sábado, 24 de janeiro de 2015

Não me lembro . . .

Não me lembro de ter tantos ou tão poucos amigos, aliás pouco me lembro de alguma vez ter centenas de amigos. Sei que uma ou outra pessoa era minha amiga, que uma ou outra pessoa se identificava comigo, lembro-me de algumas gargalhadas que vieram do fundo da alma com uma ou outra pessoa, mas amigos, mesmo amigos o foram muito poucos em especial quando mais precisei, quando o suposto não era perguntar mas sim responder e ouvir.
Não me lembro de poucas pessoas que me tiveram como o seu braço direito, que me tiveram como o seu confessor, que me tiveram como alguém que as compreendia. Que desigualdade!
Voltaria a dar o meu ombro, a ser o confessor, a ser ouvinte e tudo mais, mas não sei até que ponto esses mesmos seriam capaz do mesmo, independentemente dos anos que passaram.
Sei de muitas que querem saber para ser tema de conversa, de muitas para as quais sirvo para rir nas minhas costas, muitas que eram capazes de cuspir na minha passagem por elas e daquelas cujo sorriso custa mais que serem espetados por uma espada no estômago.
Que mundo este . . .
Simpatizo com quem nunca conheci pessoalmente, mesmo que a pessoa seja um desgraçado que não merece a atenção nem do mais inocente neste planeta, mas talvez a isso se chame ilusão pelo que é mostrado ao mundo e não pelo que é mostrado pelo verdadeiro contacto. Será que teria a mesma opinião depois de o/a conhecer?
Será que a minha opinião se manteria ou seria mais uma ilusão pelo brilho dos escaparates?
Nos trintas já era suposto saber um pouco mais sobre o mundo, sobre a vida, como saborear a vida. Nos trintas já era suposto ter perdido a inocência e não apenas a cor de alguns dos meus cabelos.
Nos trintas já era suposto ser algo diferente, ter uma perspectiva da vida e das amizades um pouco diferente, ter uma consciência madura, uma consciência tendendo para a procriação ou multiplicação, mas como se diz "se a vida te der limões, faz limonada" e a minha limonada não é doce, não é convidativa, porque muitos dessas centenas de amigos não gostariam de a beber; bebo-a com os mais próximos que têm coragem de a beber e sentir o seu amargo sabor.
São tão poucos os verdadeiros amigos que aceitam beber a tua limonada que tão pouco ou quase nenhum doce tem; são tão poucos aqueles que conseguem ter a humildade de não desvalorizar e não querer adicionar limões ácidos e amargos à tua vida, são tão poucos . . .
São tão poucos os que te conseguem perceber a tua dor e são tão poucos os que conseguem ver-te e aceitar-te tal como és, nas tuas fraquezas e fortalezas, são tão poucos os que mesmo à distância conseguem sentir uma mescla de compaixão nos momentos duros da vida, são tão poucos.
Nada podes fazer senão entregar às mãos Dele, porque ele não te julga apenas espera que te consigas libertar e dar um passo de cada vez em função das tuas forças, em função das tuas capacidades no momento.
Conheço mesmo, poucos, muito muito poucos que queiram ser um pouco mais parecidos com Ele, poucos, muito poucos que queiram ser como Ele . . .
Mas é o mundo em que se vive, é este assim como está ou como é, por isso faço a revisão da vida para perceber quem é o quê e quem é para o quê, quem é para quando e o quanto alguns assustam só do seu murmúrio.
Não me lembro de muita coisa de alguma gente, mas sei as marcas que deixaram imprimidas na minha pele de dentro a que não se vê, mas que sempre existiu.

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