terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Esperas por mim?

Olha . . . esperas por mim?
Estás a ouvir?
Ouviste o que te disse?
Sim, estou a falar contigo!
- Queres que espere por ti?
Posso esperar por ti?
De certeza?
Estás a ouvir-me?
Hei!!! Ó tu . . . tu daí!!!
Ouviste o que te disse?
Porque é que não em respondes?
- Não me estás mesmo a ouvir . . . que pena . . .
De qualquer forma pergunto-te, pode ser que te esforces para ouvir. Posso conhecer-te melhor na volta?
Gostava de conhecer, realmente, mas apenas à minha volta da volta ao mundo. Acho que ainda e faltam peças e agora não te consigo perceber, não sei que peças te faltam, mas vejo-te com falta de muitas peças, não encaixas em nada que daqui venha ou haja.
Bem, as que tens também são muito pequeninas e tenho dificuldade em percebê-las a esta distância.
- Mas . . . Peças?!?
O que queres dizer com isso??
Não sou perfeito!
Eu queria dizer- te que . . . Posso ao menos contar com a tua vontade quando daqui a algum tempo eu tiver coragem?
Acho que tenho medo, mesmo que tenha curiosidade, tenho medo e não posso, eu não sou capaz . . .
Não é isso que quero . . . É outra coisa, nada de especial, a outra coisa é demasiado pesada e eu não entendo nada disso.
Porque é que fazes essas coisas?
Eu não te entendo, não te percebo. Fazes coisas estranhas, coisas esquisitas, pareces um bocado estranha, não te entendo, mas pronto, ok, és estranha. Não entendo.
- Estás a falar de alguma coisa?
Queres dizer-me alguma coisa?
Eu não vejo os teus lábios a mexer, apenas te vejo aí parado com olhar ora fixo ora esquivo, não te estou a perceber. Faltam-te peças e eu não consigo conversar contigo sem essas peças. Mas queres dizer alguma coisa?
Tens alguma coisa para dizer?
Se tens, vais ter que esperar!
Olho para ti e só vejo parte e com apenas parte não me entendo, é demasiado vazio, preciso de te encontrar mais peças para me entender contigo.
- Eu não consigo perceber o que não entendes, mas não existe falta de peças!
Estás a falar do quê?
Do que é que estás a falar?
- O quê?
Estás a dizer alguma coisa?
Estás a querer dizer alguma coisa ou simplesmente está a fazer mais do mesmo?
Não há nada para dizeres?
O que é que tens que eu possa considerar um ponto de interesse, um ponto em que haja uma faísca?
Tens alguma coisa que eu possa achar interessante?
O quê, bebes uns copos e dizes disparates aos teus amigos para eles se rirem? É isso? É só isso que esperas da vida?
Ok, são demasiadas perguntas e não estás habituado.
- Mas o que é que queres?
Estás à espera do quê?
O que é que achas que eu sou?
Ou, o que é que pensavas que eu era?
Eu sou só isto, mais nada!
- Pena . . .
Enfim, coisas da vida. Com mais peças aí dentro e realmente seria mais difícil dar a volta ao mundo . . . Se calhar é melhor assim . . . ainda bem que é assim. Assim, vou dar a volta ao mundo e conhecer o mundo e ver os diferentes mundos do mundo. Vou enriquecer-me no que me falta.
- Onde vais?
Oi!!!
Espera!!!
Ainda não me mostraste o que estás desejosa de me mostrar!
Sim nas últimas vezes foi um bocado mau . . . é verdade, não correu lá muito bem, ok . . .
Mas espera!!!
Onde é que vais?
Eu também ainda não acabei . . . Espera!
Vais para onde? Tens a certeza que ainda estás aqui?
O que é que me querias dizer realmente?
Achas que realmente pretendes alguma coisa ou sou um brinquedo, ou mais um brinquedo, como fizeste com todos os outros a quem prometias um lugar no paraíso, sem ao menos teres dado a provar um pouco do que aludias?
Eu não te posso ver ou mostrar que te quero ver, é proibido ver-te, não posso . . . eles não me deixam e eu não posso ir contra a vontade deles, eles é que sabem, mesmo que eu também queira. Preciso que eles me deixem. Eu tenho que não mostrar, não quero que eles fiquem chateados comigo, ou então nunca mais falam comigo e vão gozar comigo.
- Ya . . . é isso!
Estás a ver o que ainda te falta?
Tu ainda não és nada, ainda és demasiado verde, imaturo, dependente da aprovação dos outros, vazio, não sabes o que é estares contigo, não percebes o que é ter preenchido o que te falta, mas compreendo, ainda é muito cedo, ainda és apenas um invólucro e os invólucros são enganadores. O teu invólucro exterior desenvolveu-se de uma forma muito agradável aos sentidos assediáveis pelas tentações da carne e captou a minha atenção, mas ainda te falta tanto . . .
Se não deres os passos no caminho errado tornar-te-ás um perigo para mim, o meu maior medo de voltar das minhas voltas ao mundo, porque a carne e as tuas feromonas são demasiado poderosas, mesmo antes de te tornares um perigo.
- Gostas, é?
- Apenas do que os meus receptores captaram . . . mas é mesmo apenas animal, magnetismo pelo que ainda não existe, pelo que ainda não está no sítio certo, mas farejei-te, chegaste ao meu centro do maior prazer, ativaste parte dos meus sentidos físicos com o que tinhas para mostrar, mas parte é realmente mesmo muito pouco . . .
- Ok, olha, paciência, mas eu também não vejo muito mais dessa banda. Estás a julgar-te muito, mas também te apanhei, não és melhor que eu!
Também ainda tens uma menina dentro de ti. Ainda és!
Para quê estares a armar-te em superior?
Já te olhaste bem ao espelho?
Achas-te superior, mas pus-te as pernas a tremer, parecias uma adolescente parvinha. Pensas que eu não vi?
Estás a tentar convencer-te de que tens mais peças, ou lá que raio, para não teres vergonha de olhar ao espelho e veres que, na realidade, a cara que vês refletida no espelho não passa de uma gaja louca e descontrolada, sem freio. Toma tino!
Ao que sei, já devias ter mais juízo . . . Não me censures!
- Obrigado, fizeste o que eu precisava . . . que me fizessem . . . dói ouvir . . . mas talvez tenhas razão . . . as verdades são para ser ouvidas, mesmo que venham de quem ou de onde menos se espera . . .
Obrigado.
Já posso partir descansada. Vou procurar também a minha parte ou partes que também ainda me falta, aliás, já o tinha dito, não foi?
- Pois . . . parece que disseste qualquer coisa assim . . .
- Ficamos assim, então . . .
- Ya . . .
- Ya?
- Sim . . . Ya . . .
- Então, fiquemos assim . . .
- Ya . . . assim seja então. . .

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