentos entrei dentro de ti onde só havia a música que te embala, a música do teu balançar, o calor que sentia percorrer o meu corpo, o êxtase no ritmo encostado, a denga do deixar ir, por momentos éramos tu e eu.
Um furacão anunciado se irrompeu e não éramos mais eu e tu, a terra abriu entre nós e a minha esperança de te ter novamente nos braços se fulminou num ecoar estrondoso e firme de posse por um trono . . .
Não mais éramos amantes platónicos e cúmplices, deixei-te ir e servi-te numa bandeja a quem te agarrou e não mais largou.
Voltámos a estar lado a lado, quase frente a frente e estranheza em ti tentei criar, enquanto os teus dedos distraídos escorregavam lentamente sobre a minha pele até pele não existir.
Fomos uno e amantes por breves momentos, um só, em uníssono, cúmplices dos mesmos desejos que eternizei na minha memória.
Fomos tudo e não fomos nada, um nada que se eternizou num por enquanto. . . 

Sem comentários:

Enviar um comentário