segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Coisas

Gostava de ser como todos os poetas que escrevem coisas boas. Sou poeta, mas não sou. Escrevo, mas não escrevo. Dou nomes às palavras que me escolhem a mim para escrevê-las. São belas, como são bonitas ,belas as doces palavras, bonitas e belas.
Dou nomes às coisas belas sem que elas precisem de nome, de alcunha ou um veredicto. Pura e simplesmente chamo nomes às coisas.
Sem espera as coisas esperam que sejam escolhidas ou nomeadas para dar vida a outras coisas, coisas essas que dizem ainda mais coisas, umas belas outras nem por isso, mas são apenas coisas.
Dito está o que são as coisas das coisas, a sua beleza enorme e o que escondem atrás de pequeninas coisas.
Mas tu vês, tu escreves essas coisas e as coisas lêem-se a sim mesmas, como de senhoras coisas se tratassem, com toda a sua importância e imponência de um Rei perdido no seu castelo, rei e senhor de todas as coisas. Ele não se precisa a si mesmo, ele colhe e destrói o desperdício, como o que sobra é mesmo isso, sobra.
Dai as vozes a quem tem palavras para dizer. Não se esconda o que tem muito para bradar. Não se imiscua de si mesmo quem palavras poucas tem para dizer. É obra amiúde, pequeno aos poucos.
Se soubesses quantas são!
Dirias que não é nada . . .
Peça perdão às palavras e não as condenes por serem o que são. As que querem dizer alguma coisa dizem, as que não, não!


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