domingo, 7 de julho de 2013

Vida sem vida que obriga a metade da vida dividida entre a verdade e a mentira.

Vida sem vida que obriga a metade da vida dividida entre a verdade e a mentira, em nome de um amor não correspondido.
Vida vazia em que o nada é a sua companhia, porque no nada foi nascido.
Vida dividida entre o vazio e a mentira, misturando as verdades com as inocentes e inofensivas mentiras.
Triste que é não se ser desejado o quanto se deseja, mas a vida . . . o quanto é assim!
Inventas mentiras que se encaixem no meu mundo para que te ache interessante, para que te queira e te deseje, mas não consigo. Não o fazes por mal, apenas para manter o contacto, apenas para reteres a minha atenção, mas perdeste o controlo sobre a situação, o mundo que a tua boca revela é inflacionado, é hiperbolizado nas dimensões, na sua quantidade, mas apenas gosto das coisas simples, das coisas honestas por muito pequenas e aparentemente insignificância. Não importa que o dragão, na realidade era apenas uma lagartixa, que não tenha asas e não cuspa fogo pela boca, afugentando apenas alguém que não gosta de répteis. Mas gosto da tua criatividade quando usada na fantasia do irreal sem ligação ao real específico e concreto. Apenas a fantasia com base no real, quando o momento é para fantasiar! 
Não tens de ser igual nem intencionalmente desencaixado apenas para seres diferente e interessante. Já tive pequenos episódios desses na minha vida e digo-te, não vale a pena, porque é artificial, soa a falso e distorcido.
Não consigo encontrar uma mentira piedosa para te dizer, para te confortar a alma desse vazio longínquo, para te fazer sentir vivo. 
O tanto que sentes necessidade de criar extensões das verdades que ouves é o mesmo que tens sentes de viver, para que te sintas a ti mesmo, para que te sintas vivo e que existes para alguém.
É triste, apesar de bela e poética, mas tão mais platónica essa paixão, quase tão pura quanto a de um escritor pela  sua musa inalcançável, por quem te iludes de que algum dia, por mais distante que seja, alguma vez seja tua. 
O encanto do encantado é uma loucura por vezes impiedosa para com o enamorado. A verdade é o cataclismo, realidade que pelos ouvidos da sua alma  não quer ouvir, porque enquanto as palavras da amada boca não saírem, continuará na ilusão de que um dia ainda algo miraculosamente acontecerá. 
Por quem deseja, por quem almeja um dia ser senhora do seu sedento de amor coração, pode algum dia o encanto explodir e em pedaços, fragmentos de uma ilusão demorada se desfazer, deixando à vista desarmada ver-se o  escorrer pelo seu rosto abaixo o fluído que brota do coração esmagado pela não correspondência ansiada e tão visceralmente desejada.
Sofro por ti porque sei o que sentes e nada por ti posso fazer para minimizar os danos da verdade que não queres ouvir e apenas fingir que não existe. Queres viver intensamente cada pedaço de algo tão pequeno que fazes para ti tão grande e tão cheio de significado. Mas até a ti mesmo que mentes e essa mentira será a mais impiedosa, será a que um dia te trará a dor de um sabre a rasgar-te por dentro lentamente e a sangue frio e nesse momento os gritos que da alma brotarão em surdina, transformarão o mais puro amor no mais puro ódio, porque não existe razão para me odiares, porque nem ao menos te feri, menti ou iludi. Sentirás raiva, porque não existirá nada a que possas sentir raiva, porque não te alimentei, deliberadamente, falsas esperanças, porque nem sequer te enganei. 
A verdade pura e dura e a ausência de feridas perpetradas pelo ser desejado é pior que a maior mentira de todas, porque ao menos as mágoas e feridas ajudam a não queremos perto quem antes tanto e tão insanamente desejámos. Mesmo que não seja o melhor desfecho de um capítulo, a cicatriz é assim um selo que marca o fim de uma odisseia, faz-nos lembrar, a final, que mesmo que o fim não seja o desejado, em nome da verdade se diga, estamos Vivos!

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