terça-feira, 24 de setembro de 2013

Cobardia ou erva daninha?

De mansinho aparecem, com as suas macias peles de cordeiro. De focinho bem clarinho e de pêlo macio, inofensivo em todo o seu movimento, em todo o seu cortejar inofensivo, muito inofensivo. Por vezes a sua presença agradável, outras um pouco pegajosa para quem não compreende tal admiração. "Tenha saudades tuas!
Porque estava sozinho, não fiz . . . porque estava sozinho não fui . . . porque estava sozinho não aconteceu . . . porque estava sozinho . . . porque estava sozinho!".
Foda-se e estiveste sozinho todo este tempo antes de me conheceres???
Essa forma de engate enoja-me, aliás, irrita-me até às profundezas e com muito custo consegui dar a volta a essa questão. Mas dei, não sou perfeita e tu também não. Não te posso censurar.  
Foda-se e de onde vieram tantas pessoas interessantes que descobri através de ti???
Guardavas-as em alguma caixa num sótão arejado e bem iluminado com águas furtadas para que eles possam existir?
Ah, espera, elas existem nos seus espaços, nos espaços onde circulam livremente . . . pois, bem me parecia!
Muitas experiências não vividas, não por tua culpa, mas porque vieste de um canteiro de ervas daninhas que foram sugando aos poucos as ervas sãs que se mantiveram vivas, mas dependentes das daninhas. Não te censuro.
Viveste no mundo da clausura e alimentaste uma erva daninha que nasceu dentro de ti, que te consome e faz sangrar para que ela viva; ela vive da tua dor, do teu sofrimento.
Nasceste com o estigma dentro de ti, que domina tudo o que não queres que domine, é o Nosferatus que te conduz ao teu sofrimento, admoesta a seguir o alvo errado em estado hipnótico, para que seja dado o golpe de misericórdia . . . e assim obedeces.
Enlouqueces por momentos pela não correspondência do desejo, do sentimento e mais uma vez é consumado o ato de quase destruição de tudo o que gostarias que fosse belo. É a hora de alimentar a criatura . . . seja saciada a sua vontade.
As suas gargalhadas sufocam-te e ouvem-se vindas de dentro de ti.
Quando distraidamente sonhas e crias novas espetativas, que tão abrupta e apocalipticamente se derrubam por terra,  acordas a besta e já não a controlas. A sua gula manifesta-se através de ti, das expressões do teu rosto, do teu olhar que brilha de raiva, através das tuas palavras emolduradas de veneno; o cuspo do ódio é a sua mais prazerosa sobremesa. Transformas-te num ser mesquinho, controlador espicaçado pelo garfo do tinhoso. E o que ganhas-te tu? A tristeza de seres visto como um ser pequenino, repugnante, rastejante e tão cobarde.
Porque não sabes de tudo!? Porque não foi te revelado um segredo ou satisfeita a curiosidade mórbida!?
Nada consegues controlar, o que está dentro ou o que está fora de ti.
Envenenas o que está ao teu redor, porque é mais fácil para ti . . . ou para o teu Nosferatus?
Porque precisas de quem te defenda e colabore no ato de humilhação publica?
Nunca pensei que fosses cobarde!
Entre as piores das derrotas estão as por cobardia de não de dizer o que se tem a dizer, mesmo não ouvindo o que se gostava de ouvir, de não perguntar o que se sente necessidade de perguntar, mesmo que não seja respondido o que é esperado. É baixo, miserável!
A natureza humana repete-se a cada canto, a cada esquina, virar de rua. As suas formas coisas metem o mesmo nojo que as aquelas vistas pelas primeiras vezes em que a cobardia se cruzou no nosso caminho através da atitude do outro.
Apenas o tempo ditará a solução na direção da verdade que custa a aceitar, a ver e a sentir.
Não serei eu mais que o que apenas sou, não direi para lá do que, apenas, tiver a dizer ou farei para lá do que tiver que fazer e se assim tiver que ser. Seguirei o caminho que me compete seguir, seja este na direção que for, para meu contentamento e de quem assim também o sentir, mas  sempre e preferencialmente para meu contento, acompanhada, ou não, por quem me tiver que acompanhar, ou não, mas nunca para lá do que estabeleço para a minha vida e caminho, assim tal como as fronteiras entre um tu e um eu.
Tu és tu e eu sou eu!

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