quinta-feira, 20 de junho de 2013

Erro

Frágil como as asas de uma libélula que se estatela contra um rochedo ou contra a armadura do que não quer ser alcançado.
Frágil como os castelos de cartas e de nuvens no ar à rabanada de vento que sopra do Norte.
Insegura como que o entrar no escuro sem saber bem onde pôr os pés, mesmo que se saiba que o caminho é inserto e que o seu final é apenas um.
É como uma bailarina sobre o arame, tentando-se equilibrar com as suas sapatilhas de pontas calçada no balanceio que não controla. 
Medo de errar o alvo desenhado num plano em movimento. O que parece não é e o que é não parece . . . e o que vejo não sei se parece ou se é!
Não saber ler por muito que se tente, querer e deixar de querer no próximo instante até que se deixa de saber o que se quer, mas sabe-se o que se sente.
Afastar-se com um passo atrás para não mergulhar na tua boca para sentir o teu beijo, que atrai como um íman, para não mostrar declaradamente que a vontade de sentir o calor do corpo desejado é bem maior que o que as micro expressões podem revelar; entra-se em fuga, porque não é suposto deixarmos-nos apaixonar, porque o suposto não passaria apenas de . . ., simplesmente e apenas . . . 
Comete-se o, ou um erro. Reconhece-se a asneira involuntária e pede-se desculpa. Fica-se à espera que surja uma palavra, um "tudo bem, estás desculpada", mas a vergonha de se ter cometido um erro, sem intenção, é tão grande que se fica sem coragem para mais algo dizer . . . em bom português, quanto mais se remexe na merda, mais mal cheira!
É dura e turva a expectativa de se ser perdoado, mesmo pelo mais pequeno erro . . . mas um erro é sempre um erro e as desculpas não se pedem, evitam-se!
Sim, já não se contava com o sentir de tais emoções, já não se sabia como agir, afinal todos somos diferentes, adivinhar algumas coisas é proibido e o que se sente não vem por solicitação.
Fica-se triste, porque não se queria pisar o risco, porque se pode ler mal o que é escrito ou dito, porque podemos ir além da fronteira e não estar a ver essa linha que separa o "ainda tolero" do "cansei! . . . não suporto mais". Ainda mais após a descoberta "parece-me mesmo muito que quero a tua pele junto da minha!".
"Não é tudo como tu queres, cada coisa tem o seu haver e a ver", mas não era suposto querer nada que não me fosse permitido, não era suposto querer-se ultrapassar o que não se gostaria que fosse de ser ultrapassado. 
A falta de coragem de olhar para o meio de comunicação através do qual o erro foi perpetrado é grande, porque maior é a consciência de se ter passado a linha do tolerável!
Se ainda se comete o erro é porque ainda não se aprendeu, mas quanto mais vou eu ter que errar até que realmente deixe de errar?

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