sexta-feira, 18 de maio de 2012

Quero . . . de novo . . .

Ainda tenho o teu cheiro colado a mim, dá-me saudades da tua pele, tocada pelo divino, em que escorreguei enquanto estavas ali.
O teu cheiro inebria-me e deixa-me a pairar sobre a tua imagem no meu pensamento.
Quero cheirar-te de novo, o teu cheiro doce, suave que há tanto se adivinhava.
Tenho saudades da tua pele branca tão angelical e macia como ceda acabada de tecer.
As rudeza das tuas mãos contrasta com a delicadeza do teu toque, que abre o meu corpo ao teu.
Deixei as minhas mãos explorarem e perderem-se pelo teu dorso musculado e firme, sem culpa nem medo, apenas pela luxuria de as satisfazer.
Deixaste as saudades do teu cheiro a algodão doce e óleo de bebé, que me embriaga e adormece como ópio para o meu corpo.
Quero tocar-te de novo e sentir a tua forma junto da minha.
Quero encostar-me de novo a ti e sentir-me segura, amparada, abraçada assim como me permitiste sentir.
Quero ter-me de novo nos teus braços entrelaçados nos meus e as minhas pernas perdidas nas tuas.
Quero sentir de novo o teu respirar de anjo que adormece profundamente e acorda a qualquer hora, como a qualquer hora fosse alvorada, com os tímidos raios de Sol a iluminarem o teu rosto, meio ensonado, meio acordado.
Quero enroscar-me em ti e ouvir as primeiras ondas do mar da manhã irromperem sobre a areia, sem lhe pedirem autorização ou permissão para a acariciar, aquecida apenas com o calor do teu corpo.
Quero acordar e sentir o todo de ti em tudo de mim, para que possa voltar adormecer, perder-me no meu sonho e encontrar-me em ti.  

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Amei-te tanto, odiei-te ainda mais

Foste o maior dos meus amores. Amei-te tanto e tão profundamente quanto te odiei de morte. 
Lembro-me como se tivesse sido ontem, sentados na mesa com o grupo de pessoas que nada podiam sonhar do quanto deixavam de existir quando éramos nós mesmos, frente a frente e falando como se não estivesse ali ninguém, como se o resto do mundo tivesse desaparecido e os transeuntes ali sentados fossem parte da mobília.
Lembro-me como se fosse ontem o quanto me gritaste pelo telefone, o quanto tive vontade de te matar e fazer com que ardesses no inferno e a memória da tua existência, de repente, se apagasse para todo o sempre da mente de todos pelos quais cruzaste as vidas.
Enganaste-te no caminho de volta e não te mostraste preocupado. Teria sido de propósito para estarmos apenas mais um bocadinho lado a lado?
Falámos de coisas parvas e outras sérias, eras a minha escola e a tua frescura fazia-me tão bem, fazias-me rir e divertias-me como poucos o fizeram. Falávamos de tudo e eu confiava tanto em ti quando eras apenas tu. Quantos não foram os momentos em que não podia e olhar para ti e simplesmente dizer que te amava com toda a minha alma.
Era tão forte, tão grande, tão imenso e tão profundo, que quando volto ao canto da minha memória em que te encontras, consigo viver tudo de novo como se tudo tivesse acontecido ainda ontem.  
Eras a fonte do meu maior amor e mais profundo ódio. As exigências insanas tomaram conta de ti tantas vezes, que em todas elas tive vontade que te fulminasses e sangrasses até te sucumbires.  
Nos momentos em que te amava e desejava ter-te só para mim e ser só de ti, várias vezes pensei que não me importava de te aceitar, pois sabia o quanto me amavas, mas o quanto impossível de concretizar eram os nossos sentimentos. O mundo nunca nos iria dar tréguas e muito menos compreender o que quer que fosse, seria como que uma hecatombe rebentasse no cérebro até dos mais iluminados.  
Mas o quanto nos esquecemos do mundo e o quanto quisemos estar juntos um do outro sem que o mundo alguma vez desconfiasse. O quanto intensos, escassos e eternos em simultâneo foram esses momentos em que nada impedia de mostrarmos o que sentíamos um ao outro, sem uma palavra sobre o assunto, apenas um olhar, a alegria contagiante, os momentos tornados tão especiais como apenas nós dois conseguiremos decifrar, viver e entender.
Tinha que ser escrito um amor assim tão grande, tão imenso, que perdurará no tempo.
Fomos dos amores mais sinceros que jamais existiram. 
Amei-te tanto, mas tanto e odiei-te ainda mais, até mais não poder.
Quanto amor e dor me fizeste sentir, que não existe história.
Fomos feitos um para o outro, mas ficámos afastados um do outro.
Deixaste na minha memória o mesmo ódio e o mesmo amor que alguma vez na vida eu conheci. 
Muitos passaram, mas que soube eu do amor desde aí, o que era ser-se amado, desejado, admirado como tu o fizeste. Quem passou não passou de uma sombra muito pobre e ténue do teu amor, da tua paixão, do quanto me quiseste.
Hoje estás feliz, porque descobriste quem te amasse, não sei se tanto, tão verdadeiro e puro como eu, mas é um amor à sua maneira.

Ai de . . .

Ai da luz que se apague,
Que o tempo amargue,
E que eu te largue.

Ai o que eu não veja,
O que quer que seja,
Mas que seja.

Ai do sentido que seja dado,
ao que não tem que ser dado,
ao que se fez pobre coitado.

Ai dos olhos postos em mim,
Que me querem assim,
Mesmo que eu não seja assim.

Ai de ti que me deixaste assim,
Mas cuido de mim,
Do que não sou sem ti.

Ai de ti que te deixaste assim,
Por te despojares de mim,
Porque tudo tem um fim.



Somos e seremos eternos enquanto o que nos move mover

Preciso de uma paixão, uma paixão daquelas que nos deixa a flutuar em cada passada que damos, nos faz sentir sair do corpo e vaguear para lá do universo, para lá de tudo onde nos sentimos entre o tudo e o mais que tudo, entre a plenitude e o complemento de tudo.
Quero uma paixão forte e intensa que dure para sempre e dê mais vida à minha vida, que dê mais sangue ao meu sangue, que queime a escuridão e me encha de luz eterna e amor que jorre sem se esgotar.
Quero abrir-me ao mundo e ser maior que ele para que caibas dentro de mim, para que sejas parte de mim  eu de ti.
Quero ser única e inigualável, louvável e admirável e inesgotável.
Quero que sejas tu onde quer que estejas.
Sabes que existo mesmo que ainda não me tenhas visto, mesmo que tudo pareça tão distante como as pontas do Universo.
Estamos de costas viradas e de frente para o mundo onde estamos, distantes por um nada, apenas  Universos e mundos separados, porque ainda não chegou o nosso tempo.
Eu movo-me em direcção a ti e tu em direcção a mim, mas não sei quem és e tu não sabes quem eu sou, apenas sabemos que existimos em qualquer parte do globo.
Eu escrevo-te e tu escreves-me canções de amor que prometes serem para sempre.
Eu escrevo-te dizendo que sei que existes e que esperas o nosso reencontro prometido há muito pela eternidade, pela história do mundo, pela história dos grandes amores que se procuram eternidades, reencontrando-se e buscando-se enquanto a eternidade existir.
Sei que me esperas assim como eu te espero, não importando a nossa idade, o tempo que falta para definitivamente ser eterno desta vez, como todas as outras vezes que tornámos eternas.
Sei que voltarás a fazer-me feliz como tantas outras vezes o fizeste, como tantas vezes o sentimos como sempre sentiremos sempre que voltarmos das nossas viagens pelo tempo sem espaço e pelo espaço sem tempo. 
Somos e seremos eternos enquanto o que nos move mover, porque o que nos move é eterno assim como a nossa eternidade!

Descoberta de algo óbvio

Fiz uma descoberta fantástica que muitos poucos tiveram a capacidade de perceber.
Divulgo-o com tanta alegria como se tivesse nascido de novo, mas num novo mundo!
É como se tudo passasse a ter sentido claro como a água e transparente como o vento.
É tão magnífico, que mesmo aqueles que ainda não descobriram a profundidade do que vou dizer, ficariam de boca aberta com a simplicidade e talvez evidência óbvia do que vou transmitir.
Aquilo que podemos dar a alguém pode ser bem superior ao que se recebe, mas muito mais pode ser o que se aprende com o que se recebe que a sua dimensão material. A relação entre bem material e bem interno nem sempre tem a mesma proporção, como todos nós sabemos, depende o que cada coisa representa para cada um de nós.
Mas o que me trás aqui agora é bem maior que tudo isto que vos estou a escrever. Falo daquele que se deixou crucificar por todos nós, aquele que se dava com todas as classes, com todos os tipos de carácter, com toda a estirpe de pessoas, sem julgar quem quer que fosse.
Mas como é possível darmos-nos com ladrões, criminosos, prostitutas, sermos amigos de quem excluímos da sociedade? Como?
Tão simplesmente, da forma como gostamos de ser vistos, como um todo!
Eu sei que para muitos de vós isto é tão óbvio que até as crianças o percebem, mas a questão é bem mais profunda que a sua aparência óbvia e simplória. 
Proponho-vos um exercício, quem convidaria um ladrão ou um criminoso de qualquer outra ordem para entrar em vossa casa?
Ninguém, pressuponho, a não ser que tenham por algum motivo, interesse nas suas atividades e aí sim, percebo a abertura a estes indivíduos . . .
É realmente demasiado básico o que vou escrever, mas por estranho que pareça ainda existem demasiados milhões que não alcançaram este raciocínio. É que esse Alguém que apertou a mão aos excluídos da sociedade e "fracos" fê-lo porque sabe que somos criaturas magníficas cheias de capacidades, mesmo que o nosso lado menos bom seja o que brilha, mesmo que não deixemos ver a olho nu o quanto maravilhosos podemos ser, os milagres que podemos fazer. Jesus de Nazaré viu isso há quase 2012 anos atrás!
Temos mãos, pés, cabeça que usamos diariamente, mesmo que o nosso carácter seja tão aparentemente desprezível, que nem os vermes querem trincar a nossa carne depois de sepultada. Ele viu para lá disso, viu o que podemos fazer, ser, contribuir quando alcançados e Ele alcançou-os a todos, os bons, os maus, os melhores, os piores e mais quem viesse por bem ou por mal.
Ele quis mostrar que podemos construir um mundo perfeito com todos os que são imperfeitos. É o cada um de nós tem de melhor que conta, o resto é adorno.
Ele tem a capacidade de fazer vir ao de cimo o que cada um de nós tem de melhor, é isso que importa, tenhamos 5, 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90 ou mais anos!
É isso que vai faz a diferença!
Nos próximos milhares de anos continuaremos a ser iguais a hoje, quer queiramos ou não, mas o melhor bem que manteremos será a capacidade de transformar e fazer transformar, reciclar e fazer reciclar, porque continuaremos a ter ladrões, prostitutas e outros criminosos sejam estes que estirpe for!
O que temos de pior é o que temos de melhor usado nos momentos errados e falta de compreensão do que realmente somos e em que podemos contribuir com o que cada um de nós pode dar, sendo feliz! 
Jesus de Nazaré fê-lo e viu o Homem no seu todo.
Queremos também consegui-lo e fazer-lo?

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Estou aqui, mas não estou

Parar e reflectir, de novo sobre tudo, reavaliar, verificar o que realmente importa, quem realmente importa.
Não é demais parar, excluirmos-nos por momentos do mundo e rever quem é quem, quem faz falta a quem, o que importa para quem e não ter medo de nada, não ter medo da solidão, não ter medo do mundo. 
Afinal, tantas vezes estive sozinha no mundo e agora é voluntariado, retiro espiritual ou existencial intencional.
É neste momento o que necessito sem imposição de alguém ou de quem quer que seja, sou eu que me imponho a mim mesma, porque sinto necessidade disso neste momento. Não dizer nada a ninguém, pura e simplesmente viver e estar comigo entre os outros, o que é bem diferente de nos sentirmos sós no meio da multidão, é estar no meio dela e não os sentirmos sós, sermos apenas mais uma pessoa entre tantas que vive no mundo.
É estranhamente saboroso esse estado de não precisar de ninguém, é o culminar de tudo, porque não é imposto, é uma necessidade que vem naturalmente de mim. É o estar não estando, é o até logo que já venho, eu estou aqui, mas agora não estou.
É o cortar com velhos medos da solidão, porque quem realmente gosta de nós respeita e compreende. É o momento de viver o desafio de enfrentar esses velhos e incomodativos companheiros.
Vida social é algo que tem que ser saudável. Se não sou uma pessoal mega social, é talvez porque me preenchi comigo. Esses momentos têm o seu timing e quando tiverem que voltar, assim voltarão. Mas neste preciso momento é viver o agora sem pânicos, angustias ou mágoas, porque não há espaço para elas, a vida é demasiado longa para ser ocupada com tantas tristezas e sofrer durante tanto tempo . . . não me parece.
Portanto, estou aqui mas não estou, estou no meio da multidão, mas apenas mais uma sou, vou peneirar a minha vida e ver o que resta, o que sobra, e com tudo isso fazer a minha maior fortuna interior.
Até logo . . . que eu já volto ;)   

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Pérolas a porcos e tempo precioso perdido

Como são frágeis os egos rejeitados, feridos pela própria falta de coragem, pela própria incapacidade de perceber que só se é objecto quando se quer tirar prazer de se ser objecto.
Quão desnecessária é a zomba de quem não sabe ser Homem com "H" grande, de quem não sabe ser digno de respeito pela sua condição de amigo. 
Ainda bem que tens muitas amigas com quem possas ser quem és sem reservas! . . . pelos vistos o tempo que te permiti seres quem és na tua plenitude, foi um desperdício completo! 
"Pérolas a porcos . . . e tempo precioso perdido!", diriam alguns!
A quantos de nós é dada a liberdade de ser quem realmente somos e ainda aceitarem-nos, simplesmente, porque somos como somos? 
Pergunto o que significa "(. . .) Tu para mim és um amigo, vejo-te apenas como um amigo!"?
Será que a eterna tentativa do homem deixar os seus genes, não o deixa ver que há várias fémeas e que estas dão sinal ao macho quando estes podem invadir o território sagrado?
"Mas o que é que achas de mim, achas que sou bonito?. . . se não me conhecesses e me visses na rua   . . . como é que me descreverias? . . . o que é que em mim atrai as mulheres?". 
"(. . .) mas, porque é que nunca nos envolvemos?", a pergunta que confirma percepções aproximadas à evidência, umas negadas outras nem por isso, que de repente deixa a sensibilidade a quilómetros a mente e a crueza da verdade à tona. A resposta tola, sem nexo, repleta de disparate por forma a dissuadir de ideias menos apetecidas, com concretizações ainda menos possíveis de acontecer, toma vida e vibra nos meus lábios, tornando-se num som incomodativo que prescindia de ter de produzir.
Sempre podia mentir e deixar no ar a esperança de uma aventura tórrida, uma promessa por cumprir, uma fantasia a realizar, mas não consegui, estaria a boicotar a minha própria vontade com um desfecho imprevisível e de certeza nada prazeroso.
A abertura de espírito, não se leia abertura de pernas!
Eu aceito e compreendo o que faz a reposta de rejeição, mas estes espinhos também deambularam pela minha vida, por muito tempo, sem que eu as desejasse e não foi por isso que humilhei quem me rejeitou . . . ninguém pode obrigar-me a ser o objecto sem que eu o queira ser!
Sexo? . . . Sim, com sentimentos de paixão, amor, desejo, naturalmente . . . não sou uma vagina ambulante, pronta para a acção assim que solicitada. 
Que mal vem ao mundo não querer me envolver com quem não desejo, com quem não desperta tais luxurias da carne?
Um ego masculino ferido e rejeitado tem mais farpas e lanças afiadas que uma tribo canibal e parece-me que o teu atingiu o apogeu do desabamento!
Tenho pena de ti!
Que fique bem claro que me sinto muito feliz por não ter que recorrer aos serviços disponibilizados pela tua "amizade", pela tua "consideração" por mim, pois sinto-me feliz porque posso escolher o que quero.
Para se dançar um tango são precisos dois e não me parece que algum dia venhas a ser o meu par! 

domingo, 13 de maio de 2012

Porque estás e estarás para sempre dentro de mim

Agradeço-te existires, porque me sabes ler, porque adivinhas os meus sonhos e abres o caminho para eles.
És não a musa, mas o sentido, o caminho , o chão onde os meus passos se movem seguros e confiantes.
Dás-me alento e coragem para  voar sobre oceanos, mares, glaciares sem ter medo de cair, e mesmo se cair, sei que não vou gelar nem afogar.
És o Sol, a Lua, as estrelas, tocas-me mesmo quando não estou perto de ti, porque és o berço do arco-íris da minha vida, porque não preciso de te ver para seres a minha fonte de Luz.
Estás e estarás onde quer que eu vá, porque és céu, tecto, a água que me mata a sede e ar que respiro.
Porque passaste na minha vida, deste sentido ao que estava perdido, deste vida ao que faltava, ao que eu pensava ter deixado de existir e saraste feridas ancestrais.
Não importa que não fiquemos juntos para sempre, porque o que me deste e transformaste ficará para sempre. Tu és e serás eterno e eu grata para sempre. 
Não me importo que saibas que te quero ao pé de mim mesmo que seja impossível, que te quero perto da minha pele, porque da tua pele respiro, que preciso de te ouvir rir e ver sorrir, porque me diluo no teu riso que me embriaga, porque estás e estarás para sempre dentro de mim.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Quanto mais tempo vai isto durar?

Quando dói, dói, não interessa se é pai se é mãe ou de onde vem, mas quando a ferida abre, todo o sistema que não existe não atua, por isso mesmo, porque não existe. 
"A história repete-se !", dizem alguns, "o que ainda não está resolvido e ultrapassado volta sempre e volta a repetir-se enquanto não se resolver interiormente!". . . é aqui que entram todas as teorias psicanalíticas, espirituais, analíticas e outras que tais.
"A culpa é sempre do indivíduo, porque atraiu o que tinha que viver, o pensamento negativo atrai coisas negativas, faz parte da aprendizagem, da sua evolução, fez algo na outra vida e está a pagar agora, está a viver o oposto, porque para evoluir tem que vivenciar os opostos, para poder escolher, é o karma e o darma, foi o que se escolheu antes de entrar no corpo em que encarnou para viver uma nova viagem, uma nova passagem!", e por aí adiante, entre outras que não me lembro agora, mas o que é certo é que dói!
"Tens que largar as saias da tua mãe! 
Tens que ser emocionalmente independente, não podes estar à espera que a tua mãe esteja sempre para ti, tens que deixá-la viver a sua vida, tem direito a isso, e se não tivesses a tua mãe perto de ti e contactável? . . . tens que aprender a superar e a resolver tudo sozinha, pela tua cabeça, e se tivesses filhos? . . . já tens idade suficiente para isso!".
Está tudo muito certo, é tudo muito bonito, mas e quando a nossa mãe tem que escolher entre nós e o companheiro?
E quando o companheiro mostra afectos que não era suposto mostrar?
E quando uma mãe para não perder o afecto do companheiro nem a sua existência, não consegue deixar bem ciente que há coisas que só dizem respeito a uma mãe e a uma filha, as chamadas conversas de mulheres?
Mas filhos fazem parte de opções? Escolher entre filhos e companheiro? Quando deixamos de ser filhos?
E quando o companheiro é um ser frustrado que tira proveito das suas frustrações para controlar a vida de todas as pessoas à sua volta, inclusive a relação entre mãe e filha?
E quando após o esforço de um filho para conquistar a sua mãe, ela fá-lo sentir-se como algo que se escolhe ou se põe de parte?
"Foi as escolhas que fizeste para esta vida, no plano etéreo escolheste viver essas experiências!". Olha que alívio! . . . já me sinto muito melhor! . . . que bom que é sofrer e sentir ser posto de lado. 
Quanto mais tempo vai isto durar? 





segunda-feira, 7 de maio de 2012

Realidade e ilusão

O coração não mente, deixa-nos atónitos com as suas verdades que a ilusão tenta iludir, mas o coração diz mesmo a verdade se a quisermos ouvir.
Fala tão alto ou tão baixinho quanto a nossa ilusão nos permite ouvir.
A ilusão é a euforia que toma conta de nós, porque queremos estar eufóricos, como uma droga que se apodera de nós e que não queremos largar, é viciante.
Viciamos-nos no desejo de desejar e de ser desejados, é uma droga que nos adormece a razão e faz perder a noção da realidade, porque é bom demais para ser verdade.
Procuramos esse estado de alucinação, deixamos o corpo ir, não se detém aos prazeres prometidos ou iludidos. 
É um mergulho no éter, no êxtase das mil sensações que não nos querem deixar descer à realidade, deixando se ser quem somos passando a um estado de imensidão e infinito, o Sol está dentro de nós, mesmo que estejamos nas catacumbas mais escuras da realidade. Há luz, porque esse estado de demência acorda-nos quando antes havia sono, o corpo quebrado e adormecido sem vontade de se mexer, onde o esforço era uma constante desabrocha agora o sorriso sem que seja solicitado, todo o rosto sorri, os olhos brilham e cheira a primavera, porque se está feliz.
Que a realidade tome e absorva a ilusão e o que era ilusão passe a realidade. Assim não mais os corações serão flagelados pela dura realidade oposta à ilusão, não mais haverá razão separada do coração e as fantasias passaram a ser condimento da emoção.

domingo, 6 de maio de 2012

Fugir

Fugi para não fugir de mim,
Tentei esconder-me, mas não consegui,
Tentei escapar, mas fui apanhada,
Nuna curva traiçoeira e quase num nada.


Sim, nada!
É estranho ser tão nada?
Não, não é estranho,
Para quem vive no estranho,
Ao nada que me agrada.


É um jogo de palavras confusas
Baralhadas e perdidas,
Confissões negadas e embebidas
Quase quebradas e sem vida.


Neguei-me ao que não era meu,
Para mais tarde me dissipar, 
Entre as brumas e promessas,
De um mundo que empalideceu.


Fujo e fugirei,
Até voltar a me encontrar,
É certo que me encontrarei, 
Como sempre me gostei de achar


Nas horas em que me encontrar
Por certo não estarás aqui,
O que importa é que ao voltar, 
Eu esteja feliz para mim.

Lobo ferido

Como és frágil e sensível, senhor do seu nariz!
Admirável inteligência com um ego maior que este mundo, "preenche-me . . . não me deixes vazio!!!
Suplico-te que não me deixes ferido!
Olha que eu sou um lobo e um lobo ferido é mais feroz que uma manada de touros enfurecidos! 
Pensas que és mais esperta que eu? 
Tu apenas fazes o que eu quero que tu faças, deixando-te pensar que tu é que tomas as decisões, a isto chama-se maeutica e são muitos anos de prática!
Apenas desci a ti, porque não consegues acompanhar-me, és uma criança e eu um adulto!
Dizes coisas sem nexo, coisas parvas que não têm jeito nenhum e as tuas piadas não têm assim tanta graça!
És demasiado miúda . . . tens corpo, mas a tua cabeça é oca, não és assim tão esperta como eu pensava!
Achas que és a única gaja que há à face da terra . . . o minha amiga, ainda tens muito que aprender . . . ainda não amadureceste e não te esqueças que este mundo não é para platónicos . . ."
Meu caro, lamento informar que o Peter Pan era alguém que não cresceu e do sexo masculino!
Eu avisei-te, apaixonei-me e fujo das paixões como o Diabo da Cruz mesmo que seja apanhada por elas.
Afinal o que querias não te foi dado quando e como pretendias, esqueces-te?
Eu deixei as coisas bem claras e pus as cartas na mesa, eu joguei cartas e tu jogaste xadrez, jogámos em jogos diferentes.
És o estratega que não calculou bem as jogadas e teve excesso de confiança, ou será que apostaste no cavalo errado? Ah! . . . Desculpa, tu é mais alcateias . . . E eu volto a pedir-te desculpa por não ser uma loba!
  

sábado, 5 de maio de 2012

Xeque Mate . . .

Tal como vieste, assim te deixei fugir. Não me importo.
Assim exististe como deixaste de existir. Não me importo.
É mais importante a tua passagem que teres ficado. Não te podia ter.
Quis ser tua no momento em que me apeteceu ser tua, mas não fui. Pensava que era.
Sabe bem saber que foste meu à minha maneira, como eu quis que fosses, não mais que aquilo que foste.
Não me arrependo de não ter sido, de facto, tua, mas aquilo que eu queria que fosse foi.
Não me arrependo de ter falhado cada vez que falhei, não me importo de ter deixado de estar quando deixei.
Não me arrependo de te ter deixado pendurado quando assim teve que ser.
Soube bem a ilusão de seres meu por instantes breves, simplesmente soube bem.
Poderás dizer que eu sou louca e que não jogo com o baralho todo, mas afinal que seria de mim se assim  não fosse.
É mais forte que eu dizer, ainda bem que nunca fui tua, verdadeiramente tua, porque não sou de ninguém, sou de quem me apetecer pertencer e quando assim o desejar.
És a pertença que eu já não quero ter. Desiludiste-me. Já não sonho mais contigo. 
Deixo o teu riso e sorriso guardado num baú à vista de todos, de maneira a ninguém te veja, mas que se saiba que deixei de dar esse sorriso e esse riso a alguém.
Não foste tu que me fugiste, fui eu quem te deixou escapar sem qualquer mágoa ou tristeza. 
Fizeste o meu jogo pensando que eras tu quem comandava e esqueceste-te que eu sem saber aprendi a jogar xadrez.

Xeque Mate!



sexta-feira, 4 de maio de 2012

Estranho conhecido

Sigo-te, penetro-te com a força de quem quer viajar para fora do mundo, para longe de mim, para longe de tudo.
Suavizas os meus medos profundos de tudo e deixas livre o meu caminho de gavião.
Escolhes ser tu mesma a seres quem queres ser e olhas em teu redor, o que está perdido de si mesmo num grão de areia pura e densa, calma e intensa solidão,.
É o mundo, o planeta que te rodeia e te deixa rodopiar por entre as arestas em que brincas como uma criança crescida, aos papás e às mamãs sem saber nada da vida.
Finges que és descoberta com o ar de espanto de criança no seu vestidinho branco com uma barra azul cetim na borda da saia, com o seu lacinho vermelho vida na cabeça, segurando os ondulados e longos cabelos alourados.
Divertes-te como uma criança vil de tanta ingenuidade e espreitas por entre a cortina branco linho do palco no meio das nuvens.
Estás no céu e brincas como uma criança pura que se esconde e aparece, que espreita de curiosidade.
Brinca mas não te deixes perder pela vida, pelo mundo incerto e desconhecido que acorda ao acaso e acorda o acaso.
Bebes da minha pele gasta de tanto viver uma vida após vida, de vidas vividas e entristeces-te ao descobrires quem sou eu.
Sou quem te sufocava as noites não te deixando dormir, acordando quando a minha tesão vil te despertava desejos cultos.
Fiz-te sentir os orgasmos intensos enquanto dormias, aproveitei-me da tua beleza, já que mais ninguém ousaria.
Deixei-te nos teus braços a dúvida de quem seria, mas enfim descobriste, porque jamais te mentiria.
 

Em palavras . . .

Demais são as vezes que eu penso que partiste sem deixar rasto ou razão para te ver.
Vastas são as noites que te deixo partir sem palavra deixares para trás.
Sem medo vou avançando , pela noite, pela penumbra, pelo vão de escada que deixo para trás.
És a voz que eu queira consolar nos gritos de noites vastas, largadas ao luar do incenso no ar.
Vejo-te como a penumbra sozinha sorrindo e descendo a montanha que fica a norte num deserto cálido.
É um cravo esperto que arranco de um jardim de flores floridas com cheiro amazónico.
Deixaste-te levar pelo vento do inverno que nunca mais findou assim que chegou por perto.
Deus te deu muitas noites em que te sentiste perdida à luz de uma lamparina velha, em escassas palavras acesas no meio da escuridão oferecida pelos juízes da noite.
Deste beleza à palavra, enaltecestes a alma que vinha pelo correio e deixaste-te ir.
Vem a luz, vem o suor, vem a quimera que te arranca da pele, diz ele nas suas palavras escondidas, atrás dos sons das palavras escondidas, atrás de tudo o que existe e tem que existir.
Garanto-te que não mais terminarás a palavra acesa, que não mais deixarás de ser o que em breve e um dia serás.

Quero o teu colinho

Senti a tua falta. Não sei se foi apenas a falta de colinho que me acordou para ti. São daquelas coisas que não se espera, mas que é bom sentir.
Vi-te dirigires-te até mim, no teu ar descontraído de quem a alma transborda o corpo e o tempo. 
O teu sentido de humor incendeia-me mais que a minha paixão por ti. Eu pertenço-te, porque quero ser tua e tu pertences . . .
Derreto-me no teu riso, desfazes a minha carne com as tuas palavras, enterneces as minhas arestas e mostras-te aberto a mim.
Adoro ouvir o som da tua voz, o xadrez sem mesa, adormeço ao som da tua boca.
Sabe-me bem pertencer-te e ser comandada por ti, porque comandas-me para onde desejo estar . . . os teus comandos são ordens de realização dos meus desejos, mesmo que penses que eu vou para onde desejas.
Como me sabe bem sentir saudades tuas, como me sabe bem saber que te vou ver, como me sabe bem saber que te vou agarrar com os meus braços e sentir-te entre os meus dedos.
Queres sentir o fogo da minha paixão e a força do meu desejo que te vão deglutir, consumir o suco do fruto do teu desejo, refrescar o teu corpo nas minhas gotas de suor.
Quero o teu colinho, quero sentir-me dentro da conchinha protectora, quero que os teus braços me abracem e me escondam do mundo. 
Quero adormecer nos teus braços enrolados em mim, sentar-me no robusto das tuas pernas, colar o teu tronco no meu e fazer de conta que ficaremos assim para sempre.
 

Fomos tudo e não fomos nada


Era tarde demais, já tinha o corpo e a mente adormecidos nesse balanceio, perdidos à deriva sobre uma nuvem.
O chão fez-se céu e não mais sentia pisar, soube as nuvens deslizei sonhando que dançava, sonhando que apertavas o meu corpo contra o teu, deambulando para a frente e para trás os passos mágicos e hipnotizantes, fechei os olhos e deixei-me ir no teu balançar.
Dancei nos teus braços e quase que quis que me arrastasses para longe dali. 
Senti uma vontade, a custo controlada, de te tomar e provar o quente da tua boca. Deu-me vontade de te sentir como nunca senti.
Senti-me leve como uma pena, muito leve, por momentos entrei dentro de ti onde só havia a música que te embala, a música do teu balançar, o calor que sentia percorrer o meu corpo, o êxtase no ritmo encostado, a denga do deixar ir, por momentos éramos tu e eu.
Um furacão anunciado se irrompeu e não éramos mais eu e tu, a terra abriu entre nós e a minha esperança de te ter novamente nos braços se fulminou num ecoar estrondoso e firme de posse por um trono . . .
Não mais éramos amantes platónicos e cúmplices, deixei-te ir e servi-te numa bandeja a quem te agarrou e não mais largou.
Voltámos a estar lado a lado, quase frente a frente e estranheza em ti tentei criar, enquanto os teus dedos distraídos escorregavam lentamente sobre a minha pele até pele não existir.
Fomos uno e amantes por breves momentos, um só, em uníssono, cúmplices dos mesmos desejos que eternizei na minha memória.
Fomos tudo e não fomos nada, um nada que se eternizou num por enquanto. . . 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Tempestade que vem do mar

O que queres, não sei,
O que pensas, tão pouco imagino,
O que te move, o teu ego, 
O que precisas, de ti . . .

O que queres que eu pense, não vou pensar,
O que queres que eu sinta, não vou sentir,
O que queres que eu queira, não vou querer,
O que queres que eu diga, não vou dizer . . .

Só gostas do que é teu, do que vem de ti, do que crias, do que inventas, do que manipulas. 
Não sou domável, um animal selvagem continuará para sempre selvagem . . .
Caminhas por entre o vento, por entre as tempestades, fazendo tu parte dessas tempestades, mas todas as tempestades passam . . . e onde estarás quando a intempérie passar, quando o vento amainar?
Deixas de estar, porque és tempestade que vem do mar, estás enquanto dura a electricidade no ar, divertes-te no meio do caos, porque o caos é a tua praia, é o teu lar o Inverno.
Duras o tempo que durares, existes o tempo que existires, mas nunca deixas que te prendam, não te deixas prender, porque deixarias de ser vento, tempestade, reboliço eléctrico que vem do mar.