sábado, 5 de julho de 2014

Final comum . . .

As palavras fogem quando vemos o que não é para ser visto, o que apenas acontece na mente e nos órgãos adjacentes ao mais promíscuo deles todos. As palavras amontoam-se e entopem a saída, numa luta umas com as outras, umas querem dizer o que estão a ver e as outras querem calar as outras e assim se engalfinham e nada sai sobre o que se está a ver.
As palavras têm que ouvir o seu som noutra boca para que cada uma se coloque no seu lugar e se faça ouvir, mas o que está visto visto está, é como uma explosão de coisas óbvias tapadas por coisas menos óbvias ou vice-versa, mas cujo o efeito está à vista.
O que é proibido é sempre o mais apetecido, isso já o mundo inteiro sabe, até os que ainda estão para nascer, os que nasceram mas que a vida lhes deu cedo o doce e explosivo sabor do proibido.
 . . . A carne é fraca . . . pois . . . temos pena ou nem por isso, mas sabe bem fingir que o que está à vista é absolutamente invisível.
O som da voz soa a duas caixas de cartão carregadas de esferovite aquando de pancadas secas, ou seja, nada . . . vazio, pequeno, não importa o tamanho das caixas, mas nem o som contem o que quer que seja que não seja excessivamente óbvio.
O vazio é incrivelmente sonoro, incomodativo, transtorna, parece que não é de gente, parece que a alma fugiu e deixou o corpo em auto-gestão à deriva em si mesmo, é como se todo o conteúdo saísse e entrasse muito algo-ol, ou maria joana ou coca-e-na, não sei, mas como já tudo é possível, pronto, vá lá, fantoche com poucas palavras no seu disco rígido, quase não humano.
Assim como um texto pode ser seco do que quer que seja, assim um fantoche o pode ser. Um fantoche pode ser feito de cartão por fora e esferovite por dentro, pode ser feito de massa branca às pintas cinzentas . . . Mas, sem dúvida, que o meu programa de entretenimento favorito é sem dúvida o que está carregado de inocência, o do aparentemente inocente onde a carga de "apenas isto" é tão pouca quanto a enormidade do seu oposto na sua aparência. O inocente e malicioso fruto da consternação presente massacra até onde o alvo deixar massacrar, levando o consternado beber do sumo do fruto da sua consternação. É a lei do retorno, um boomerang violento no regresso e com um impacto inesperado cujas dores são maiores que as que já existem. As coisas não têm que ser desta forma.
Fantoches que se querem iludir de ter vida própria e consternados têm uma coisa em comum . . . o mesmo objectivo! . . . apenas diferem no modus operandi, mas fora toda a cartonagem o final é sempre o mesmo, provar o fruto proibido por quem não quer ser provado e por quem não quer que fantoches tenham vida própria, mas como tudo nasce, vive e morre, tudo é tão temporário, tudo assume aparências cujo preço é por vezes alto para se manterem, tudo tem um prazo de validade que nem sempre está expresso na embalagem. Nestes terrenos as árvores não têm em si o prazo de validade dos seus frutos quando estas estão no seu habitat natural e nada se pode obrigar, forçar seja por piedade, seja por conveniência do momento, seja porque apenas se apetece, não é assim. Nada pode ser forçado. Por alguma razão as peças dos puzzles têm formas diferentes e mesmo que façam todas parte da mesma figura, cada uma encaixa em espaços diferentes, completam áreas diferentes. As pistas das coisas nem sempre são erradas, mas os caminhos a que conduzem nem sempre são os esperados para quem neles caminha lado a lado, apenas são partes em comum de um percurso individual.
Os consternados fazem sentir tristeza e os fantoches entretêm, mas cada um com a sua cruz, um por uma razão, outro por outra têm a mesma vontade, um com mais do que move a vontade que outro, um com mais história escrita e vivida o que outro, nada os impede de se ser imperfeitos no método de alcançar o mesmo fim.
Heis mais uma passagem do que a natureza nos dá desde que duas peças de existência colidiram, misturaram e multiplicaram  . . .

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