quinta-feira, 26 de abril de 2012

Não sonhei assim, mas assim é bem melhor que o que sempre sonhei . . .

Não foi assim que eu sonhei, não foi assim que eu tinha previsto, não assim desta forma, tão conquistada.
É a conquista que tem o verdadeiro sabor da vitória, é bom ser-se conquistado. Não tem sabor porque ainda não o provei e não quero imaginar qual seja . . . quero apenas que seja.
Consegues aguardar? Consegues esperar por mim?
Estou quase a chegar lá, ainda não chegou o momento certo, apesar de eu já o estar a ver, porque ele existe e está pacientemente à espera que eu lá chegue.
É como uma viagem de comboio em que sabemos que faltam poucas estações antes da chegada, numa manhã de sol, por entre os eucaliptos de uma terra mediterrânica, onde cheira ao aconchego da casa de férias na infância. Espreito ansiosa com a cabeça de fora da janela e cheiro o ar quente, mas agradável, misturado com o vento fresco da deslocação do comboio. Cheiro o ar e mais o meu peito sente vontade de chegar de estar, apartada por ti, o meu parque de diversões, a minha areia da praia onde me apetece rebolar, o mar onde me apetece banhar até me esquecer de mim, o sol que me aquece, me bronzeia e me enche de mim.
Não sonhei assim, mas assim é bem melhor que o que sempre sonhei . . .

segunda-feira, 23 de abril de 2012

És o que és

És escrava do tempo, és escrava do nada, porque o nada te assusta.
Não deixas que te queiram como sangue-sugas, sem vergonha da vida que escondem às claras e à vista de todos.
Tudo está à vista de todos menos à tua. Escondes ou julgas que escondes, quando só tu não sabes que não escondes. É certo, é errado, deixo que sejas tu a escolher.
Deixas tudo bem claro no intuito de manter algo escondido, mas o único que não sabe que não esconde.
É chato? É.
Não é a mim que mentes, não são aos outros que iludes. É a ti mesmo sem julgares que estás certo ou errado, apenas estás e estás onde te apetece estar, porque és o que és e me obrigas a dizer aquilo que és. Mas és tu quem é, por isso te digo, és o que és. 

Sinto-me o escritor pobre

Sinto-me o escritor pobre. Tem um ego do tamanho do universo e dois feridos. Não há quem o console. Tudo é pouco ou mesmo nada. Nada lhe dá alegria mesmo que esteja paupérrimo. Quer tudo de tudo menos o que não lhe agrada. Caminha doce no meio das trevas, da penumbra e entra pelo dia a dentro.Sente-se triste porque não gosta mais de pessoas, sente-se só e triste. Nada o consola que não sejam as suas letras, as suas tristes letras que falam de coisas que nunca quis, nunca quer e nunca irá querer. Conhece o mundo aos poucos, muito poucachinhos, porque o seu ego não lhe permite ir mais longe. Abrange o mundo, mas não se deixa abranger por ele. Ingrato. Não sabe agradecer os ecos mudos de quem quer falar sem o perturbar, não reconhece quem de mão estendida o tenta ajudar sem nada que peça em troca. Quer tudo e não quer nada menos aquilo que não lhe agrada.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sorri

Sorri,
Sorri sempre de peito aberto,
Mesmo que o futuro se mostre incerto,
Mesmo que te sintas no meio de um deserto,
Mas sorri.

Sorri para ti, para mim, mas sorri,
Se for caso ri,
Mas ri bem alto,
Para que todos te ouçam,
Mas ri.
Ri com vontade, com ternura, com sinceridade,
Mas ri.

Ri e sorri,
Nem que seja para não chorar,
Nem que seja para não julgar,
Nem que seja para lágrimas parar,
Mas sempre que a tua alma te deixe,
Mesmo que o mundo não compreenda porquê,
Ri, sorri, sorri e ri . . . mas Sorri!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Esta noite tive um sonho

Esta noite, manhã, o que seja, tive um sonho. Caminhava num lindo dia de Sol, sobre um caminho de pedras de basalto lisas, bem alinhadas umas nas outras, mas com subtis espinhos sobre elas. Arbustos espinhosos assumiam-se por entre as pedras e os meus pés estavam frios. Cada passo era mais tortuoso que o outro, até que tive que parar e massajar os pés um pouco para aliviar a dor.
Vi encostas de catos de folha longa e pessoas que os usavam para voar, nesse mesmo dia, estranho dia de Sol. De repente já tinha calçado nos meus pés e podia caminhar. Descalcei os meus sapatos, num edifício onde se praticavam esses voos. O chão era de tijoleira lisa e escura, no mesmo tom do basalto, mas já não sentia o frio nos pés. Já não estava num chão espinhoso e mesmo descalça podia caminhar.
Tinha a minha mãe comigo muito atarefada na sua nova actividade e não parava um minuto ao pé de mim. Mais tarde esperava por ela e já ela tinha ido não sei para onde, fazer não sei o quê, mas era suposto ter esperado por mim. Afinal eu também estava ali.
Mais uma vez estava eu sozinha, perdida e descalça.
São assim os caminho no mundo para quem nasceu com o mais que os outros e menos que os outros, para quem nasceu com o Inverno e o Verão dentro de si, para quem tem o tudo e o nada nas suas veias, para quem é o máximo e o mínimo, para quem com os extremos tem que viver numa luta constante  tantas vezes desigual e nada equilibrada.
Para alguns não é assim a vida?

domingo, 15 de abril de 2012

Todos os dias nos podemos apaixonar por quem somos

Podia ler-se em qualquer livro sobre muitas coisas do coração, da alma, do corpo, sobre tudo o que nos enche o peito e nos faz acreditar que vale a pena acreditar que se deve acreditar que tanta gente está cheia de parcelas de nós, de ti, dele, dela, de mim, mas que elas existem. Agora juntem todas essas parcelas . . .
Quantas mais parcelas de nós encontramos e com elas nos maravilhamos, mais de nós gostamos . . . É o verdadeiro reencontro connosco . . . nós somos parte do que vemos!
Todos os dias nos podemos apaixonar por quem somos ou por uma das nossas mesclas. 
É o belo das coisas quando elas são sinceras, honestas, puras, verdadeiras, tal como devemos ser connosco, mas quando essa verdade não existe no reflexo do espelho, podemos gostar ainda mais de nós, porque na verdade ainda somos mais fabulosos, porque somos verdadeiros connosco e quem nos olha vê-lo.   
Mas continua a ser belo ver pedaços de tanto que  somos, como peças de puzzles espalhadas pelo mundo do que mais gostamos em nós, é o reencontro, é o verdadeiro reencontro, estando connosco através de alguém, mesmo que esse alguém tenha, seja apenas uma parcela de nós.
Na sua forma oposta também somos, temos o belo!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Sê forte, belo e corrosivo . . .

Mais forte é aquele que não se esquece de si mesmo.
Mais belo é aquele que se embeleza não se esquecendo a beleza dos outros.
Mais corrosivo é aquele que se entrega ao que os outros não se entregam, sem se deixar melindrar.

Sê forte, belo e corrosivo . . .

Quando o mundo te pede que te odeies e desvalorizes, que te inferiorizes e te envergonhes do lado bom e puro que tens;
Quando a cinzentura te impede de ver o que há de fabuloso e o que tens direito;
Quando a insanidade capitalista te obrigar a enlouquecer para agradares aos loucos;
Quando os loucos inteligentes, mas não geniais, apenas vêem a sua inteligência e não a sua insanidade;
Quando o mundo esquizofrénico insiste em ser louco e enlouquecer quem se recusa a sê-lo;
Quando todos os olhos deixarem de brilhar, porque brilhas;
Quando deixares de sentir que és visto como gente, como um ser vivo, matéria geradora de matéria, alma e vida;
Quando em nome dos não valores se passar por cima de todos os melhores valores;
Antes de se cegarem de vez os olhos da alma, da mente, do coração e da razão!

domingo, 8 de abril de 2012

Comportamento inadequado

Eu posso gritar o que me apetecer!!!
Tenho Alma, tenho sangue a correr nas minhas veias cheio de vida e de loucura, de coragem para dizer o que me apetece a quem por vezes não me apetece.
Tenho sangue na guelra, sou vivaça, às vezes irrito os outros porque sou assim tão vivaça.
Não tenho noção nem sentido de oportunidade, sou assim!
Falo sem conhecer de quem estou a falar, não tenho mesmo o sentido de oportunidade, perdi-o com todas as oportunidades perdidas.
Falo demais, falo mesmo muito, sobre muito e durante muito tempo.
"Tu não gostas de ouvir, tu só te ouves a ti mesma" . . . "Não volto a dizer!!! (. . .) "O teu problema é comportamental!!!" (. . .) "Tu não conheces as pessoas e a quem elas estão ligadas!!!" (. . .) "Mesmo que sejam desagradáveis, tens que esboçar um sorriso!"
"Não te expresses tanto,  . . . tens o raciocínio muito rápido e fazes muitas perguntas sem terminares nenhuma e ninguém te entende,  . . . quem te ouve pensa que és completamente louca!".
Ups, temos aqui um problema grave: eu ainda não consegui fazer o que fazem as pessoas normais . . . ter um comportamento adequado à realidade onde estou! . . . Mas ainda vou a tempo, espero!
Entrar muda e sair calada, dizer apenas o que agrada a todos, engolir sapos boi, bois e elefantes, ouvir e calar, fazer cada um dos três macaquinhos: não vi, não ouvi e não falo, mas ter 2 ouvidos e uma boca!
Belo mundo em que vivo!
Brindemos em copos de plástico reciclável, porque já nem para o vidro estou à altura!



EU não entendo . . .

Eu posso ser feliz!
Eu tenho o direito de ser feliz!!
Eu posso aprender sendo feliz!!!
Eu não tenho o direito de permitir que me massacrem com crenças retiradas de dentro de uma cartola.
Eu não tenho o direito de me deixar deprimir e andar cabisbaixa a belo prazer de alguns.
Eu não não tenho o direito de permitir que o sofrimento entre pela minha casa a dentro e me deixe de rastos, em cinzas.
Eu tenho o direito de me rir AH-AH-AH-AH-AH-AH, ÀS GARGALHADAS em plenos pulmões com a voz alta e bem sonante.
Eu tenho o direito de brilhar, jorrando luz de felicidade mesmo quando o tudo à minha volta está em ruínas.
Eu tenho o direito de ser eu mesma e não outra coisa que não eu mesma.
Derrubem-se os muros de tristeza!
Rasguem os céus com uma espada em chamas por entre a escuridão e tragam de novo a luz de um belo dia!
Sufoque-se a ganância e a dor por ela causada e redistribua-se a fonte da vida!
Espalhe-se pelo mundo a arte de ensinar pessoas a serem pessoas, a arte da multiplicação de valores válidos e salutares!
Reinvente-se a fonte de lucro!
Que seja reutilizado o reutilizável!
Que as únicas armas sejam o conhecimento, a inteligência e a sabedoria!
Que as únicas guerras sejam de almofadas em festas de crianças!
Que a competição pela partilha - quem consegue partilhar mais - e não pelo egoísmo - com o consigo mais só para mim!
Que todas as pessoas contribuam, porque todas receberão!
Que seja abolido o capitalismo desenfreado, não olhando a meios para atingir fins!
Que o dinheiro seja substituído por uma moeda de troca vantajosa para todos!
Que todas as leis sejam claras sem necessidade de interpretação!
Que a COOPERAÇÃO seja ensinada nas escolas e sirva como guia!
Que o ALTRUÍSMO seja ensinado nas escolas e sirva como guia!
Que a COMPAIXÃO seja ensinada nas escolas e sirva como guia!
Que a HONESTIDADE seja ensinada nas escolas e sirva como guia! 
Que o RESPEITO POR TODA E QUALQUER VIDA ANIMAL seja ensinada nas escolas e sirva como guia!
Que a ALEGRIA seja um imperativo em qualquer actividade profissional!
Que a RESPONSABILIDADE não seja vista com medo, mas com orgulho!
Que o ESPÍRITO DE EQUIPA seja posto em prática e leve à harmoniosa coesão!
Que o COMPANHEIRISMO E CUMPLICIDADE entre os núcleos familiares e sociais seja sólido e saudável! 
ACABE-SE COM TANTA DOR, SOFRIMENTO, COMPETIÇÃO DESENFREADA, GUERRAS SANGRENTAS, GUERRAS PSICOLÓGICAS, GUERRAS ECONÓMICAS, GUERRAS POLÍTICAS, GUERRAS RELIGIOSAS, GUERRAS AFECTIVAS, GUERRAS LABORAIS, GUERRAS CULTURAIS, GUERRAS SOCIAIS!!!!!
NÃO VIVEMOS GUERRAS INTERIORES QUE CHEGUEM?????  
A HISTÓRIA NÃO NOS MOSTROU JÁ SOFRIMENTO QUE CHEGUE?
NÃO NOS CHEGA A TODOS O CONHECIMENTO QUE TEMOS DE TODO O MAL QUE FAZEMOS??????
NÃO MATÁMOS O SUFICIENTE?
NÃO PILHÁMOS O SUFICIENTE?
NÃO FOMOS CRUÉIS E EGOÍSTAS O SUFICIENTE?
NÃO DESTRUÍMOS COM PRETEXTO ECONÓMICO O SUFICIENTE?
NÃO DESTRUÍMOS O MUNDO A TODOS OS NÍVEIS O SUFICIENTE?
NÃO DESTRUÍMOS A CAMADA DO UNIVERSO, QUE NOS PROTEGE DO PRÓPRIO UNIVERSO, O SUFICIENTE?
TODOS OS QUE JULGAM QUE MANDAM NO MUNDO SÃO ASSIM TÃO INCAPACITADOS MENTAIS, PARA NÃO DIZER VOLUNTARIAMENTE MISERÁVEIS OU ORGULHOSAMENTE ESTÚPIDOS, PARA NÃO QUEREREM VER QUE ESTÃO A DESTRUIR O QUE TÊM DE MAIS VALIOSO E FUNDAMENTAL À VIDA?  

EU não entendo!


Não tenho palavras . . .

Já estou farta e cansada de ver cenas tristes que mais parecem tiradas de um filme de violadores. Já não aguento mais ter de mentir e não dizer que tenho de mentir!
É escandaloso demais a vontade que tenho de lhe esventrar as entranhas, só de me lembrar falta de respeito e humanidade desse pacato monstro sem dó.
É um monstro açambarcador. Não poupa a alma, a vida, as vidas.
É horrível ter que esconder uma verdade que só alguns vêem, porque o maior cego é o que não quer ver. Quem sabe e o vê não pode falar, não o pode discutir nem gritar, uns porque não se podem deixar ver, outros porque não podem falar.
É um segredo no silêncio mudo, calado pelas amarras das próprias mãos. Chora de boca selada e mãos amarradas, grita em gritos mudos, gemidos e lágrimas de desespero, em tortura e agonia, porque só Deus os ouve, porque só uns quantos compreendem a dor de se ter de esconder com tanta vontade de gritar.    
Ter de fazer de despercebida, de cega para poupar alguém ao mais profundo e ignóbil sofrimento. Não sei se quem poupo o faria por mim, mas a dor de ver sofrer seria bem maior que este sofrimento.
Será que estou a agir bem? Será que estou a ser pior que o monstro por não contar a verdade? Quem me liberta desta cruz? Quem me livra deste sofrimento e faz o monstro recuar?
Que direito tenho eu de criar infelicidade, mesmo que saiba que seria o mais correcto desmascarar o monstro?
Quantos anos me pareceu que era ilusão minha . . . só agora vejo o que alguém já tinha visto, sem me explicar o porquê.
Ninguém foge ao destino!
Estou a arcar mais uma vez com o sofrimento para não ver alguém sofrer, alguém que não merece sofrer o que eu vejo que iria sofrer!
Estou a fazer bem? Estou a fazer mal?
A revolta que sinto tolda-me a razão.
Não tem vergonha!
Eu sou a filha!!!