segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Nada, nada, nada!

Batem-me leve, levemente, mas ninguém chama por mim,
Não é chuva nem vento, não é nada para meu contento
E gente boa não é assim.
É pequenino e encruado, cheio de ais e coisas assim,
É tão pequeno e ignóbil,
Gente pequenina não é para mim.
Deixa marcas invisíveis, golpes de espadachim.
O que lhes faço?
Mando-os à merda?
Ou vão pelas vossas pernas, gente ruim?
Para que servem as boas novas, se quem as ouve tem ouvidos velhos,
pouca coisa lá fica e quando fica não lhes valem chavelhos.
As boas novas são coisas de nada.
Palavras e apenas isso, palavras.
Para a cabeça de gente oca, rude, quase mouca.
"Pérolas a porcos . . ." já diziam os sábios que chegaram primeiro que nós.
"Pregas aos peixes!" . . . ah, pois é!
"Falas, falas e ninguém ouve nada!" . . . eu sei!
"Preferem morrer, que ouvir o que vem de ti!".
Dependem de coisas fúteis, acham-se felizes assim!
Tão bom é não depender de nada fútil ou inútil,
Que serve para nada.
A minha mente é vazia, de muito pouco ou nada,
O que lá há não vos diz coisa nenhuma ou mesmo nada!
Há não precisar de coisa nenhuma, de gente, ou nada.
Mesmo assim, viver com o que se tem,
Viver feliz com o muito com o pouco e com o nada,
Estar bem com tudo e com nada,
Com alguém ou sem ninguém,
Mas, acima de tudo, depender de nada!
Nada é uma palavra santa, imaculada.
Nada mesmo de tudo, nada de nada, ou quase nada,
Nada de quase tudo o que não se quer, mas nada.
Nada, nada, nada!
"Brincas com o fogo . . .", não brinco nada!
A gente ruim oferece-se bandejas de nada.
Bandejas de nada com coisa nenhuma.
Servem fel diluído em mel, mas enganam-se,
Trocam os copos e sorvem o seu destino,
Embriagados nos próprios risos que escondem lágrimas,
Engolidas de tanto chorar e amargar o que não podem ter.
Tão bom que é ser dependente de nada.
Não precisar de coisa nenhuma, de gente, de nada.
Mesmo assim, viver com o que se tem.
Viver feliz com o muito com o pouco e com o nada,
Estar bem com tudo e com nada,
Com alguém ou sem ninguém,
Mas depender de nada!
Nada é uma palavra santa, imaculada.
Nada mesmo de tudo, nada de nada, ou quase nada,
Nada de quase tudo o que não se quer, mas nada.
Nada, nada, nada!
Fiquem com quem vos queira,
Para mim não servem para nada!
Alguma coisa, mesmo pequena, é grande para quem não vive nada.
Eu vivo tudo, porque não tenho nada!
Eu conheço o mundo, porque não conheço nada,
Eu vivo feliz no meu mundo de vazios, porque de fútil não produzem nada,
Sempre tudo onde não há nada.
É grande e imenso este espaço de nada,
Nada que entendam, percebam ou vivam,
Mas é tão grande o meu mundo do nada!
Tão imenso o que eu vivo, mesmo que não vejam nada.
Para meu rejubilo partilho o que mais tenho . . . Nada!
Nada, nada mesmo nada!!!
Mas é tanto o que está no meu nada,
Nada que vos possa interessar,
Nada que possam entender, compreender ou apreciar,
Nada, mas nada!!!
Tanto nada!!!
É tanto e tão imenso que me rio à gargalhada,
De quem quer saber tudo, mas não sabe de nada,
Porque é nada que colhe e tudo é nada!
Tanto, mas tanto a existir e o que colhem é nada,
Mesmo nada!
Sabem mais que eu?
Sim, do que não sei nada.
Mas contento-me com isso,
Já e vossos nadas!

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