quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Novas guerras . . . um velho capitão

O primeiro teste foi superado. Da boca não saiu uma única palavra. A dor ia instalar-se, mesmo que a verdade venha ao de cimo. Quem sou eu para causar sofrimento?
"Fecha a boca e tudo por onde possa sair ou entrar som, mas fecha a boca!!!" . . . Missão cumprida. Não serei eu a largar a bomba.
Há já muito tempo que não estoiravam bombas aqui nas redondezas. A calma aparente escondia as convulsões internas. As hostes já estranhavam!
Um dos velhos inimigos mantém o seu silêncio, remoendo e implodindo a cada pacificação; a sua odiosidade consome-o pela indiferença sentida por quem este velho lobo procura desencadear o caos e desordem.
A velha máquina de guerra já não passa disso . . . uma velha máquina de guerra, com os programas desatualizados, inúteis para desprazer do velho capitão. A sua artilharia já não funciona como dantes, caiu do seu posto de guerra, sendo que a única memória viva é ele próprio. As suas instigações caíram por terra.
Como é triste tal figura, montado na sua pose, desfazendo-se em pedaços por dentro. Já nem o velho ar de tristeza comove quem antes embaía com a sua imagem de bom homem, de pessoa que "só quer o bem . . .", dá dó só de olhar, mas não muito . . . E é tarde demais.
É a miséria humana, usurpador de gente e ultrapassado por si mesmo. Em si esconde o mau, o péssimo, o terrível, é um buraco negro disfarçado de humanidade bondosa e piedade. Entre as suas falas mansas deixa escapar o sorriso de pulha maldoso e o brilho do ouro o faz sentir o seu dono, venha este de onde vier.
O capitão, agora, restringe-se à sua capitania do passado enterrada nos calabouços da sua memória, cheia de ilusões de poder e grandeza . . . nostalgia, essa pedra pesada que corrói, que devora o seu ego, ferindo-o a cada dia que passa.
A sua pompa esconde a masculinidade ambígua, Dom Juan de várias passagens  . . . por várias paragens . . . que descuidada deixa cair o pano, tapando-se atrás da companheira cujas rugas não escondem as inúmeras e desesperadas tentativas de satisfação dos prazeres deste lobo, as tentativas desesperadas de ser um ser desejado e amado por tal caprichoso, o penoso fardo de sentir desejo sem retribuição, vazio alimentado pelas esmolas de prazeres suados.
Maliciosa e hipócrita a plebe impõe o seu jugo sobre os pobres ambíguos, julgando-os pela sua escolha de prazeres, à parte dos à partes . . . no entanto, não desculpa a sua vileza, mesquinhez e pequenez do vil capitão.
O velho lobo, capitão acabrunhado pela sua cobardia, atreve-se com laivos de cortejamento na sua investida sobre frágeis presas carregadas de juventude, tentadoras vítimas indefesas e crédulas, nunca pensando que a sua fraqueza um dia despoletasse ódios viscerais, novas inamizades e guerras.
É tarde demais, seguiu no encalço do alvo errado, comprou uma guerra e não fui eu quem largou a primeira bomba.
Aprender e usar o conhecimento aprendido tem um preço muito elevado para quem se julga mais esperto,  detentor do estatuto adquirido com a experiência, subestimando o súbito. Tirar partido do maduro, do novo e do há muito mantido - com os seus contornes pouco aceites - escondido do jugo da plebe maliciosa e hipócrita, não se coaduna com  os meandros da vida em paz, trás mágoas e contorces no espírito que um dia espera que " . . . Deus tenha piedade de nós" . . . palavras estas que da sua conspurcada boca sairão no momento da partida, na esperança de estar imiscuído entre os brandos pecadores.

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