terça-feira, 19 de novembro de 2013

O quanto cresceste e deixaste de ser . . . O quanto já não és e o quanto perdeste

Lembro-me como se fosse ontem. Eras pequenino, lindo, rosto de anjinho, perfeito, um corpinho aparentemente frágil, mas cheio de genica. Gritavas a plenos pulmões o sopro de vida que vinha de dentro de ti. Eras forte sem saberes o que eras.
Lembro-me como se fosse ontem, quando em euforia de criança te peguei mesmo com as minhas mãos frias da água fria de Inverno e inocentes. Eras lindo, um anjinho do céu caído para trazer graça ao mundo. Eras perfeito, assim como todos nós nascemos, perfeitos, puros cheios de inocência e fragilidade aparente.
Eras tu quem eu esperava ansiosamente que fosses, puro e inocente.
Os teus olhos escuros como breu. Brilhantes estrelas reluziam no teu olhar sedento de vida. Eras o amor da vida dos braços de todas as mulheres que sentissem o cheiro inocente da tua pele de ser perfeito e doce. Eras tão lindo, perfeito. Eras tudo que qualquer mulher deseja embalar e entregar aos anjos, no seu abençoado sono, para que nas noites te guardem e nos dias te protejam. Eras o meu anjinho.
O quanto adormeceste, angelicalmente, nos meus alvos braços de criança que tem um brinquedo nos seus braços pequeninos, mas cheios de vontade de abraçar o anjinho.
O quanto te enchi de brincadeiras, o quanto te enchi de miminhos que desejei receber e retribuías sem saber que estavas a dar-me o maior bem, o quanto te adorei como se fosses o meu bebé pequenino.
O quanto desejaste que quem te gerou estivesse onde e quando deveria estar.
O quanto te perdeste por falta do que mais precisaste. Ela não estava lá? Eu sei.
O quanto te sentiste triste quando aquele miminho especial tardava a chegar.
O quanto sofreste quando percebeste que eras diferente de quem foi gerado pelo mesmo ventre.
O quanto deixaste de ser inocente e puro . . . e que coração que seguiu as pisadas erradas.
O quanto cresceste e deixaste de ser. O quanto já não és e o quanto perdeste.  
O quanto preferia que não tivesses deixado que te roubassem o que tinhas de melhor, mas eu não podia fazer as tuas escolhas.
O quanto deixou o teu coração deixou de bater como coração de gente que é gente e passou a bater como de quem pouco ou nada sabe o que é ser, quanto mais gente.
És a prazer de quem não sabe ou não quer ser gente, em prol de vaidades alheias e imagem aparentemente imaculadas, mas cruéis como o vil fel.
Imiscuis-te no meio do vazio para que te sintas belo e maravilhoso, para que te venerem a imagem e enches-te de imagem.
És feliz assim?
Olha que a vida não é o que vives!
Olha que quem te ensina não te dá nada, irá cobrar-te a inocência que te ajudou deitares fora, a pureza de ser gente que escorraçou de ti, a boa vontade e potencial de gente que destruiu em ti. Vais ser cobrado de tudo o que te foi roubado. Prepara-te!
Vais viver uma vida feliz enquanto estiveres com a sorte do teu lado. Quando a vida te obrigar a vê-la, vais ver todas as pedras preciosas sobre as quais cuspiste, longe de ti, a brilharem ao longe e a terem bom uso por quem as soube usar e delas beneficiar.
As pedras preciosas serão o que sempre foram enquanto tiveste inocência e bondade para as veres, enquanto não jogaste tudo a perder do que é mais sagrado e oferecido pela vida.
Também tu foste uma pedra preciosa em todo o seu potencial, em toda a sua verdadeira beleza.
Também tu brilhaste tanto como o sagrado e divino, o que faz as coisas belas serem ainda mais belas.
As pedras preciosas serão sempre pedras preciosas se as souberes usar . . . se não, são mais umas coisas que atrapalham o teu caminho; mas nem tempo deste a ti mesmo para conseguires perceber se eram pedras preciosas ou não . . . jogaste-as para longe e elas estarão sempre lá!
Um dia vais acordar e procurarás novamente pelas pedras preciosas, mesmo que esse acordar não seja na vida presente, mesmo que seja numa qualquer outra vida seguida de outras vidas.
O futuro é uma incógnita com breves pistas de campos em aberto e quem sabe por quantas pedras preciosas passarás e verás.
Quem sabe os olhos com os quais viverás; um dia poderão voltar a deixar-te ver pedras preciosas, se assim o desejares, mas se assim não desejares, aí será sempre uma escolha . . . a escolha será só tua!






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