quinta-feira, 25 de julho de 2013

Finórios desesperados e vinho elegante

Desesperados se sentem aqueles que arredondam o linguajar, deixando um rasto de palavras, porque saber ser bem implica alterar todo o vocabulário no seu soar, no seu som, na sua música. Palavras finas e supostamente elegantes saem das suas boas, pelo menos o intuito é que pareça elegante. Os bons costumes são para ser mantidos, aconteça o que acontecer, pensam estes loucos empedernidos e arrastados pelo seu falar de gente fina, contudo, não menos estranho . . . esquisito!
Reúnem-se nas suas orgias gustativas, fazendo de conta que está tudo bem, enquanto o seu mundo está a ruir; de ruínas rodeados e com os estrondos da miséria ao longe abafados pelo elegante som da música do elegante tilintar dos copos, das vozes musicadas pela finesse dos seus estatutos, ignorando todas as gentes que os vêem na sua real verdade e que são capazes de os olhar nos olhos e dizer que eles perderam a noção da realidade e o sentido da razão de cá andarem.  
 . . . São gente fina . . . gente de bem . . . gente de bem ignora o mundo e age como que nada mais que eles existisse, ou tudo o mais que existe serve apenas para os servir! . . . porque são pessoas finas . . . pessoas de bem . . .
Brindam o novo vinho, a nova casta, cultivada apenas para apreciadores do mais "elegante vinho", ou lá o que quer que isto queira dizer, soando a que fica bem . . . mas com o copo . . . não entendo.
" . . . Já estava com saudades deste tipo de vinho . . ." diz o finório, que com certeza porém, se recente com a crise e tostões lhe faltam para comprar o elegante, especial e vinho vindo de lonjuras. Agora limita-se mais ao que eu chamaria o "genérico" dos vinhos caros, com nome francês para soar a fino, porque o original está a cima das suas  atuais posses . . . venda uma ou duas peças de roupa velhas que comprou nos States ou aquele quadro de coleção adquirido com dinheiro dos subsídios europeus, que dará, com certeza, para encher a garrafeira do mais requintado vinho . . . a mais antiga cura temporária dos males da alma, purga de todos os infortúnios no amor, embelezador das mais hediondas belezas e apagador momentâneo de atrozes atos.
Os engalanados pavões desfilam o seu copo desse venerado líquido, tentando sentir-se senhores fidalgos, donos deste mundo e do outro . . . oh, quão enganados e patéticos!
Assim andam os tolos pensando que são finos e de boas famílias, essa camada que pouco ou nada contacto tem com a realidade, esses aspirantes a senhores, bostas feias e com mau gosto e em bom tom se lhes chame os nomes pelas coisas, sim, que chamar as coisas pelos nomes é coisa de gente simples, que vive com o mundo e no mundo, que tem noção da realidade e sabe o que é o quê ao contrário de lunáticos irrealistas que ainda não sabem, mas têm os dias contados . . .
Cuidado com a queda . . . o fim não está longe e os seus assombros e infortúnios de realidade estão cheios!

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