O portal do tempo foi-me fechado. Foi fechado a mim, a ti, a nós, a tudo o que daí pudesse resultar.
Sente-se que é como se dois vidros grossos nos separam, dois vidros próximos mas cheios de uma névoa translúcida, num éter azul marinho, num espaço sem dimensões nem tempo, como se a pairarmos cada um na sua redoma de vidro.
O que fica entre nós é o vazio. É o meu grito que tu não ouves, é o teu grito que eu não ouço, mas que ensurdece quem está por perto. Queremos papéis incompatíveis e nada saudáveis, pelo menos para mim.
É a constante do impossível, do nunca mais, do tal como apareci, desapareci. É como se fossemos apagados da vida um do outro, porque não era suposto termos acontecido na vida um do outro, ficando um buraco, um buraco negro que não sabemos o que é que existiu lá. O que aconteceu na realidade foi o não suposto acontecer. Afinal, as coisas que não são supostas acontecer também acontecem!
Porque é que só agora queres ser o que sempre precisei que fosses?
Porque é que sempre voltaste ao que és, ou sempre foste, depois de pequenas mudanças?
Porque é que nunca tive coragem de meter um ponto final no meomento certo?
Porque é que foi sempre tudo tão tarde na minha vida?
Será que mesmo que tivesse acesso às respostas, eu mudaria alguma coisa nas minhas escolhas?
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