quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Novas guerras . . . um velho capitão

O primeiro teste foi superado. Da boca não saiu uma única palavra. A dor ia instalar-se, mesmo que a verdade venha ao de cimo. Quem sou eu para causar sofrimento?
"Fecha a boca e tudo por onde possa sair ou entrar som, mas fecha a boca!!!" . . . Missão cumprida. Não serei eu a largar a bomba.
Há já muito tempo que não estoiravam bombas aqui nas redondezas. A calma aparente escondia as convulsões internas. As hostes já estranhavam!
Um dos velhos inimigos mantém o seu silêncio, remoendo e implodindo a cada pacificação; a sua odiosidade consome-o pela indiferença sentida por quem este velho lobo procura desencadear o caos e desordem.
A velha máquina de guerra já não passa disso . . . uma velha máquina de guerra, com os programas desatualizados, inúteis para desprazer do velho capitão. A sua artilharia já não funciona como dantes, caiu do seu posto de guerra, sendo que a única memória viva é ele próprio. As suas instigações caíram por terra.
Como é triste tal figura, montado na sua pose, desfazendo-se em pedaços por dentro. Já nem o velho ar de tristeza comove quem antes embaía com a sua imagem de bom homem, de pessoa que "só quer o bem . . .", dá dó só de olhar, mas não muito . . . E é tarde demais.
É a miséria humana, usurpador de gente e ultrapassado por si mesmo. Em si esconde o mau, o péssimo, o terrível, é um buraco negro disfarçado de humanidade bondosa e piedade. Entre as suas falas mansas deixa escapar o sorriso de pulha maldoso e o brilho do ouro o faz sentir o seu dono, venha este de onde vier.
O capitão, agora, restringe-se à sua capitania do passado enterrada nos calabouços da sua memória, cheia de ilusões de poder e grandeza . . . nostalgia, essa pedra pesada que corrói, que devora o seu ego, ferindo-o a cada dia que passa.
A sua pompa esconde a masculinidade ambígua, Dom Juan de várias passagens  . . . por várias paragens . . . que descuidada deixa cair o pano, tapando-se atrás da companheira cujas rugas não escondem as inúmeras e desesperadas tentativas de satisfação dos prazeres deste lobo, as tentativas desesperadas de ser um ser desejado e amado por tal caprichoso, o penoso fardo de sentir desejo sem retribuição, vazio alimentado pelas esmolas de prazeres suados.
Maliciosa e hipócrita a plebe impõe o seu jugo sobre os pobres ambíguos, julgando-os pela sua escolha de prazeres, à parte dos à partes . . . no entanto, não desculpa a sua vileza, mesquinhez e pequenez do vil capitão.
O velho lobo, capitão acabrunhado pela sua cobardia, atreve-se com laivos de cortejamento na sua investida sobre frágeis presas carregadas de juventude, tentadoras vítimas indefesas e crédulas, nunca pensando que a sua fraqueza um dia despoletasse ódios viscerais, novas inamizades e guerras.
É tarde demais, seguiu no encalço do alvo errado, comprou uma guerra e não fui eu quem largou a primeira bomba.
Aprender e usar o conhecimento aprendido tem um preço muito elevado para quem se julga mais esperto,  detentor do estatuto adquirido com a experiência, subestimando o súbito. Tirar partido do maduro, do novo e do há muito mantido - com os seus contornes pouco aceites - escondido do jugo da plebe maliciosa e hipócrita, não se coaduna com  os meandros da vida em paz, trás mágoas e contorces no espírito que um dia espera que " . . . Deus tenha piedade de nós" . . . palavras estas que da sua conspurcada boca sairão no momento da partida, na esperança de estar imiscuído entre os brandos pecadores.

domingo, 25 de agosto de 2013

Sempre a mesma coisa!

Homens, mulheres, sempre os homens, sempre as mulheres, sempre a mesma coisa por causa dos homens, por causa das mulheres. 
"Ele gosta de mim mas não sabe lidar com os sentimentos . . . é complicado para ele!
Ele não me disse que não gostava . . . mas ele gosta de mim, eu sei, mas ele ainda não está bem por causa da relação anterior, deixou-o muito magoado, traumatizou-o muito." 
"Eu não queria mas ela obrigou-me. . . ". Desculpa?!?!?!?!
E que tal, acordem para a vida! Vão-se resolver a vocês mesmos?!?!?
É sempre a mesma dificuldade em conseguir aceitar o difícil, porque é mais fácil viver na ilusão, no faz de conta, mas os verdadeiros problemas continuam ali agarrados como lapas cravadas nas rochas e a pessoa em causa agarrada a eles porque lhes deu guarida, porque mudar o mutável é mais difícil que se carregar de ilusões.
Medo??? Medo do quê??? 
Já sei, não dizem a vocês mesmos, porque os quarenta ou estão a bater à porta ou já lá estão bem entrados, mas eu digo, têm medo de ficar sós! 
Medo que a ruga apareça e não tenham dinheiro para a plástica, medo que os novos jovens de trinta, trinta e poucos cheguem e vos destronem. É isso, querem ser gente para os outros, ser eternamente jovens belos sedutores e atraentes. Tenho uma solução para isso: ENFRENTEM ESSES DEMÓNIOS E RESOLVAM-SE DA FORMA CORRETA!!!
. . . isso nota-se na pele, no olhar, no movimento do corpo, na vossa atitude, até parecemos mais novos!
Ninguém quer se sentir só neste mundo, ok? Ninguém quer sentir-se só! SENTIR-SE!
São coisas tão diferentes, estar e sentir. 
Todos nós em alguns momentos da vida passamos por esse estado de espírito, está para lá dos relógios biológicos, das necessidades fisiológicas, está mesmo na nossa desarrumação mental, os traumas antigos, as velhas inseguranças, as invejas e frustrações, carências de raiz profunda, falhas, erros, teimosia, orgulho e ego ferido . . . o pobre e velho ego ferido!
Quão arrogantes somos em pensar que vamos ficar sozinhos!!! Mas somos todos bruxos, adivinhos, ou profetas do Apocalipse Afetivo? 
"Ele é mesmo assim e eu também.". "Eu tentei que ele mudasse" . . . esta então! Bullshit!!! . . . como diriam os americanos!
Queremos ser Deus na nossa relação, queremos que a outra pessoa mude, queremos que ela deixe de ser assim, que deixe de fazer assado, mas por esta ordem de ideias nem sequer pensamos no que é que a outra pessoa gostava que nós fossemos ou fizéssemos.
Andamos todos a querer ser o Deus da relação e tudo volta ao mesmo, às mesmas queixas, a novas atitudes, mas guiadas pela mesma cartilha criada por nós, os tais por resolver. Ouvimos tudo o que os amigos aconselham e introduzimos tudo no nosso menu no compartimento Atitudes e Comportamentos para as novas odisseias, mas quem escreve o cardápio é o mesmo computador com os ficheiros fora do lugar.
São sempre as mesma desculpas para evitar resolver os problemas, sempre as mesma desculpas para adiar as soluções!
"Mas eu não sou rico para ir ao psicoterapeuta!  . . . Só os ricos é que têm problemas tratáveis por esses gajos e dinheiro para lhes pagar! . . .Eu estou bem!". Ya, e eu não aturo tretas!
É triste a conclusão a que chego, mas muitos de nós não querem ser ajudados, mas sim aturados, ter alguém em quem despejar o lixo, aquele lixo que fazem no momento, mas o fundamental e urgente deixam para depois, porque o panorama presente é mais do mesmo e mais mês menos mês a coisa resolve-se, deixando um lixo aqui, outro ali.
Resolver o caos é das coisas mais duras e cruéis, desconcertantes, assustadoras, mas a resolução tem o sabor da LIBERDADE!


sábado, 24 de agosto de 2013

Palavras

Escolho as palavras que pouco importam para dizer mais do mesmo, do mesmo do outro dia, mais o mesmo de quando quer que ele seja, mas é sempre mais do mesmo.
Falo por falar, digo coisas por dizer e nada é melhor que isso, dizer por dizer a quem nada tem para dizer, ou fala por falar. Na minha terra costuma-se dizer "se não tens nada para dizer, cala-te", neste caso, não escrevas nada.
Falo por palavras controversas coisas absolutamente banais para terem cariz de  coisa importante, mas nada há de importante, são apenas grafismos que coloco no papel, ou no ecrã, mesmo sem sentido nenhum para parecer coisa alguma, só para parecer que escrevo, só para dizer "Hei, estou aqui! Eu existo, logo penso . . . não tendo que ser por esta mesma ordem . . .".
Na verdade, pego as palavras é o que menos interessa, ou não interessam mesmo nada, é vazio; escreve-se vazio para soar a existência de alguma coisa, mas como os amontoados de vogais e consoantes se seguem uns aos outros, seguimos o seu rasto na esperança de que alguma coisa importante esteja lá.
É a verdadeira verborreia dialética sincronizada de palavras sem vontade de serem escritas, sem vontade de serem pronunciadas, sem vontade. É coisa nenhuma.
"Hoje a noite é apenas um prolongamento do dia  . . . hoje tenho compromisso com o que tenho que resolver", são palavras roubadas à realidade, são apenas um grão de areia do cimo do icebergue, o resto é tão grande e tão pesado! 
As palavras já pouco sentido fazem, ou nenhum, ou tão pouco fazem no que se diz, uma vez que apenas são pequenos montículos de poeira comunicativa. 
As palavras expressaram vontades que elas próprias desconhecem; elas são prisioneiras de uma mente prolíferativa que as usa e delas abusa, sempre verborreicamente, como uma torrente infrene.
As palavras são parte da nossa imperfeição, parte dos nossos vazios expressados por elas, são a sua face e o seu escudo; as palavras narram tudo o que dizemos e nem sempre o que somos ou fazemos, pura e simplesmente narram quando não gritam, quando não saem sonoramente incomudativas, azucrinantes, são tantas vezes o som do insuportável, do desprezo. As palavras são o obstáculo antes do acesso " . . . o não está sempre garantido . . .". 
Se se fala muito, corre-se o risco de se dizer pouco, porque quando se quer dizer muito, não se precisa de falar tanto, cansa as palavras, esgota-as, por muitas que elas sejam, por isso, hoje falo por falar, porque não é dia de falar, é dia de pensamento.


O medo e a solidão

A palavra solidão às vezes bate-te à porta sem pedir "com licença", vai entrando de rompante pela casa a dentro como se de um inspetor se tratasse e empurrasse contra a parede sem que possas fazer nada. O medo faz-lhe companhia e assusta-te prendendo-te entre a porta e a parede à qual ficas colada, imóvel, sem poder respirar, sem te deixar mover ao menos os dedos.
Às vezes entra pela porta dentro o pânico como se fosse Deus Todo Poderoso e age como se viesse para reinar como dono do mundo e reinar com a sua cara de minúsculo ser desprevenido.
A solidão, a cada momento, desdenhosa, acomoda-se numa confortável poltrona, tamborilando os dedos sobre uma mesa vazia, enquanto se deleita com o sórdido espetáculo.
Desprovidos de qualquer piedade, o medo e a solidão desassossegam-te baralham-te, confundem-te, deixam-te em sobressalto sobre coisas que não valem nada, deixam-te valorizar o que não tem valor e desprezar o que não é desprezável. Não são os teus melhores confidentes.
O medo engana-te, faz-te cair em armadilhas fatais ou quase fatais, empurra-te para o desespero e engana-te ao ponto de não ouvires nem veres a realidade, desassossega a alma de tal forma que nem o sagrado resiste, o que conquistaste se desmorona como um baralho de cartas empilhado com a aparente firmeza de um castelo.
O medo transforma o certo no errado, o errado no certo e tira-te o controlo sobre as tuas fraquezas. Estas, vêem ao de cimo com todo o poder que lhes foi concedido pelo medo e apavoram tudo com a sua arrogância, presunção, com toda a sua forma ridícula e descontextualizada para regozijo dos pobres de espírito.
A solidão é cobarde, precisa do medo para se sentir aquilo que é, fria e escura em si mesma, um prazer mórbido a alimenta, porque até ela mesma sofre por ser o que é.  
O medo e solidão transformam o mundo em trevas, trevas piores que as demandas medievais em que tudo era tratado a golpadas, separando o corpo da alma e corpo do corpo.
O medo e a sua companheira solidão separam a pessoa em vida, esquartejam a mente em pedaços, multiplicando as imagens como que em estado de embriaguez, o que vê é mais do mesmo sem variação, porque perdeu a noção do verdadeiro e do falso, da verdade e da mentira, perdeu a noção do que é e do que não é, está além da loucura . . . esta não é nada próximo dos efeitos colaterais do medo. O medo e a sua amada solidão apenas dão direito de enlouquecer, caso decidas não os enfrentar, é um direito quase piedoso, quase brando, um ato de misericórdia se desistires de avançar e combatê-los até à sua derradeira derrota.
O medo e a solidão batem-te à porta tantas vezes que às vezes começas a não saber quem mais temer, se o medo, se a sua companheira; se lhes abrirás a porta é uma escolha, haverá sempre uma escolha. A escolha é minha, é tua, é de quem está na sala de julgamento, é quem está perante a provação e privação, é de quem está prestes a se entregar à loucura, de quem encontra uma saída e parte para o desconhecido, é sempre uma escolha, longa e dura escolha.
Inesperadamente uma brecha de luz irrompe, desferindo num golpe vindo do alto, fazendo um estrondo rompante e ensurdecedor acorda-te, fragmentos de muro caem sobre ti, enquanto te defendes com os teus braços sobre o teu rosto Esperas que tudo acalme e consigas de novo olhar o horizonte no meio do encandeamento. Levantas-te e pões-te a andar em frente seguindo as tuas próprias pegadas que deixaste antes de voltares atrás.


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Loucura


Não consigo, não quero, não tento, já chega!
A desculpa mais esfarrapada para o orgulho é o outro, esse outro tenebroso e revoltado que esconde a cobardia carregada de orgulho. 

Aonde estava quando precisei?
Aonde estava quando eu queria entender o que estava à minha volta?
Os outros são desculpa esfarrapada de imperfeição mantida e alimentada. 
Orgulho!!! Orgulho!!! Orgulho!!!
"Eras tu quem precisava!!! . . . Eu??? . . . Não me procuraste, porque não querias ouvir as verdades!!!"
Não, eu não procurava porque não conseguia comunicar!!!
As verdades têm que ser ditas por forma a serem ouvidas, por forma a serem integradas e condutoras de mudança, não programação castradora e violadora. Sim, violadora. Por respeito não o assumi, mas senti-me invadida e de privacidade violada. Cada palavra adivinhada, cada respiração, cada gesto. Quem por Deus?
Deus não faz ninguém sentir-se invadida, vasculhada, controlada, amedrontada, apavorada. Deus quer que se viva e aprenda a viver, a ajudar-nos a nós mesmo e aos outros, a cooperar respirando e deixando respirar. Deus não sufoca!
Eu não me verguei a vossa mercê, suplicando por bênçãos, porque não era ouvida, não me sentia compreendida, não tinha capacidade para levar pedradas como lição de vida, método arcaico de ensinamento dos valores primordiais. A minha carne era tenra demais e as pedras provocavam golpes ainda mais profundos que as feridas que aí existiam. Nunca vi golpes a sangrar servirem de armadura contra os ataques do mundo.
Erros todos nós os cometemos, uns pequenos, outros grandes, uns perdoáveis e outros que nem no inferno querem o pecador e o meu maior erro foi . . . não sei . . . não sei qual foi o meu maior erro . . . ah, espera, já descobri, entregar-me de mão beijada ao sofrimento, quando uma voz profunda e gritante dizia NÃO num tormento arrastado, prometendo desgraça, infortúnio e o maior dos sofrimentos . . . o sucumbir na loucura voluntariamente.
Durante vários momentos quase intermináveis, não se tem olhos, não se tem ouvidos, dentro do crânio não existe cérebro e pede-se autorização até para poder respirar; é-se uma marioneta a quem se pede que olhe, ouça, pense antes de abrir a boca, porque os desafios do mundo assim o exigem, mas onde está o que é realmente necessário??? Onde???
Está guardado em diferentes compartimentos, não importa!  . . . Está lá!!!
"Tu não pensas???"
"Não sei onde estavas com a cabeça!!!"
Pois . . . diga-me, não era eu quem mexia os botões! . . . Não era eu quem tinha o domínio sobre a marioneta, EU!!! . . . Ah, é verdade o cérebro não ganhou autonomia, mas sim uma valente dose de qualquer coisa que não servia bem . . . qualquer coisa que não tinha muita utilidade . . .
Estava tudo desarrumado, encavalitado, pontas ligadas a outras sem nexo . . . coçava o nariz, levantava a coxa; coçava a cabeça com a mão direita, esticava a perna esquerda, mas cá se foi andando . . . e depois . . . logo se vê! . . . mas entretanto, mais um mergulho na loucura por necessidade de fugir a outra loucura.   Lutamos para fugir ao desalinho, ao cadafalso, lutamos para afugentar os medos e os Adamastores, um dia lá damos um passo certo, noutro, um mais ao lado . . . Haja quem nos queira que sejamos nós mesmos e nos faça ver as coisas quando os olhos vêem mal, quando os ouvidos ouvem mal e quando a mente não atinge a coisa certa, mas ninguém tem o direito de nos devolver à loucura apenas porque é mais forte e nada o atinge!




terça-feira, 20 de agosto de 2013

Seleção Natural

Chamem-me horrorosa, pindérica, arrogante, convencida, má pessoa, do pior, chamem-me o que me quiserem chamar. Podem dizer que tenho a mania que sou boa, que não valho um chavo ou até que não tenho a noção da realidade, néscia . . . sim, é que apresar desta última, ainda sei palavras caras. Chamem-me tudo o que quiserem, que eu não estou nem aí. Sumi para um outro planeta. Peguei na minha mochila verde, de marciana, vesti a minha farpela de marciana, coloquei os meus óculos de Sol de marciana e mandei-me para bem longe, longe de tudo e de todos, para onde vão os marcianos. Bem aventurados os corajosos!
Se estiveres a olhar para mim, de certeza que já não me vês, ou assim espero eu, porque já me transformei em mim e se ainda me vires é porque és cá dos meus, um Extra-Terrestre. Mas chama-me o que quiseres, estás à vontade, por exemplo, parva, tola, sem nexo no que diz, sem pés nem cabeça, com a mania que sabe mais que os outros, ou como se diz . . . mania que é esperta! 
Mandei-te para as urtigas e tu ainda não deste por isso, ou tens os pés e o cu cheio de calos? . . . Ah, já sei, mandaram-te já muitas vezes!
Será que mostras essa monstruosidade a todas as pessoas? . . . Humm . . . pois . . . tiveste coragem de mostrar apenas às que tiveram que te mandaram às urtigas?
Eh, pah, desculpa ter dito cu! . . . Mas sabes como sou, uma desbocada, sem freio na língua!
Pois bem, não o faças. Ninguém está interessado em lidar com monstrinhos com ar de pessoa pacata! 
Temos pena!  . . . Olha, fartei-me! 
"Mas eu não sou má pessoa!" . . . conceito engraçado, ou auto-imagem distorcida? 
Sinceramente, admiro-te a capacidade de análise, tendo em vista os teus interesses, mas . . . acho que não sou animal de estimação para levar a passear e comportar-se como deve ser junto, das pessoas, quietinho para perecer bem para a fotografia, caixote do lixo art decor do IKEA, giro, muito útil,  ou dama de companhia - na melhor das hipóteses -, mas sabes, a minha onda não é merda enlatada em bons modos e educação refinada . . . eu é mais, bronca, chamar os bois pelos nomes . . .mas com muita categoria.
Agora sim, podes-me chamar ofensiva, rude e dizer "Eu nunca pensei!!!" . . . Ya, eu também não.
Realmente, a empatia na amizade é algo tão maravilhoso, vindo mesmo do Céu, vindo de um lugar fabuloso, quase que não se explica, pura e simplesmente É, é tão mágico e maravilhoso como um estado de paixão permanente, é ser-se melhor que família, mas bem mais fabuloso que isso, é mais que um porto de abrigo, é a pura irmandade, a verdadeira e única irmandade, quase visceral. Não se explica, sente-se, simplesmente É.
Agora podes-me perguntar, ". . . mas quem és tu para encheres a boca com definições de amizade, como se tivesses muita moral para falar do assunto, quando nem na cara me olhas???" . . . ups, escapou-me uma, podes chamar-me cobarde e falsa, estas duas e mais umas quantas . . . Ah, mas espera aí, eu gosto de sair de problemas e não banhar-me neles!
Espera lá, estás a ser um problema para mim! . . . É aqui que entra a Seleção Natural! 
Tudo acaba bem quando a seleção natural entra em ação. É doloroso para a criança mimada e caprichosa, porque não lhe fazem a vontade, porque tem que crescer e perceber o que significa ser pessoa única e de valor inestimável. É a separação das águas, cada um ao que pertence. Eu sou um Extra-Terrestre, cabe-te a ti descobrires-te quem tu és!

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

NÃO . . . NÃO . . . NÃO . . .

Cerrei os punhos e bati com a mão na mesa, disse NÃO!!!
NÃO quero . . . NÃO tenho . . . NÃO posso . . . NÃO sou . . . NÃO vou . . . NÃO gosto . . . NÃO faço . . . NÃO sei . . . NÃO digo . . .
EU SEI DIZER NÃO . . .  
NÃO . . . NÃO . . . NÃO . . .
Nunca tão bem me soube dizer NÃO. Estou a perder o medo de dizer-te NÃO, sem medo, sem medo de rejeição, porque só cá estão quem tem que estar.
A luta é cruel, debatem-se os SIM contra o NÃO e ganha o NÃO.
A vitória é muito recente, ainda parece que ainda não aconteceu, tudo tem que ser reconstruído com melhores vivas, colocadas nos locais certos. O arrombo foi demasiado grande. As casas ficaram todas destruídas, esventradas de tudo o que era SIM. O TENHO QUE AGRADAR COM MEDO DE SER REJEITADA foi cuspido das suas profundezas e deixou um rasto de destruição à sua volta. As suas raízes estavam demasiado agarradas e emaranhadas a uma distância e profundidade assustadoras. A sua magnitude transversal atravessava todo o universo do SIM do NÃO do TALVEZ e alimentava-se o MEDO e PÂNICO DE ESTAR SOZINHA.
Não sou o caixote da lixeira do mundo, não sou assim tão vazia que possa parecer vasilha para vazar o esgoto que os outros não querem dentro deles. NÃO!!! . . . e O MEU ESGOTO, QUEM O QUER?
NÃO!!!!!
Ah . . . AINDA NÃO SOU PERFEITA, peço desculpa!
NÃO me apetece vergar, NÃO quero parecer para pertencer. 
Sou esquisita, estranha, excessiva? Provavelmente.
Tenho as minhas fraquezas e imbecilidades. Todos nós. Quero incomodar os outros com as minhas? NÃO!
NÃO QUERO ser mais uma, porque NÃO O SOU. 
NÃO TENHO que me imiscuir para fazer parte de algo, aceite por todos. 
NÃO POSSO ignorar quem sou nem o que sou. Não tenho a culpa que tantos se queixem de si mesmos quando criticam outros.
NÃO VOU ao que queres enquanto tiver consciência de mim, mesmo que por momentos me deixe adormecer e temporariamente perca essa noção.
NÃO DIGO o que queres ouvir apenas para que te sintas bem com o teu erro, com as tuas más escolhas e imbecilidades, com as tuas aberrações comportamentais.
NÃO GOSTO de ti, não porque não gosto de mim, mas sim porque o que és, pensas, fazes e dizes não é digno que qualquer apreciação da minha pessoa, em qualidade, valor ou quantidade.
NÃO FAÇO mais o que a carneirada tem que fazer, mesmo que tenha andado nos mesmos trilhos, dos quais orgulhosamente saí. 
NÃO SEI tudo, porque também eu ainda estou a aprender, também eu ainda estou a crescer e também eu ainda cometo erros de leitura.
Mas não está apenas quem é importante estar?
Não tem que ficar apenas o que é fulcral?
Escolhi o que escolhi, com a firmeza possível de quem começa a dizer NÃO. 
Começo a ver, e custa ver, que há tanto com o qual não sei realmente lidar, tanto lobo com pele de cordeiro vazio ou esvaziado, tanto cordeiro ferido, maltratado e transformado em algo indesejável aos olhos de quem ainda está a aprender a ler.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Amanhecer adolescente

Amanhece, amanhece e acorda. Vê o que a luz do dia te deixou. Está à tua cabeceira os restos da noite anterior. 
Acorda, amanhece com a manhã, mas não te levantes de repente. As dores de cabeça são muitas?
Pois bem, toma a droga anti droga e bebe o líquido que te faz verter a noite anterior. Só não te posso apagar as memórias desagradáveis . . . essas cabem a ti o esforço de exorcizar.
Acorda, vá, coragem, os teus amigos estarão lá para te manter o espírito aos pulos como um adolescente eufórico com a novidade do som num concerto; estão lá as tuas cervejas, nos mesmos reles copos de plástico à tua espera para te sentires um Baco, um rei da pandega e o maior dos românticos poético, pinga amores do momento, como um músico que procura a sua inspiração na fada verde. Bebe, ri e faz rir, eles gostam de ouvir o que tens para espalhar. Mas acautela-te, amanhã virá uma nova manhã. Irás acordar de novo e perguntarás o que aconteceu. Vais lembrar-te das gargalhadas de adolescente e dos risos pueris que de ti se ouviu. Quem sabe te sentirás exalador de charme encantamento, bombeando o ego do seu poder magnético, mas não passas apenas de um adolescente que aprendeu as artes da fascinação.
Ups . . . já te estás a recordar de demasiadas histórias reais, o lado negro também existe!
Sinto por escassos momentos um pingo de inveja, apenas porque ainda não chegaste aqui e ainda não conheces o que já conheci, ainda tens uma noção romântica do mundo, das ações, das pessoas, das coisas, do vinho e da cerveja, do copo de plástico e das calças rasgadas nas pedras da calçada, do cabelo despenteado sem que alguém se importe, mas com um certo estilo naif fofinho.
Tão bom. 
Aproveita e acorda a ouvir a melodia mais doce e eufórica que ouviste na noite anterior, mas amanhece com a manhã com os raios de Sol a baterem-te na cara a lembrar-te que nasceu um novo dia e o que a noite te pode prometer.   

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

. . .

Socorro!
O monstro voltou a atacar sem dó nem clemência por esta pobre pecadora. Reduziu-a à sua animalidade desenfreada, à loucura pelas mundanidades lascivas, que como uma droga se apoderam de tudo o move o voluptuoso corpo.
Mede a insanidade e aproveita-se da sua vulnerabilidade e fragilidade. Ignora tudo para lá do seu desejo de frivolidade, esse monstro que busca nas almas a perdição, alimenta-se delas desde que estejam perdidas. 
"Perde-te, embriaga-te nessa promessa de promiscuidade gratuita, mas não pares até te apoderares dessa centelha . . ." de coisa diferente, dessa utopia poética cheia de sensações libidinosas e sedução tântrica que penetra pelo olhar, que como diz na canção inibria, entontece. . . 
Diabólica sedução, traiçoeira, hipnótica, dissimulada, mas tão deliciosa e tentadora, cega a razão, cala-a, emudece-a e tu vais, leve, deixas de sentir o corpo, só a vontade de te deixar ir, sem pensar, apenas sentir, simplesmente diluir e em apenas uma coisa ser, eternamente esse estado de preguiça orgástica, troca de fluídos amentolados para devolver a frescura ao calor do prazer transcendental, o toque suave e sinuoso, nem de mais nem de menos, na dose certa. 
Apareces do nada e ao nada regressas para deixar o espírito no seu avesso e segues no teu caminho, deslavado de decência, na busca de uma nova aventura.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Decisões

Passam-se os anos e o que fica de cada decisão? Alguma coisa de certezas indecisas . . .
Conclusões certas para todos e incertas para alguns dos todos, mas o que é certo é que passado alguns anos o peso das decisões sente-se e vive-se como se fosse ontem, com uma certeza diferente assim como a sua fonte!
As certezas para uns podem ser certas, mas em momentos errados podem ser catastróficas. 
Heis a catástrofe em tamanho reduzido após tantos anos!
O entendimento pode ajustar-se mesmo que temporariamente, mas a decisão seria, sempre, a de um ou dos dois protagonistas do enredo. Agora olha-se para trás e consegue-se ler as frases ditas que não foram lidas pela lente correta, não a tinha. Dói saber o que se sabe e que não pode mudar o que passa e que fica guardado algures na memória. Passou e pronto, o que importa se dois ficaram ou foram infelizes, se dois cometeram as piores asneiras, porque um deles não pensou pela sua cabeça, estivesse este certo ou errado, não importa, mas era sua a decisão. Não importa o que duraria, talvez aí era o momento certo, mesmo após o fim.
É duro olhar para trás e ver o que se perdeu, o tempo passou e as resoluções ficaram perdidas nas imcompreensões, lapsos de comunicação, a idade em nada ajudou assim como os opostos. Conheci-te na época errada e tu, ao contrário do que é suposto, eras mais crescido que eu, ironia da coisa!
Misto de vontades com necessidades ou coisa mais profunda, ou superficial . . . mas no momento só se vê uma, desvaloriza-se outras e o pânico demoníaco apodera-se de nós sem saber se é verdade ou mentira os motivos que alimentam o pânico. Eu sei, juntavas o útil ao agradável e eu não vi o lado agradável, apenas o quanto querias que te fosse útil!
Olho para trás e olho-te no que te tornaste e, sem dúvida, que não perdi assim tanto, mas os litros de álcool a que me podia ter poupado são tantos quantos os quilos de coca que decidiste snifar e fazer parte de ti. De facto esta parte foi a que falta nenhuma fazia na minha vida. 
Quando procuro uma resposta para tudo isto tudo se enleia e nada faz sentido. Reconheço um erro no qual participei e que foi como que uma auto-detonação. Sinto-me feliz por não poder culpar ninguém neste evento desastroso, mas pelo menos fui eu quem decidiu.
Olho para trás e apenas me arrependo dos caminhos ou meios usados para chegar aqui, mas nada tinha dentro de mim que me ajudasse a fazer melhor. Ainda estou em crescimento e é tanto o que ainda não sei. Pipi das Meias Altas, meio menina, meio mulher, meio em processo de transformação/crescimento.
Não sei o que me espera, mas de uma coisa tenho a certeza, sejam certas ou erradas, as decisões têm que ser tomadas respeitando tudo o que sou, o que preciso, o que na minha vida é realmente importante e de mim, no meu todo, faz parte.