segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Lembranças que trazem lembranças . . .

Há pequenas coisas que nos deixam nostálgicos. É o Outono que se aproxima devagarinho, é uma fotografia que muda no mural do facebook, memórias, é o fim do Verão, são os pequenos orgulhos que teimam em ficar, é tudo o que a água do mar ainda não levou.
Uma lembrança leva a outra, outra puxa outra e saltam à memória tantas mais.
As lembranças boas muitas vezes aparecem deixando-nos cheios de saudades, de vontade de se rever pessoas, de olhar nos olhos e perguntar "Estás bem?", na esperança de um largo sorriso responder com o coração cheio, "Estou", esse apenas "estou" que despensa todas as palavras do mundo, porque o coração está tão cheio e por muito que gostássemos que fossemos nós a encher esse coração, lembramos-nos que não o poderíamos encher da mesma forma, da mesma plenitude, não poderíamos dar o que não temos; o que se daria seria tão pouco ou pequenino que a dor de ver vazio em alguém é tão grande que preferimos olhar e deixar partir.
Deixar partir é difícil, por muito que saibamos que não é e nunca foi nosso, nem mesmo nos sonhos mais doces. 
Deixar ir é como dizem os antigos, custoso, porque gostávamos que tivesse sido nosso, gostávamos que nos tivessem visto com olhos de ver. Mas não podemos ter tudo. 
Faço de conta que está tudo bem e avanço com uma pontinha de inveja de quem te encheu o peito e o coração com tanta plenitude. Mas eu não seria feliz, não me iria sentir no meu elemento, não conseguiria aguentar essa frequência demasiado inconstante do teu mundo e, em alguns momentos, perversa.
É claro que perversão não é exclusividade dessa atmosfera, mas nesse grau eu não conseguiria a vibração necessária para o meu equilíbrio, para alguma paz possível.
Mas sinto-me triste porque de certa forma te perdi. 
Alguém sábio me disse um dia, "quando deixamos passar o comboio, já não dá para se voltar atrás"!
Quem estou eu a enganar???
Eu vi-te abrires a porta do comboio e a convidares-me entrar, na tua magnífica subtileza, quando eu já tinha subido para o comboio que seguia numa linha paralela com um destino diferente , mas cheia de vontade de o abandonar, cheia de vontade de ter a certeza que essa carruagem estava mesmo disponível, mas não podia nem queria magoar quem tanto me mostrava querer, ou assim parecia . . . 
Estavas diferente, mais aberto, mais solto, ou foi apenas um evoluir natural? Ou talvez coincidência!
Tu não sabes, mas surgiste como que um bombeiro que vai apagar o fogo ateado por outro alguém. Eras o que precisava naquele momento, um substituto que me encheu os olhos com tanta beleza e paz. Eras um milagre aos meus olhos. Na tua simplicidade elegante deste-me o que eu desejava, por tão pouco que isso parecesse aos outros dos outros, precisava do platónico nesse momento, mas uma vez mais, tudo ganhou outras proporções e do platónico foi um tirinho até à incandescência . . .
Já era tarde e queria livrar-me, mas agora de ti, do quanto eu te queria. 
O que nunca acreditaria aconteceu, no momento certo. Surgiu a última criatura para a qual pudesse olhar com olhos que não fossem o desprezo. Meticulosamente, tal criatura arrebatou homeopaticamente, carregado de cumplicidade, alegria, gargalhadas, a pura sintonia nas loucuras do momento, ambos parecíamos umas crianças endiabradas. Ele tomou a iniciativa que eu precisava e sem ele saber, também ele era um substituto.
O quanto eu lutei para não ceder ao que estava a ver, ao que queria tocar, sentir no meu corpo, o teu cheiro, ai o teu cheiro . . . na minha pele, ao que queria e às vezes ainda quero . . . Dói!
Nunca soube que sempre estiveste na minha mente. Tu eras o corpo que eu desejava e ele - aparentemente - a alma que eu precisava. E tudo de repente mudou. Ele começou a ganhar corpo e tu alma; foste tu quem me passou a dar alegria e bem estar quando ele me deixava triste e mais uma vez estavas lá, mesmo sem saberes o quanto importante eras. 
Acabou mal.
Dói!!!! 
Não posso voltar atrás, ao momento em que mostraste o teu subtil aval e dizer-te "eu sei que não vai resultar, mas ao menos não vai acabar mal, não vou sentir ódio de ti, porque independentemente do tempo que durar serei feliz contigo, nem que seja apenas por uma dia, mas pelo menos eu não vou te odiar, porque sei o que és e aprecio-te mesmo assim, não me vou chatear porque és o que és, as coisas são o que são e como são!
As coisas não vão durar, porque nós não nos sentiremos completos um com o outro, não somos do mesmo elemento na sua totalidade, temos apenas alguns tons iguais, mas não é suficiente nem para mim nem para ti; com serão apenas momentos bem passados". Era isto que te teria dito, mesmo sabendo antecipadamente do desfecho da história. 
Depois do fim seriamos eternos amigos que conhecem os contornes do corpo um do outro, que sabem onde o arrepio acorda e a vontade cresce.
Quebro por dentro pela má escolha. Sinto raiva de mim, fui cobarde. Sei, ao menos, que não és de má raiz. Sinto-me estúpida por não ter sabido esperar, por não ter dado tempo ao tempo, coisa que tu sabias fazer melhor que eu. O desespero por querer pôr fim ao antecessor despertou em mim a famosa arte de errar, a precipitação no seu expoente máximo. Tu estavas certo e eu errada. Não são os anos que se vive, mas sim o que neles se aprende!
A lição ficou aprendida para o que eu era, mas o capítulo findou. As oportunidades e arrependimentos ficaram para trás, apesar de alguma mágoa presente que pouco a pouco se diluirá, deixando de doer por si mesma. 
Começou uma nova era e o mundo dos aventureiros aguarda aventureiros. Já nada é como dantes, porque assim é suposto ser e maquinaria, por força das circunstâncias, mudou . . .

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