segunda-feira, 30 de junho de 2014

Pedras . . .

Fosse eu a contar as pedras que trago no bolso, teria que perder muito tempo a contá-las. Umas são pontiagudas e rasga-me os bolsos, essas vou tirando com cuidado para não fazer mais estragos, outras são verdadeiros diamantes por polir, mas fá-lo-hei apenas quando o tempo estiver bom para isso,outras são apenas seixos que recolho nos momentos doces e guardo-as com o mesmo prazer do momento em que as colhi, outras pedras são apenas pedras que estão apenas a ocupar espaço; dessas também me tenho que desfazer.
Na minha mala trago tantas outras pedras, umas dão-me jeito para fazer decorações e deixá-las numa prateleira onde sejam bem visíveis para que se faça justiça à sua beleza, outras ainda sabe bem sentir-las nas minhas mãos, relaxam e descontraem-me.
Sim, são pedras, são pedaços de mundo que pesam, mas o seu peso não me incomoda porque são apenas as necessárias, até mesmo aquelas que agora jogo novamente no chão foram úteis e devolvo-as à sua origem.
Se eu fosse a contar as pedras que carrego muito provavelmente percebia que já não me lembrava de mais de metade delas, apenas ficaria a olhar e a tentar perceber porque é que as mantive comigo e ficaria triste por não conseguir perceber de facto o porquê de ainda estarem no meu saco, nos meus bolsos, ou nas minhas mãos.
São tantas as pedras que pela quantidade dariam para construir uma casa . . . Mas nem todas servem para a sua construção porque nem todas fazem sentido ou fazem parte das paredes de uma casa . . . boa parte de elas são apenas decorativas outras são melhores que os próprios tijolos de burro que é do melhor para se construir uma casa que seja digna de ser habitada.
São tantas as pedras e algumas eu já devolvi ao mundo onde as colhi.
Nós colhemos pedras por onde passamos para que nunca mais nos esqueçamos de alguma coisa, mas muitas delas não passam de cábulas ou apenas formas de não nos esquecermos de alguma coisa que julgamos importante, mas o tempo mesmo assim passa e apaga tanta coisa, mesmo que não se queira que ele apague. Felizmente existem outros livros de anotações . . .
Tenho os meus bolsos e mala cheios de pedras e vou mandando algumas para o seu devido lugar, já não fazem falta a mim, mas sim a outros que as vão pegar e guardar nos seus bolsos e malas até que elas deixem de fazer sentido, até que cheguem à mesma conclusão que eu e comecem esses também a devolver as pedras ao seu domínio permanente.
As pedras tal como as pessoas têm uma razão de viver, um sentido, um haver que e muitas coisas mais, ou tantas outras coisas que nem sempre percebemos exatamente o quê e para quê ou  até mesmo o propósito para qualquer coisa mas continuarão sempre a ser pessoas . . . E eu também sou uma pessoa e como tal, o sentido que faço na vida de quem quer que seja é o sentido que tenho que fazer, o resto são detalhes.

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