domingo, 25 de março de 2012

A seu tempo os mistérios se revelam . . .

O dia misturava as nuvens com o Sol quente quando aparecia, deixando o seu rasto de luz quente que enche o peito e a alma. 
Estavas no meio da procura do local a que te dirigires e eu vi-te cá do alto onde tudo se vê e tudo é visto.
Apareceste atrás da distância e da frieza formal de quem vai ao encontro do concreto e não outra coisa que isso mesmo. Misturaste-te no público discreto e aparente, como convém, e fizeste o teu papel. 
Deixaste o espaço ao ar livre e caminhaste circunspecto para o interior da sala.
Entrei e sentei-me sem saber, ou perceber, que tinhas percepcionado espaço onde eu estava. Foste realmente discreto.
Mostraste-te interessado no que ouvias e entre a descontração do momento, esboçaste um sorriso inesperado na minha direção, como quem procura alguma cumplicidade. Não correspondi, não esperava.
Fiquei atenta para me redimir da minha indiferença e fiz-lo devolvendo no momento predestinado o mesmo sorriso de cumplicidade. 
Pouco depois levantaste-te e eu segui-te, o dever assim me obrigava. Estavas com pressa, outras prioridades ou obrigações te chamavam. Deste-me o cartão para quem de direito te contactar e desapareceste como apareceste.
Consegui ler-te alegria e tristeza, porque transportas contigo a dor da tristeza e a alegria da esperança.
Vi-te doce, sensível, frágil e todo o seu oposto, tens devaneios criativos, animalidade e muita intensidade.
Fiquei com medo e com vontade de um animal marinho que vê um brilho no fundo do mar, curioso e receoso.
Descobri-te sem poder dizer que te descobri, mas descobri-te.
És o que sei que és, mas deixo-te manter misterioso, porque não vi tudo . . . ainda há mistério e é assim que me puxas e me mantens desperta . . . 
Como em tudo, a seu tempo os mistérios se revelam e eu estarei aqui para me maravilhar com as descobertas esperadas e inesperadas.

sábado, 17 de março de 2012

Ego ferido

Não sabes porque estás sozinho, mas eu sei.
Não sabes porque te sentes só, mas eu sei.
Às vezes não sabes porque é que os outros te fazem sentir que és sozinho, eu sei e como sei . . .
Não te sentes como os comuns dos mortais, que são tão comuns como tu. Sentes-te no topo do mundo, mas ainda não atingiste o céu . . . não dizem que o céu é o limite?
És algo inexplicável que eu adoraria conseguir explicar ao teu ego ferido de quem foi magoado, de quem se tornou agressivo passivo, apenas para não envergar a espada e cravá-la esventrando com toda a raiva e ânsia de destruir a dor que te acompanha desde que acordas até que te deitas.
És ocupado, muito ocupado, porque ocupas o que queres que seja ocupado não por ti, mas pelo amor que suplicas silenciosamente. 
Sentes-te como se estivesses no meio de uma rua vazia, abandonada, apenas com marcas de pedaços de vidas, invadida pela tempestade; ao menos que algum relâmpago rasgasse o céu breu e iluminasse, nem que fossem por uns segundos, o que desejas resplandecer. 
Olhas o céu, com a cara salpicada pelas fartas gotas de água, e perguntas em pensamento "Porquê meu Deus??? Porquê??? Porque é que não me compreendem? Porque não vêem em mim o que em mim vejo, porque é que os outros são mais atrativos, interessantes e apaixonantes que eu?
Olha bem para mim! Já viste o que fizeste de mim? Já olhaste bem para mim?????
Eu tenho mais que eles, sou melhor que eles, eu fui mais longe que eles!
Eu minto? Eu minto e invento mais??? SIM!!! 
Mas o tanto que tento!!!
Porque é que não gostam de mim? . . . de mim!!!"
Olhas para dentro de ti e vês o quanto sofres pelo que verdadeiramente queres, imploras e suplicas. 
Tens tudo, mas não tens nada, gabas-te de tudo o que fazes para que gostem de ti e procuras magoar, porque em dada altura não olharam para ti. 
Guardas rancores antigos, mantendo viva a fera e fresca a sua ferida. 
Não sabes, mas consigo olhar e ver o que está dentro de ti fingindo que não percebo e deixo que te julgues superior . . . se isso te faz sentir bem, assim deixo! . . . mas olha, um dia deixo de fingir e aí serei implacável desferindo o mais profundo golpe no teu ego ferido e jorrarás todo esse sangue infectado e envenenado pela raiva e rancor do traidor expulso do paraíso. 
Voltarás a sentir-te leve, saberás o que é ser-se verdadeiramente realizado sem precisar de implorar, suplicar que gostem de ti, porque dentro de ti estarás preenchido e cheio de esplendor. 
Renasce livre, emanando luz de dentro de ti. 
Assim seja.

Gosto de alguém

Sabe bem gostar sem sequer querer saber se se é gostado.
O que importa se eu gosto de gostar de quem gosto?
Sabe bem e pronto!
Gosto de alguém. 
Não quero saber se esse alguém me corresponde, não é isso o mais importante. 
Mas sabe tão bem gostar desse alguém que me responde sem responder!
Não és um Ti, Existência, és apenas Tu . . . és o que és.
Não lembro se és bonito, mas isso neste momento já não importa, se tu és simplesmente tu!
Sabe tão bem não querer saber se ficas mais alto ou mais baixo quando de saltos me coloco.
O que importa se o que me apaixona não se vê à vista desarmada?. . . só os olhos de um coração limpo vêem o que eu vejo. Será que mais alguém vê?
Apareceste no meio do nada, no espaço vazio onde não havia ninguém que tivesse o que tu tens dentro de ti. 
Não te procurava, mas achei-te sem saber que eras a paz que eu gosto e preciso.
Não me importa o que se segue, porque só se segue o que importa.
Neste espaço sideral já não sou senhora do meu nariz, domadora da realidade, sou a aventureira aberta ao desconhecido, sigo a brisa que vem de onde vem, porque cheira a mar salgado, cheira a areia da praia abraçada pelos raios de Sol e acarinhada pelas ondas do mar. Vem de ti? Talvez, mas o que importa se o mais importante é saber que existes e apareceste?

quarta-feira, 14 de março de 2012

GOSTO DE SER ASSIM

Porque é que as nuvens trazem o lixo que há dentro de nós?
Porque é que não conseguimos falar e perceber mesmo que falemos a mesma língua?
Porque é que não nos deixam respirar fundo e em paz?
Porque é que no meio disto tudo não me sinto contente?
Porque é que as agonias voltaram?
" . . . falas muito . . . onde é que está o off? . . . "
Faz, não faças, mexe-te depressa, vais com muita cede . . . a vontade de dizer "sabes, eu viver tem o custo de XYZ, o que tenho em troca é apenas dois terços do que preciso para uma parte se manter, fora a parte que me permite manter viva e ainda ter que parecer viver como se de tudo sobejasse!" 
Desenganem-se, porque . . .
Sou lunática? . . . SOU!
Sou irrealista e guio-me pela minha própria ilusão? . . . SOU E SIM!
Tenho a mania da perseguição? . . . TENHO!
Sou desequilibrada e alimento interesses alheios aos meus? . . . SOU E SIM!
Sou excessivamente emotiva? . . . SOU!
Aprendo rápido? . . . NÃO!
Sou lenta a absorver alguns pormenores da vida? . . . SOU!
Sei apenas ser uma parte quando tenho que ser apenas uma parte? . . . NÃO!
GOSTO DE SER ASSIM???? . . . AMO!!!
Gosto de mim com todos os meus medos, com toda a minha cede em ir ao pote, com todo o meu excesso de gosto de falar, " . . . és muito ansiosa, não deixas que as pessoas terminem o raciocínio. . .", com toda a minha loucura " . . . queres sempre mostrar que . . ." e excesso de confiança e excesso de insegurança. 
Gosto de mim assim mesmo, gordinha ou cheinha " . . . és alta disfarça!", com esta cara de quem tem 10 anos a menos, com esta personalidade de alguém muito novinho, com esta ingenuidade e imaturidade que não é normal para uma pessoa da minha idade, com esta maneira de falar de pessoa 15 anos mais nova.
EU GOSTO DE MIM ASSIM!!!!!! OK?
Rói-te aí por eu ter o que nunca terás mesmo que chegues à minha idade, mesmo que sejas super interessante, uma beleza deslumbrante, genial e com aura de sucesso.
O que me move já não existe em muitos cantos deste mundo, é eterno, mas privilégio de apenas alguns.
O que me move vai além dos egos, do meu ego, do meu corpo . . . o que me move tem alma!
O que a minha alma move ultrapassa-te para lá da tua imensa sabedoria, ambição e frescura envaidecida.
Julguei, cometi o erro da minha existência e enganei-me. Também me julguei dona de muita sabedoria e caí!
Atenção que ainda és jovem e já tens fraquezas; já cometi os mesmos erros que tu!
Aproveita a sorte que nasceu contigo e cuidado . . . também tens um ego!


terça-feira, 6 de março de 2012

A beleza das coisas superadas

Deixei de estar presa. Tenho na alma livre como o vento, como oxigénio.
Respiro em plenos pulmões, respiro com vontade de viver e avançar. 
Superados alguns dos obstáculos, são-no agora apenas belas montanhas com os seus cumes repletos da  mais branca mas gelada neve, que quando observo de longe vislumbro com a noção de beleza a sua majestosidade, o sentido da sua existência, a importância e a falta que faz ao local a onde pertence. Afinal foram o caminho para chegar onde cheguei dentro de mim.
Mas quando olho em frente vejo mais montanhas, parecem todas do mesmo tamanho, mas mais pequenas, separadas pelos rios e as suas margens verdejantes; vistos daqui esses serpenteados rios parecem calmos e serenos. Mesmo com o Sol a reflectir nas águas, aparentemente calmas, vejo a humidade nebulosa do ar que ora transparece o fresco de uma manhã de Outono, ora transparece a névoa matinal aquecida pelos raios de Sol de um dia solarengo de Verão.
A beleza das coisas superadas aumenta à medida que nos distanciamos delas. Sentimos-nos no topo da montanha mais alta e finalmente conseguimos contemplar o todo, porque este é o êxtase da superação, é a imponência do nosso poder sobre tudo o que é ultrapassado.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Saudades Tuas . . .

Tive saudades tuas . . .
Não o confessei directamente, porque fazê-lo seria errar em duplicado.
Dizer-te-o directamente seria a pior borrada, calar-me impossível, dizê-lo pior um pouco, admití-lo estava fora de questão, porque as verdades não se dizem e as mentiras estavam na ordem de alguns dias!
Confesso que não tenho medo de escrevê-lo, o segredo que todas as mentiras sabem e que todos os segredos desfazem.
Mentir é melhor que dizer a verdade, passa a se um provérbio "doismilenar", meio em crise como tudo o resto que nos dias de hoje se "encrisa".
Realmente não devia ser assim, sentir saudades tuas. . . Mas não penses que é de tudo!!! 
É só de algumas coisas que ainda não sei qual parte foi ilusão e qual aconteceu com a emoção e sentimento, ao menos, verdadeiro! . . . Mais uma vez, podia ser uma mentira! . . . Estarias mesmo lá? Eras tu mesmo, ou era apenas um espectro de carne a reproduzir comportamentos associados a certo tipo de emoções e sentimentos? . . . Eras uma marionete de ti mesmo sem vida ou estavas lá?
Já não me podes responder, porque de nada serveria e de nada serve!
Mas de algumas coisas, confesso, senti saudades . . . 
Mas contudo, e para cúmulo do ridículo, é a tormenta de não saber se tive saudades de algo que era verdadeiro e sincero ou se de de algo que não passava de mais uma verdadeira artimanha.

Amores roubados


Conta-se de vidas roubadas pelos amores invejosos dos amores sinceros.
A dor de se ser roubado é a de uma mãe que perde um filho para os braços do eterno desconhecido.
"É como se estivesse à minha frente e não conseguir tocar, mas sabendo que é meu e que me pertence viver!"
Pobres dos que lhes são roubados o amor das suas vidas por puro capricho, por valores insondáveis ou mundos secretos, mas à vista de todos.
"Mas porquê??? Porquê???"  
Perguntas que fazem eco, umas atrás das outras, sem deixar espaço entre si.
"Não é justo!!! Achas que é justo?
- Não, não acho!
- Mas como é que ele consegue ser feliz assim? Não faz sentido!"
Mas o que é que neste mundo ainda tem sentido, quando se rouba o amor de alguém por puro capricho, por valores insondáveis ou mundos secretos, mas à vista de todos?
"Mas na cultura deles . . .", mas nas culturas de quem ama, lutar pelo verdadeiro e puro e vivê-lo é ser divino, é superar-se a si mesmo, é deixar que a vida mostre que se está destinado a construir o destino com o que o destino nos destina!
São os tijolos do coração que constroem os nossos passos, dirigidos pela nossa alma e executados com a nossa mente. 
É forte o poder do amor, atravessa rios, mares, quilómetros de terra árida ou verdejante, vida e morte e vida e morte, por toda a existência, para lá da existência.
Por isto, o amor que tem que ser vivido pode ser adiado, mas o que nos cabe viver sempre será por  nós vivenciado!