domingo, 5 de maio de 2013

Meu semi-deus imperfeito . . .

Como uma criança tímida, que vislumbra parte da beleza, eufórica por dentro, mas distante por fora, procura os olhos de quem olha, mesmo sabendo que os olhos que olha nada consigo possam querer.
Eufórica por dentro olha com os olhos de fora, tapa os olhos da alma com medo do que a sua alma possa dizer, " . . .olhas no sentido errado!"
A alma não mente ao corpo que a alberga, o corpo quer que a alma minta e lhe diga meias verdades sobre os olhos que olha. A alma grita, mesmo que enrouqueça e quase se deixe ouvir, mas até que morra a sua última esperança, a alma grita: 

"Cuidado!!!
Não te embriagues com o que vês!!!
Não te deixes cegar pelo brilho que te ofusca a mente, que te entorpece e adormece os sentidos!!!
Acorda dessa bebedeira de encantos!!!
Não olhas, nem vês os sapos que por detrás da beleza se escondem, que por detrás da ilusão se alimentam e sussurram ao teu ouvido as palavras que queres ouvir!!!

É belo, não é? É interessante . . . mas que sabes tu sobre interessante?"
As brumas, guarda costas ciumentas e ciosas pelo seu protegido rodeiam-no, deixando a descoberto a sua presença, a sua tentadora existência. Como amazonas que atacam com lanças no olhar, quem o olhar do seu protegido procurar, cercam-no apaparicando-o e entregando-se como que oferendas a um semi-Deus grego, mas tão divino como o próprio Deus ou o libidinoso Zeus!
Este Zeus desfila o seu corpo imperfeito, mas com tal íman, com tal bambolear vaidoso, cheio de si mesmo a transbordar o seu charme e auto-confiança, de quem decide o seu destino com um estalar de dedos.
Zeus tentador, provocas-me!
Quase animalesca atração, que me deixa em sobressalto, mesmo que sem o menor sentido. O teu odor, sem odor, entrou dentro de mim. Senti a tua química, como que uma droga, que me atrai até ti. É como que o teu cheiro me chamasse e nele eu querer mergulhar, banhar-me, fazer de ti o meu deleite, cama rede feita de manto macio aveludado onde me deixo ir.
És um dos meus deuses gregos imperfeitos, carregado de mistérios e sábia sedução. Sabes seduzir sem falar, sem moveres os teus lábios, apenas porque existes. 
Tens sabedoria milenar, antes de algo aprenderes já algo sabias, mesmo que nada te digam, apenas porque olhas e vês olhos que te querem ver e tocar, nessa tua pele que ao Sol fica morena e deixar enganar pela aparente calma e originalidade.
És tão senhor de ti mesmo . . . arrastas atrás de ti o teu séquito, as tuas ostes, que te enaltecem o ego e te fazem sentir mais o mais adorado dos seres, cheio de tudo o que os outros em ti vêem, cheio de tudo o que em ti querem ver, porque assim pareces ser. 
Anos depois de anos, aos meus olhos surgiste. Se alguma vês trocamos alguma palavra, aguardo que essa dúvida por ti seja esclarecida, ou o meu atrevimento saltará detrás da minha insegurança e timidez e te inquira como se sempre tivéssemos falado um com o outro, sem ostes, sem amazonas guarda-costas ciumentas eciosas pelo seu protegido.

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