terça-feira, 10 de setembro de 2013

Arrepender também faz crescer!

Lembro-me como se fosse ontem, como se o tempo não tivesse passado, como se ainda estivéssemos no mesmo espaço que nos deixámos de ver, naquele momento encantado, na mesma vontade de ficar, na mesma vontade que ficasses e não te dirigisses para a porta de saída. 
Lembro-me como se tivesse acontecido ontem. 
Ainda me lembro do cinzento do teu fato, apesar de me ter esquecido a cor da gravata que usavas, mas de certeza que não era menos discreta e a condizer que as outras. 
Lembro-me como se tivesse sido apenas ontem, querias ficar e eu não queria que fosses, mas tinhas de ir. . . tinhas coisas para fazer . . . mas como me apetecia que ficasses! 
Apesar de haver ali mais que apenas nós, o mais não era importante, estava ali apenas o que eu precisava e o que tu querias.
Eras apenas a maior parte de tudo o que eu queria, mesmo que não fosses perfeito, nem o genro ideal. Não, não eras mesmo. Já tinhas demasiado histórico, excesso de requisitos para passares na aprovação da censura, não a minha, porque pelo meu crivo passaste com distinção. Quão viva me fazias e fizeste sentir. Eras como se fosses a minha casa, o meu espaço, onde me sinto em casa, onde quero permanecer mesmo que falte um quadro na parede, mesmo que não tenha as vistas dianteiras para o mar. Mas eras o meu espaço! 
Mas tudo passa, menos o que nunca aconteceu, menos o que nunca se realizou, menos o que ficou no pensamento, nas ideias nos "e se . . ." da vida. 
Não tivesse sido estúpida, parva que nem uma adolescente doida e inconsequente, o que tivesse que acontecer acontecia, porque o que tivesse que ser seria.
Passaram os anos e chamas ainda ardem sem eu te ver. Os ramos secos alimentados pelas acendalhas que nunca se apagaram, que permanecem em lume brando, porque nunca foram apagadas, apenas ficaram ali a arder, mas longe do que pudessem aquecer. Por pura conveniência, ou medo de deixar partir.
Os caminhos, seja por uma razão ou por outra, tocam-se mesmo que tão efemeramente, por escassos minutos, mesmo que eu esteja aqui e tu onde estiveres. 
Não existem palavras para descrever cada re-ouvir a tua voz, a tua energia de menino que tenta disfarçar ou conter a sua euforia de ouvir novamente alguém muito especial. Já não era suposto e ainda te saem rasgos de euforia, num misto de felicidade, alegria e uma pontinha de nervosismo . . . tão bom! 
Não perdeste a tua generosidade e bondade de quem quer ver alguém mexer-se e ganhar um rumo, de quem quer ver alguém especial seguir firme e destemida.
Quem me dera poder voltar atrás e travar no pensamento as palavras que saíram, imbecilmente, da boca no momento errado, à pessoa errada, no sítio errado, na hora errada . . . Desculpa. 
Tão sabiamente disseste "as desculpas não se pedem, evitam-se!!!". Mas já era tarde. A asneira mestral estava feita e já não havia volta a dar e nada podia tudo isso apagar.
Queria dizer-te tanto, mas tanto e o quanto triste e desiludida comigo me sinto cada vez que desse malfadado momento me lembro. Quem não estava à tua altura era eu, por muito que as más línguas o contrário dissessem. Aos olhos destas vis criaturas para pouco servias, não eras médico, engenheiro ou advogado conceituado e não tinhas montes de massa. Mas para mim estavas bem assim!
Os anos passam e crescer faz-nos ver as coisas com olhos diferentes, faz ver que tudo tem um peso e uma medida, o que foi dito ou feito ganha a sua real dimensão, a sua real profundidade, o seu impacto é obrigatoriamente diferente. Arrepender também faz crescer.
És, sem dúvida, uma recordação especial e estás num lugar especial onde só existe espaço para as minhas melhores e mais felizes recordações. 







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