segunda-feira, 9 de março de 2015

Batalhas

Batalhas e batalhões se amontoam às costas do indivíduo. Pessoas lutam contra os seus fantasmas e os fantasmas lutam contra os indivíduos. Os fantasmas têm as suas raízes muito profundas e não querem abandonar o indivíduo, porque sem o indivíduo não são fantasmas, mas sim apenas memórias passadas de alguma coisa que foi grande, profunda e que alcançou o indivíduo da forma mais cruel, da forma mais derradeira.
Batalhas e batalhões lutam entre si porque os batalhões de fantasmas não são nada sem o indivíduo. Cercam-no, fazem barricadas, fazem tortura diária até que o indivíduo pereça em vida tornando-se vítima de si próprio.
Singelas coisas são agulhões para os fantasmas, singelas palavras que cortam raiz a raiz, deixando o espaço aberto a outras raízes que se não forem semeadas as boas sementes, florescerão outras raízes fantasmagóricas ocuparão esse espaço que se chama oportunidade de dar a si mesmo boas oportunidades.
As novas raízes levam tempo a crescer e até serem firmes, as outras raízes velhas e inúteis continuarão a tentar ocupar o espaço limpo, varrido, aspirado.
Mas vale a pena desenraizar os velhos e feios fantasmas para fazer crescer a boa nova, para colocar o que era suposto estar.
É bem vinda a boa nova, a boa vida mesmo que ainda habitada por velhos e assustadores fantasmas. Mudar de vida é um acto de coragem para poucos que querem arrancar de dentro de si mesmos esses moribundos que já são passado no presente.
Batalhas e batalhões derrubam-se ora uns ora outros, mas ao mínimo espaço limpo e varrido coloca-se a boa semente, mesmo que esta tenha por cima da sua cabeça a batalha do sim e do não, do vai e do vem, dos opostos todos uns contra os outros, mas é apoiada pelas mais belas obras oferecidas pelas raízes que tiveram a oportunidade de ganhar espaço.
Por isso pouco a pouco arranque-se as raízes dos velhos fantasmas acomodados, dos tétricos que nos mandam para trás em vez de para a frente com a força de mil tempestades para que depois da tempestade venha a bonança, onde havia fantasmas assustadores existam apenas flores e anjos a brilhar alegrando a vida.

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