quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Loucura


Não consigo, não quero, não tento, já chega!
A desculpa mais esfarrapada para o orgulho é o outro, esse outro tenebroso e revoltado que esconde a cobardia carregada de orgulho. 

Aonde estava quando precisei?
Aonde estava quando eu queria entender o que estava à minha volta?
Os outros são desculpa esfarrapada de imperfeição mantida e alimentada. 
Orgulho!!! Orgulho!!! Orgulho!!!
"Eras tu quem precisava!!! . . . Eu??? . . . Não me procuraste, porque não querias ouvir as verdades!!!"
Não, eu não procurava porque não conseguia comunicar!!!
As verdades têm que ser ditas por forma a serem ouvidas, por forma a serem integradas e condutoras de mudança, não programação castradora e violadora. Sim, violadora. Por respeito não o assumi, mas senti-me invadida e de privacidade violada. Cada palavra adivinhada, cada respiração, cada gesto. Quem por Deus?
Deus não faz ninguém sentir-se invadida, vasculhada, controlada, amedrontada, apavorada. Deus quer que se viva e aprenda a viver, a ajudar-nos a nós mesmo e aos outros, a cooperar respirando e deixando respirar. Deus não sufoca!
Eu não me verguei a vossa mercê, suplicando por bênçãos, porque não era ouvida, não me sentia compreendida, não tinha capacidade para levar pedradas como lição de vida, método arcaico de ensinamento dos valores primordiais. A minha carne era tenra demais e as pedras provocavam golpes ainda mais profundos que as feridas que aí existiam. Nunca vi golpes a sangrar servirem de armadura contra os ataques do mundo.
Erros todos nós os cometemos, uns pequenos, outros grandes, uns perdoáveis e outros que nem no inferno querem o pecador e o meu maior erro foi . . . não sei . . . não sei qual foi o meu maior erro . . . ah, espera, já descobri, entregar-me de mão beijada ao sofrimento, quando uma voz profunda e gritante dizia NÃO num tormento arrastado, prometendo desgraça, infortúnio e o maior dos sofrimentos . . . o sucumbir na loucura voluntariamente.
Durante vários momentos quase intermináveis, não se tem olhos, não se tem ouvidos, dentro do crânio não existe cérebro e pede-se autorização até para poder respirar; é-se uma marioneta a quem se pede que olhe, ouça, pense antes de abrir a boca, porque os desafios do mundo assim o exigem, mas onde está o que é realmente necessário??? Onde???
Está guardado em diferentes compartimentos, não importa!  . . . Está lá!!!
"Tu não pensas???"
"Não sei onde estavas com a cabeça!!!"
Pois . . . diga-me, não era eu quem mexia os botões! . . . Não era eu quem tinha o domínio sobre a marioneta, EU!!! . . . Ah, é verdade o cérebro não ganhou autonomia, mas sim uma valente dose de qualquer coisa que não servia bem . . . qualquer coisa que não tinha muita utilidade . . .
Estava tudo desarrumado, encavalitado, pontas ligadas a outras sem nexo . . . coçava o nariz, levantava a coxa; coçava a cabeça com a mão direita, esticava a perna esquerda, mas cá se foi andando . . . e depois . . . logo se vê! . . . mas entretanto, mais um mergulho na loucura por necessidade de fugir a outra loucura.   Lutamos para fugir ao desalinho, ao cadafalso, lutamos para afugentar os medos e os Adamastores, um dia lá damos um passo certo, noutro, um mais ao lado . . . Haja quem nos queira que sejamos nós mesmos e nos faça ver as coisas quando os olhos vêem mal, quando os ouvidos ouvem mal e quando a mente não atinge a coisa certa, mas ninguém tem o direito de nos devolver à loucura apenas porque é mais forte e nada o atinge!




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