segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Belo, muito belo, mas . . .

És belo, muito belo, mas rasca . . . muito belo, cheio de vida e lasciva pornográfica, mas rasca.
Saíste de um filme em que és o personagem que roda todos os bares, pubs e discotecas reles dos anos 80, à procura de gajas que queiram pagar por algumas horas de diversão. Gingas de cigarro ao canto da boca e encostas-te a um balcão qualquer, trocando umas palavras com uma puta ou outra, ou até com algum colega que se prepara para o ataque, desculpa . . . para pegar ao trabalho com o seu ar ar de sedução barata.
Habitas num prédio num bairro social, cheio de gente da mesma categoria que tu e gritas com os putos que brincam abandonados na rua, quando estes se metem contigo. A tua rua de eleição é qualquer uma que se pareça com a 5ª Avenida, para que te sintas como se estivesses em Nova Iorque, onde gostarias de trabalhar como ator de cinema, à espera de ser engatado por uma ricaça que se quer divertir . . .
Não passas da mistura entre o príncipe encantado e um caixote do lixo, mas que mesmo com esse aspeto ambíguo tem sucesso . . . mas relativo. A combinação perfeita para prostituto de quinta categoria, desclassificado, vendido a qualquer gaja com dinheiro na carteira.
Beleza muito bela, mas rasca, beleza putéfia, alterna. Abres a boca e nem te preocupas com o linguajar, porque o teu forte não são as palavras ou a classe. Medes tudo pelo mesmo, medes todas as mulheres como porno-star se te derem alguma abébia. Mas que ingénuo és pensar que não te percebem . . . és uma puta reles e há putas com mais classe que tu!
És o personagem dos filmes que acaba sempre tão farrapo, quanto a forma como tratas quem te quer.
És o pintas ambicioso, mas ordinareco, com a mania que sabe enganar, que sonha ser o personagem protagonizado por Tom Cruise no filme Cocktail, mas só nas partes boas do filme.
És vazio ou cheio de não presta, ainda não decidi!
Achas que estalas um dedo e tudo o que tem C.C.M.'s se derrete e cai a teus pés desejantes que satisfaças as suas fantasias de amor eterno . . . no teu caso é enquanto o bocado durar . . .
És um cromo daqueles que, realmente, só se vê nos filmes, uma estrela decadente após o seu apogeu.
Mas sem dúvida que és belo, até que a câmara abre o plano e se consegue ver-te em todo o teu conjunto . . . a farpela que julgas dar-te estilo, os teus gestos e olhar, as palavras que saem da tua boca e os pensamentos que julgas esconder. Tudo é perfeito na sua degradante perfeição. Os personagens dos filmes são a imitação da vida real e tu deixaste passar ao lado uma carreira de sucesso em filmes de moral duvidosa.
És a beleza reles que dá gosto olhar, quando reparamos apenas no pouco que se possa apreciar, mas em particular, quando nos abstraímos de toda a baixeza que é teu apanágio, enquanto não podes ser tu mesmo, enquanto não falas, quando mostras que algo te agrada, mas depois perdes a graça e lá se vai o charme . . . Temos que nos esquecer, por tanto tempo quanto o apenas necessário, que és um gajo puta que procura safar-se na vida se uma gaja rica engraçar com a tua cara.
És simplesmente isso que és!
Ver-te a existires e a agir no espaço sai mais barato que ir ao cinema, é teatro interativo, podemos comunicar com os personagens nas suas diferentes facetas, mas é como te digo, és apenas um personagem e daqueles . . .


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