quarta-feira, 26 de junho de 2013

Responso

" Cá se fazem, cá se pagam! ", já diz um velho, mesmo antigo ditado e assim foi. 
Guardo na minha memória as palavras que trouxeram de volta o que te dei. Tive medo de ver o meu mundo secreto nas bocas de quem interesse algum poderia ter que não fosse o abate. Comigo o retorno foi não menos doloroso, porque preciso assim como tu precisaste. Compreendo-te agora o que é o NÃO pelos gestos, pelas palavras, pelas atitudes, pelo falso, pelo medo de outrem. Seria ou trazia eu alguma ameaça? Não!
Cá fiz e cá paguei todas as coisas ruins, más, menos boas até aquelas nem boas nem más, tudo ficou registado no meu cadastro no Céu. "Tu não aprendes" dizes tu, "lá vem ela com a mesma conversa para poder voltar a errar outra vez. . . e erras porque tu queres. Tinhas de deixar tudo assim tão claro, tão a descoberto? Tinhas que fazer tudo de novo. Os avisos não te servem de nada? Depois sofres como tens sofrido e por tua conta e medida. Arrependida de tudo estás sempre até à próxima ronda, até ao próximo desire, até te perderes por aí e andares aos caídos como andaste com tanta gente e ponto. Gostaste de sofrer? Não! Então para quê outra vez essa mesma conversa de sempre e desde há tantos sempres. De tanto te ver sofrer até a mim me dói as lágrimas que caem pelo teu rosto, pelo teu coração partido, pelas angústias que causaste a ti mesma, e resultado? Nada!
Nada do que quiseste fazer conseguiste fazer e agora amolas-te aí que nem uma songa monga que nunca aprendeu a lutar pelos próprios meios, sempre à espera que o milagre, ou um milagre aconteça!
Voltaram os velhos medos? Aqueles que de vez em quando calas quando tens o ego cheio de apaparicos e nove horas . . . cheio de lamurias falsas, isso mesmo, sim, lamurias falsas, daquelas que metem nojo de tanto repetires o que não deves.
Deste confiança a mais a todos os que se atravessaram na tua vida e agora este é o resultado. Sentes-te triste por nada teres feito enquanto era tempo . . . tempo perdido!
E agora? Como é que é? Deixaste ficar a amargurar o leite derramado ou andas para a frente? Tu é que sabes! Tens tudo a perder ou tudo a ganhar! Tu é que tens que decidir!

terça-feira, 25 de junho de 2013

O que ainda não sei . . . o que quero viver . . . é simples

Ainda não sei tudo nada que valha a pena saber. É tanta coisa, mas tanta e o quanto o mundo tem a me ensinar é grande por demais! É mesmo muito.
O quanto eu ainda não sei é imenso, é disforme porque tem todas as formas de tudo, tem todas as formas do mundo, das gentes que nele habitam, de todos os rostos e formas descabidas nas formas.
Não pretendo ser Deus, apenas um pouco mais sábia, um pouco mais em contacto com o mundo do conhecimento, da sabedoria útil e proveitosa para que possa ser mais feliz e, quem sabe, também outros fazer feliz.
Quero parte e fazer parte do mundo, ou de um mundo, que não se cobra, seja de que forma for, a sabedoria que se dá de graça e com boa vontade, com princípios, meios e fins, mas fins que sejam simplesmente e apenas os que dão paz e sapiência para o passo seguinte. Não quero que me julgues mal, mas quero ser um pouco mais feliz que o que julgas que é possível.
Nos meus gostos não sou exigente. É simples, uma casa ao pé ou à beira-mar, não precisa de ser muito grande, apenas que seja cheia de muita luz, em que as cortinas possam esvoaçar livremente, enquanto a corrente de ar atravessa toda a casa e os cheiros mesmo os vindos do continente a atravessem e contem as histórias que que ouviram falar. Cada brisa de vento traz um novo alento, uma nova alegria, um novo nascimento cheio de amor gerado, cheio da bênção dos céus e alegria para os pais que o seu rebento já amavam antes de o conceber, antes até de o imaginar.
Sair de casa pela manhã com os pés descalços, enrolada numa túnica confortável e lavar o rosto com a água salgada da maré; agradecer a Deus pelo dia de hoje e por tudo o que há de bom e me torna mais preparada para esse dia. Regressar a casa mais revigorada para abraçar as tarefas a realizar, as obrigações a cumprir de peito aberto a tudo o que poderei aprender para me tornar, também, uma pessoa melhor . . . melhor mãe de quem não o sou, melhor irmã, também de quem eu o escolhi, melhor filha de quem me gerou, mesmo que um processo lento seja.
Ir para o mundo viver o que há no mundo para viver e regressar a casa no final do dia, para os meus livros, para a minha guitarra, sentar numa cadeira de praia, ou encostar numa rocha, recebendo nos pés as suaves e calmantes ondas da maré me acalmam ao pôr do Sol.
Ter próximos os amigos que sabem o que realmente é a amizade, a verdadeira amizade, que tem tanto amor de amigo, quanto o amor de quem é verdadeiramente amado. . . e a família para retribuir o que a nós foi dedicado. 
Dar a quem me deu, porque o ser feliz pode ser a melhor moeda de troca; ficar feliz com a vossa felicidade, porque como tantas vezes o repeti, abençoados são os que são felizes com a felicidade de quem está feliz. Procurar contribuir para a felicidade de alguém, porque quem contribui com o que pode, a mais não é obrigado, desde que seja de coração!
Quero apenas poder viver o imensurável prazer das coisas simples, de tudo o que não carece de exuberância, o prazer da intimidade das coisas, dos breves silêncios, da acalmia das ondas do mar, do calor dos últimos raios de sol do dia na minha pele, do desenho do pôr do Sol junto ao mar, do cheiro das ondas . . . simplesmente as coisas simples.

sábado, 22 de junho de 2013

A/c: Sr. Irresistível

Exmo. Sr. Irresistível,

Ao que não lhe parece óbvio, não estou para aí virada, mereço bem melhor que apenas isso . . .
Não me apetece ser marioneta nas mãos de um génio da lâmpada cuja lamparina esfregada sai genialidade. Não me apetece mesmo.
Não estou desesperada por ser tocada e penetrada; não desejo aventuras no jardim das maravilhas e muito menos taras e manias.
Dispenso publicidade dos atributos e habilidades sexuais mascaradas de intelectualidade e alguma soberba. Sim, reconheço-lhe qualidades, mas que não encaixam com a propaganda gratuita de sensações orgásmicas. Dispenso!
Se foram ou são tantas as que lhe proporcionam um prazer descomunal e se o acharam assim tanto o máximo, o Ex Líbris das façanhas sexuais e malabarismos da loucura sexual, ainda bem para si e continue a fazer bom proveito. Dispenso esse tipo de informação. A não ser que lucre com isso, mas comigo não, de certeza!
Não passei na avaliação dos testes da excepcional genialidade, de guru do intelecto e sabedoria, de mestre da sapiência, da magnificente pró-atividade e lógica extraordinária do desempenho no atingir eficaz e eficientemente os objetivos traçados ao milímetro, já para não falar da forma física? . . . TEMOS PENA . . . OU NEM POR ISSO!!!
Sou uma control freak? Yes, indeed! . . . Shame on me! . . . Veja lá se me preocupo muito com o assunto!
Fartou-se da conversa da treta? Olhe . . . também eu!
Tão rapidamente me despertou os meus desejos carnais mais intensos, como os adormeceu. Muita parra, pouca uva . . . 
Quer estimular a minha criatividade e melhorar o meu desempenho literário?
Agradeço-lhe mesmo muito e digo-o sem ironia. Nesta parte ponho o meu sarcasmo de lado e reconheço-lhe o mérito, mas há uma grande coisa que lhe escapou, é que não tenho falta de estímulo, meu caro. Lamento a decepção, mas é apenas mais um!
Esses jogos e estratégias irritam-me até às entranhas, contudo, reconheço que o bom foi fazer-me descobrir que gosto de gente interessante e inteligente, mas normal.  Nunca tanto gostei da norma como agora, neste preciso momento, das pessoas simplesmente fantásticas, esses E.T's escondidos atrás do nada, atrás da sua timidez e descrição, atrás da sua simplicidade despretensiosa. Já não tenho nada contra algumas normas ou normalidade, aliás, nos dias de hoje como adoro a normalidade . . . para "anormal" já basto eu e nem sempre me aturo!
Agradeço os seus préstimos, mas preciso de mais e melhor . . . não se esqueça que os verdadeiros melhores revelam surpreendendo e não publicitando! 


  

E.T.


És o meu E.T. preferido :)
Só tu sabes quem és. Só tu consegues me aturar quando mais ninguém me atura, nos momentos em que estou virada do avesso e mesmo assim tens doces e cómicas palavras para transformar os meus momentos de pesadelo em jardins de flores ou comédias hilariantes. 
Mantenho-te ao meu alcance no meu pensamento quando uma nuvem teima em escurecer o meu horizonte, ou quando um sangue-suga gigante tenta sugar a minha alegria. Afastas a minha tristeza sem saberes que o fazes, porque mesmo que não estejas ao meu lado nesse momento, as nossas alegrias e gargalhadas partilhadas conseguem destruir qualquer adamastor. 

Só nós dois é que sabemos o que é rir de coisas que mais ninguém se ri, sem medo ou vergonha, sem stress ou preconceito, porque só nós entendemos o significado dessas mesmas coisas.
Como me dói pensar que te possa ter magoado em algum momento desde que nos conhecemos, como me dói não conseguir dizer todas as palavras que mereces ouvir, que pena que sinto não termos sido merecedores da abençoada flecha do Cupido e tornarmos-nos de cada um a outra metade. Quis Deus que a minha amizade por ti fosse maior que todos o meus maiores amores até hoje vivenciados.
Como é horrível ver-te sofrer e nada poder fazer. O quanto não consegues imaginar o quanto representas para mim, mesmo que a vida não te tenha feito a minha cara metade. É que é tão grande! . . . mais um milhão de pessoas como tu e o mundo era um espaço maravilhoso de se viver.
Nunca tão imensa dedicatória de amizade consegui fazer a quem quer que fosse, não menosprezando  outros E.T's que na minha vida passaram. 
De uma coisa eu tenho a mais absoluta certeza, o mundo não era o mesmo sem ti e agora posso dizer que sou mais uma pessoa que sabe o porquê.
Obrigado por existires meu E.T. preferido :)
Obrigado por estares comigo quando mais preciso.

Por quem enamorada estou

Ainda não te conheci, mas por certo, por ti enamorada estou.
Ainda não sei o teu nome, mas sei que estás por aí a viver o que ainda não vivi para chegares e me mostrares o que mais quererei conhecer, para me fazeres viver o que desejarei viver, para me fazeres ouvir o que precisarei de ouvir. Eu sei que existes.
Estás num patamar em construção, em embelezamento de tudo o que já tens de belo, mas por polir.
Estás para mim escondido, mas para o mundo às claras. Os meus olhos ainda não te conseguem ver ou ler, ainda não tenho a mente desperta para tudo o que me vais querer mostrar e eu desejar viver.
Vives num mundo que eu ainda não conheci, num mundo em que só alguns conhecem, mas estás lá porque tens que estar, é onde tu neste momento pertences para no momento seguinte entrares no meu ou eu entrar no teu. Os meios, esses, desconheço, não quero saber para não estragar a surpresa agradável de te descobrir.
Neste momento não sou o teu ideal, muito longe disso. As minhas arestas por polir riscariam toda superfície do tanto que levaste a construir, ainda mesmo que não deixasses de brilhar, mas sangue brotaria ainda que sarasse rápido. Desorganizaria, mesmo que por instantes, a tua organização. O meu caos lunático e imergido em sonhos despoletaria no teu íntimo o curto-circuito, por mais rapidamente que se restabelecesse a tua ordem.   
De certeza que nada em ti iria entender, perceber, compreender ou aceitar agora, ainda não estou preparada. Não que não me tenha em grande ou boa consideração, mas apenas é uma consideração diferente, em desenvolvimento, em construção. Nem eu própria me sinto completa. Muito mais longe da necessidade de ser completa por mim mesma é de ser por alguém. Simplesmente não quero que me completes, porque ninguém completa ninguém, ninguém é uma peça que se adquira e se instale como o hardware de um computador, podendo ser substituída por outra peça melhorada que se encaixe. É uma questão se software. Dispenso pensar que se depende de peças externas e que estas servem para substituir o software, quero pensar que mais que corpo é fundamental alma. O corpo permite-me existir, mas a alma permite-me ser!
Estou em update, a caminho de descomplicar o complicado, de desemaranhar o emaranhado, de arrumar o desarrumado e de desempoeirar a casa para finalmente te poder receber-te no meu corpo e na na minha alma, como assim deve ser.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Silêncio

O silêncio é a mais faladora das palavras e ações. Nele está o todo que não se quer partilhar, nele está a ausência de tudo, nele se contem tanto do que se queria dizer.
O silêncio muitas vezes corrói e destrói, deixa estragos na mente de quem quer saber o porquê, o "que fiz de tão mau assim", o "onde é que entrei e não devia", do "será que abusei e excedi", mas nada se pode perceber quando se está perante tantas hipóteses sobre o mesmo.
O silêncio tantas vezes diz "recuso-me a manifestar", "recuso-me a ouvir", "não estou para te aturar", mas quem cala consente!
Sou tão imperfeita quanto tantos outros imperfeitos, mas sou sincera com tudo o que sinto, agradando ou não a quem o sinto . . . mas nada é sempre igual e o tanto que a mudança me assusta!
Assusta-me como tudo muda num ápice, como tanto se erra, como tanto se quer resolver a bem sem ironia ou piadas e o  não ser dito olhos nos olhos o que supostamente é sincero e honesto, seja o que for ou no que for.
Assusta-me o quanto nos deixemos iludir por nós mesmos, pelas nossas fraquezas, pelos nossos desejos mascarados de vontades e que, ainda por cima, pertencem a parte de toda a verdade.
Não o vou assumir diretamente a não ser que seja como defesa, porque não quero ser ferida. Não estou preparada.
Mas isto posso assumir, que tenho medo, mas não tenho vergonha . . .
Alguém que habita no meu coração pronunciaria o nosso "I toooold youuuuuu", simulando coberta de risos  e gargalhadas, a voz de uma idosa britânica que já cá anda há muito tempo e muitas mais coisas já viu . . . ou como se diria em português, muitos anos a virar frangos . . .  
É difícil, mas vou ter de aceitar.

Queres mesmo saber o quanto me irritas?

Queres mesmo saber o quanto me irritas? Eu digo-te! 
Posso fazer uma lista por tópicos, ou queres em texto corrido? 
Posso até fazer-te desenhos se a minha forma de comunicar não for assim tão clara. Posso encomendar um grupo de malabaristas que façam da sua arte uma forma de explanação do que não entendes por outras vias, até contratar um grupo de excelsos profissionais na análise comportamental e verbal sobre estas coisas que me irritam e te expliquem como se fosses assim . . . como é que eu hei de te dizer . . . muito burro. Se mesmo assim continuares sem perceber o que me irrita e que de forma alguma o deves fazer, posso puxar dos teus galões e da tua sabedoria e dizer-te que não estás a usar os teus conhecimentos em prol de ti mesmo. Ao menos fá-lo por ti!
Ah! . . . ok . . . já estás a fazê-lo! Boa!
Queres então provocar uma reação. Parabéns, conseguiste, estou a reagir!
Queres que o faça diretamente ou contentas-te apenas com textos e palavras?
Podemos até negociar, afinal também sou boa nestas coisas!
Muito bem, assim queres assim tens, ou eu não fosse uma rapariga muito bem mandada!
"Louca! . . . Esta gaja é completamente louca!", já eu estou a imaginar que sejam as tuas primeiras impressões. Mas bolas . . . isso já não é novidade nenhuma para mim ou para quem quer que seja que, minimamente, me conheça! 
Ao menos diz-me, ou pensa algo sobre mim que eu não saiba ou nunca tenha descoberto! . . . porque eu sobre ti, muito!
Ah! Sobre parte do que foi dito e que fingi não ter percebido ou ouvido bem, posso garantir-te que estavas absolutíssimamente certo, mas neste preciso momento acabaste de ficar, na mesma proporção, errado.
Cá está . . . como tudo muda!
E o amanhã . . . ninguém o viu!

quinta-feira, 20 de junho de 2013

NÚMEROS E MAIS NÚMEROS!!!!!!!

Números e mais números, mais uns tantos números, que lindo, que importante apenas os números! 
. . . Vazio!
Será que apenas importa números? Eu também gosto de números, mas acima de tudo que esses números sejam fruto do prazer partilhado, quantos mais prazer sentirem, mais prazer em escrever sinto; não me interessam os números apenas pela coisa em si, não me diz nada, é vazio, é merdoso. 
Neste mundo não é apenas da quantidade de números se vive, mesmo que estes revelem informações de êxito!
Este blogue é o meu espaço livre, mesmo que virtual, é um meu mundo sem fim, sem limitações e sem medos, é o meu caos, a minha desordem, o meu grito de ordem, é onde eu mando livremente, faz parte de mim, é o que é e nada mais do que é, tem a simplicidade e o tudo misturado. É O QUE É! 
Não vendo a alma ao Diabo para ser amada, não sacrifico o meu corpo para ser desejada. EU SOU COMO QUE SOU E COMO VOU SENDO!
O mundo muda e a gravidade existe, tudo o que sobe também cai e apenas faço a minha parte!
Para quem não sabe ou não se lembra, cada tijolo tem que ser colocado um de cada vez, para se construir uma casa que não caia no primeiro abanão.
Mas humildemente digo-o assumidamente, quero chegar a todos vocês, e a tantos mais que existam, que com prazer me queiram ler. Quero mostrar-vos uma parte de tantos mundos nas palavras que vou colhendo e nas que trago comigo. 
Cada palavra escrita tem parte de todas as minhas células, tem parte do que sinto, do que vejo, do que ouço, do que me chega pelas palavras de outrem, mas vêm com tanta honestidade e sinceridade, é tão carregado do que é verdadeiro, que doutra forma não poderiam sair. 
Eu não fujo à verdade do que sinto, à verdade do que vejo e ouço, não tenho esse direito nem o auspicio. Busco apenas ser feliz fazendo o que me faz feliz, agrade a muitos, a poucos ou mais ou menos. A minha criatividade, ou falta dela, não pode ser mediada por rating e classificada como lixo abaixo de 100 leitores por dia, nem por super estrela, porque ultrapassei os píncaros para lá do Universo. 
Apenas quero satisfazer o meu belo prazer e o de quem também o sentir de coração aberto, sem rótulos, sem expectativas exacerbadas, apenas ser, escrever e proporcionar, quem sabe, com as minhas palavras, algum prazer!

Um Sentido Obrigado a Todos Vocês!

Voltei a sentir saudades

Volto a sentir saudades. Pensava que tudo tinha passado, mas de súbito bateu aquela saudade que não se explica.
Senti novamente saudades, senti falta do que me deu tanto gosto viver, mesmo que fosse algo pouco convencional. Senti saudades da tua simplicidade sofisticada.

Senti falta desse piscar de olhos quando por mim passavas, dos momentos em que me fazias sentir especial, após alguém, supostamente, especial ter entrado na minha vida. 
Parecia que adivinhavas . . . e o quanto me arrependo de não ter deixado que me tornasses, realmente, alguém especial.
Senti saudades do quanto abriste da tua porta, mesmo quando já de corpo a alma aí podia entrar, não por falta de vontade, porque na realidade o corpo ficou à porta, mas apenas o corpo. Forcei-me a desistir de ti e debati-me . . . e o quanto me arrependo, mesmo que viéssemos a deixar de ser especiais, mesmo que o brilho durasse pouco, mas era verdadeiro brilho e não me teria arrependido.

Sinto saudades de ver nos momentos em apenas de um olhar teu precisava para sarar as minhas feridas, quando de ti bastavam palavras saídas da tua boca para esquecer alguma dor, alguma mágoa, porque nesse breve momento eras tu a pessoa especial, para no instante a seguir te tornar novamente no que não escolhi.
Tarde te procurei, quando o comboio já tinha partido e a estranheza tomado lugar.
Estiveste e continuarás a surgir nos meus sonhos, vindo detrás de um biombo decorativo da minha mente, onde te guardo secretamente para que de novo surjas para meu contentamento.

Erro

Frágil como as asas de uma libélula que se estatela contra um rochedo ou contra a armadura do que não quer ser alcançado.
Frágil como os castelos de cartas e de nuvens no ar à rabanada de vento que sopra do Norte.
Insegura como que o entrar no escuro sem saber bem onde pôr os pés, mesmo que se saiba que o caminho é inserto e que o seu final é apenas um.
É como uma bailarina sobre o arame, tentando-se equilibrar com as suas sapatilhas de pontas calçada no balanceio que não controla. 
Medo de errar o alvo desenhado num plano em movimento. O que parece não é e o que é não parece . . . e o que vejo não sei se parece ou se é!
Não saber ler por muito que se tente, querer e deixar de querer no próximo instante até que se deixa de saber o que se quer, mas sabe-se o que se sente.
Afastar-se com um passo atrás para não mergulhar na tua boca para sentir o teu beijo, que atrai como um íman, para não mostrar declaradamente que a vontade de sentir o calor do corpo desejado é bem maior que o que as micro expressões podem revelar; entra-se em fuga, porque não é suposto deixarmos-nos apaixonar, porque o suposto não passaria apenas de . . ., simplesmente e apenas . . . 
Comete-se o, ou um erro. Reconhece-se a asneira involuntária e pede-se desculpa. Fica-se à espera que surja uma palavra, um "tudo bem, estás desculpada", mas a vergonha de se ter cometido um erro, sem intenção, é tão grande que se fica sem coragem para mais algo dizer . . . em bom português, quanto mais se remexe na merda, mais mal cheira!
É dura e turva a expectativa de se ser perdoado, mesmo pelo mais pequeno erro . . . mas um erro é sempre um erro e as desculpas não se pedem, evitam-se!
Sim, já não se contava com o sentir de tais emoções, já não se sabia como agir, afinal todos somos diferentes, adivinhar algumas coisas é proibido e o que se sente não vem por solicitação.
Fica-se triste, porque não se queria pisar o risco, porque se pode ler mal o que é escrito ou dito, porque podemos ir além da fronteira e não estar a ver essa linha que separa o "ainda tolero" do "cansei! . . . não suporto mais". Ainda mais após a descoberta "parece-me mesmo muito que quero a tua pele junto da minha!".
"Não é tudo como tu queres, cada coisa tem o seu haver e a ver", mas não era suposto querer nada que não me fosse permitido, não era suposto querer-se ultrapassar o que não se gostaria que fosse de ser ultrapassado. 
A falta de coragem de olhar para o meio de comunicação através do qual o erro foi perpetrado é grande, porque maior é a consciência de se ter passado a linha do tolerável!
Se ainda se comete o erro é porque ainda não se aprendeu, mas quanto mais vou eu ter que errar até que realmente deixe de errar?

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Gosto . . .

Gosto de ti quando não me conheces, quando me conheces, passo a não querer estar aqui.
Procuro-te quando ainda não me conheces, assim que percebes quem eu sou, fujo, fujo com medo de ti e de tudo o que conheces em mim.
Quero-te conhecer à distância, longe, mas perto. Quero-te conhecer sem que tu me conheças, sem que me atinjas ou alcances, porque é assim que eu sou.
Quero perceber-te e ter-te sem que tu me tenhas, sem que consigas alcançar o que quiseres conhecer. Preciso deste jogo.
Jogo contigo mesmo que não saibas jogar. Não interessa saberes jogar, interessa apenas que sejas e me deixes jogar . . . ou estar.
Jogo ao gato e ao rato, ao que me deixas jogar.
Escondo-me atrás de ti, vejo-te sem me veres a mim, sem saberes quem eu sou, apenas e simplesmente fico feliz quando me escondo atrás de ti.
Jogo, jogando-te na dúvida, na incerteza do que existe em mim, verdadeiro ou falso, o que será ou não será, o que importa?
O que realmente importa, em mim que existe, é apenas meu, apenas eu tenho acesso e assim deverá permanecer. 
O que queres conhecer é demasiado para ti, não tens um mundo suficientemente complicado para caber ou encaixar toda a minha complicação. Fica-te pelo que eu quero que saibas, que é menos de um terço do que queres saber. Já tens o teu mundo para resolver e quanto a isso nada quero ou posso fazer!

sábado, 15 de junho de 2013

Reclusas

Têm filhos, fome e muita vontade de criar as suas crias. São mulheres e homens com fome e sede de serem gente, de terem direito a existir e de alimentar a sua prol. São gente de carne e osso, gente que quer ser gente sem ter de que se envergonhar, sem ter de fugir, sem ter de sofrer os horrores das necessidades, gente que não quer ter que roubar para matar fome, gente que não quer ter que se esconder, porque procurou ser feliz e com alguma, se possível, paz.
Onde estão os olhos atentos que percebem que ser gente é um direito de qualquer pessoa, ser pessoa é um direito de toda a gente, que não é monstro, que não é tempo perdido em existência, sim, porque há os que perdem tempo em existir e melhor estariam onde não se existe, porque a sua existência não passa de um rasto puro de maldade, de desnecessário e excessivo.
Mal dos que querem ser pais e dar amor aos filhos que se perdem pelos meandros da potrefação alucinante das novas modernidades, das novas sensações, porque suportar a pobreza é mais difícil . . . mal sabem que o mundo oferece mais que apenas a pobreza . . .
Mal dos que não tiveram as peças que montam o ser pai ou ser mãe, que com o nada buscam criar as suas crias.
Mal dos que por urgência buscam servir quem os irão condenar parte da vida à marginalização, desprezo porque conheceram as quatro paredes fechadas ao mundo, porque se deixaram iludir pelo lucro fácil que esconde o inferno gratuito.
Mal de quem viu os filhos morrer nas mãos dos estupefacientes pesados, vítimas da heroína que de heróico nada tem e nada promete.
Mães, pais, filhos, primos, irmãos, famílias . . . quantos mais terão de conhecer o cheiro a podre e fétido  do inferno?
"Não tinha coragem para me prostituir. . ." dizia uma mãe de alma seca pela abnegação forçada, desprendida da morte do seu filho, como de um acontecimento exterior se tratasse. 
Matam-se mulheres, secam-se-lhes as almas que deixam de sentir, mas que querem voltar a existir, a ser gente; assumem o erro perante os estranhos sem medo de serem julgadas . . . são elas as verdadeiras corajosas. Assumem-se como pecadoras pelo desejo de sobre-vida, viver, salvar a sua via, porém pelo caminho mais ardiloso, traiçoeiro e caprichoso, que brinca com a vida de quem vende a alma no risco de perder a liberdade e a vida.
Apontamos os dedos a quem nada teve para poder ser alguém, a quem nada teve para dar a alguém e desses alguéns exigimos tudo ou categorizamos como mais um nada, um nada que anda à procura do mesmo que outros mais alguma coisa, que procuram por caminhos menos caprichosos e ardilosos.
Olhemos à vossa volta e para dentro de nós, olhemos o caminho que percorremos, o quanto errámos, se aprendemos com esses erros e queremos cometer os mesmos erros outra vez!

Segredo . . .

Brindei da tua presença enquanto te tinha, enquanto te usava para minha satisfação, do meu desejo mais profundo, na minha fantasia. Eras o deus mais desejado que o meu corpo clamava. Deixaste-me à porta do teu desejo como se nada fosse importante. Deixaste que eu fantasiasse sobre ti, sobre a minha e a tua boca, sobre o meu e o teu desejo, sobre os teus dedos entrelaçados nos meus e as línguas a se tocarem ingenuamente como se fosse tudo a primeira vez.
Tem sido uma constante prova do meu amor físico pelo teu físico, ou psíquico ou pura físico-química. A vontade de te abraçar . . . deixa-me, ah . . .  como me deixa . . .
Deixa-me de todo e incompleto desassossego, inovação linguística inacabada. A prova oral da tua conversa, das tuas palavras escritas, não ditas, deixa-me loucamente ensandecida pela provocação não linguajada, não dita de uma forma direta e eloquente, mas o que sei é como te quero e como ainda sentes a minha falta. Deixa-me dizer que tudo muda a partir do meu primeiro toque na tua pele, na tua boca . . . oh, a tua boca, o meu deleite de sempre que guardo, com saudade e trago comigo guardado, secretamente, para que ninguém veja o quanto ainda te quero e desejo.
É meu, é sagrado e selado entre mim e ti. É meu e guardado fica enquanto vivos vivemos, enquanto em segredo nos queremos como dois adolescentes perdidos de paixão, como duas gaivotas que rodopiam uma sobre a outra e a outra sobre uma. Rodopia-me, não me deixes viver com ilusões. Dá-me de volta o meu desejo por ti e não o escondas de mim. Sente, sente o meu desejo por ti e nem sequer te esqueças que sempre existi em ti.
Devora-me como sempre na tua mente me devoraste, como sempre assim desejaste e nada revelaste, mas devora-me.
Despe-te, mas despe-te de mim para me vestires novamente, em ti, dentro de ti, como se estivesses dentro de mim.
Envolve-me, como me desejaste no teu imaginário pérfido e miserável de adolescente na decadência snob crescido. Despe-te de mim e volta a vestir-te com a minha pele, com o meu cheiro a impregnar-te do meu odor que invadiu os teus poros quando menos tu querias.
Empurras-me com a tua mão que está e sai através desse teu muro de hipocrisia.
Escondes a tua lasciva vontade por detrás de um muro translúcido que me confunde, se eu distraída não olhar bem e nele penetrar.
Despe-te de mim para me voltares a vestir como a tua segunda pele, aquela que está debaixo da outra que contacta com o mundo, mas despe-te e veste-me novamente.
Despe-te de tudo o que escondes e mostra-te a mim, mostra-te tal como és, a tua mente o teu espírito, mas mostra-te. Quero ver-te mais de perto e tocar na tua sensibilidade, estremecer-te, desafinar-te e expor-te ao teu ridículo.
De pé empurras a minha boca para o teu sexo, o mais sagrado de todos, o que nunca provei, o que nunca toquei o que nunca muito pouco desejei.
Queres ser o dominador comum, o mais que tudo o que é poderoso para te sentires realizado, mas manténs a tua capa de Zorro; escondes um pouco de rosto vermelho desejo atrás de inocentes palavras que não pesam no passado.
Quão dissimulada ansiedade e desejo, quão manipulada imagem de senhor respeitável e intocável, quase impenetrável. Como se constrói tão bem tamanha imensidão e distância, porém, dissimulada e falsa. Fácil.
Vives da aparência dentro de ti semeada, dentro de ti enraizada e quase à descarada, . . . mas “mui delicado e educadas são as providências por vós tomadas.
Mui belo sois senhor, em vossa sabedoria sobre os mais belos encantos de fidalgo enaltecido pelas honras e honrarias plebeias. Sou de fidalguias passadas, de outroras esquecidos no seu tempo, senhor. Já não vos lembreis do desejo não partilhado que possuístes em horas passadas? Lembrai-vos agora, senhor, ah . . . o quão belo foi o momento que partilhámos juntos nas nossas caminhadas de mão inocentemente dadas . . .”.
É assim que deveria tratar sua alteza?

Ou seria da forma mais infame e flamejante, onde as labaredas expelidas dos nossos corpos incendeiam os segredos passados, com o descontrolo do momento, onde nada para além do meu e do teu corpo existe.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Pessoas de Bem . . .

Miseráveis, monstruosos, de fala mansa e analfabetizada pelo status, andam à solta. Devem este e aquele mundo e o outro a todos os que nas suas balelas acreditam.
Vestem roupas caras, compradas na feira de Carcavelos, conduzem bons carros alugados ou em leasing, porque o carro comprado é confiscado se as finanças lhe põem a mão em cima. Desfilam as suas vigarices encapotadas de grandes negociatas, vão a festas finas e frequentam as casas de pessoas de bem.
Oh, que gente tão bem afamada, tão ilustres figuras da sociedade, tão nobres e intocáveis senhores da burguesia, mas muito mais da podridão da dita alta sociedade.
Tão cheios de viagens e mentiredo, imaginação fértil que transborda espalhando-se pela realidade como uma camada protetora sob a qual se anda para não magoar os pezinhos.
Nem a pobres diabos conseguem ascender de tão abaixo nível estarem. Alimentam-se do mesmo caviar que o povo, para que abunde para o whisky caro dos bares finórios. Não se janta para no after hour se andar de copo na mão e ao balcão pedir o mais caro licor.
Pequenos homenzinhos com espírito megalómano incham o peito e arrastam os pés como se de uma capa real estivessem cobertos. Olham por cima do ombro e mostram o seu ar enjoado, porque o seu status não reconhece a humildade.
Pisam merda nos passeios e dizem "ai que nojo!!!", quando a merda que pisam, largada pelos animaizinhos de estimação ou abandonados por quem nada tem de coração, já antes de o ser foi alimento, é agora o desnecessário do que fez falta, estando por isso mesmo acima do que, ou quem, nunca fez falta!
Estrume de vaca é um bem mais valioso que estes não raros medíocres . . . como um dejeto se pode sobrevalorizar face a uma vida humana, vida desses que ainda por cima se atrevem a dizer que outros nada sabem do que andam cá a fazer, ou até mesmo que como depois de mortos nada lhes acontece, por isso em vivos podem fazer o que quiserem! . . . brilhante raciocínio se alguém como par pensar nessa linha . . . É assim que "pessoas de bem" analisam a vida; tudo podem fazer, porque a justiça é demorada, à sombra da demora o mundo e as gentes vandalizam e à sombra da demora descansam!    


Quem sabe o que tudo reserva?

O quanto estanho é ser-se pessoa no meio de tanta gente que nada tem de pessoa. É complicado viver na minha pele e na pele dos que assim se sentem.
Se a evolução dependesse da alegria, talvez fosse das pessoas mais evoluídas deste mundo.
O mundo está cheio de miscelânea de tantas coisas, que tudo espremido muito pouco sumo sairia, ou quase nenhum. É o mundo das pseudo-coisas, o mundo do faz de conta que é, mas que não é, é o mundo do superficial para esconder as mágoas das pessoas ambiciosas, mas infelizes. Nunca o tudo foi tão nada como agora!
Muita barafunda, muita dimensão obscura que às vezes me apetece viajar para outro planeta.
É demasiado. Tudo muda, tudo avança numa direção desconhecida, sem paralelo, sem um rumo certo, mas tudo muda e avança a uma velocidade alucinante, como labaredas sem destino certo num mar de pólvora e que ardem tudo o que está no seu caminho.
Quase toda a gente se dirige para a mesma direção. É em frente, sempre em frente, mas à vista desarmada estão no mesmo lugar, apenas movem as pernas como se estivessem a andar em frente. É a deslocação do ar que dá a ilusão de pessoas em movimento.
O ar está cheio de uma poeira invisível que penetra pelas narinas, pelos ouvidos, pelos olhos e nada acontece para além daquilo que nos move interiormente.
Uns vão em queda livre, diretos ao cadafalso, iludidos de que fazem coisas; são como que crianças a brincar  com uma caixa de fogo de artifício com formas de lolipop e doces de criança perto de uma fogueira. Outros estão atentos, espetadores de um freak-show, mas continuando na sua fuga ao abismo, sem pressa, apenas a ver, observar e a viver, mesmo que sem aparato ou show off, porque as suas vidas dessa extravagancia prescindem.
É um mundo de coisas avessas umas às outras, remando cada uma para seu lado, mas o mar está revolto e não se sabe para que lado o barco irá. Quem bons ventos soprem, esperemos nós nas nossas doces ilusões, . . . quem sabe o que tudo reserva?