Esta noite, manhã, o que seja, tive um sonho. Caminhava num lindo dia de Sol, sobre um caminho de pedras de basalto lisas, bem alinhadas umas nas outras, mas com subtis espinhos sobre elas. Arbustos espinhosos assumiam-se por entre as pedras e os meus pés estavam frios. Cada passo era mais tortuoso que o outro, até que tive que parar e massajar os pés um pouco para aliviar a dor.
Vi encostas de catos de folha longa e pessoas que os usavam para voar, nesse mesmo dia, estranho dia de Sol. De repente já tinha calçado nos meus pés e podia caminhar. Descalcei os meus sapatos, num edifício onde se praticavam esses voos. O chão era de tijoleira lisa e escura, no mesmo tom do basalto, mas já não sentia o frio nos pés. Já não estava num chão espinhoso e mesmo descalça podia caminhar.
Tinha a minha mãe comigo muito atarefada na sua nova actividade e não parava um minuto ao pé de mim. Mais tarde esperava por ela e já ela tinha ido não sei para onde, fazer não sei o quê, mas era suposto ter esperado por mim. Afinal eu também estava ali.
Mais uma vez estava eu sozinha, perdida e descalça.
São assim os caminho no mundo para quem nasceu com o mais que os outros e menos que os outros, para quem nasceu com o Inverno e o Verão dentro de si, para quem tem o tudo e o nada nas suas veias, para quem é o máximo e o mínimo, para quem com os extremos tem que viver numa luta constante tantas vezes desigual e nada equilibrada.
Para alguns não é assim a vida?
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